O que fazer.

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Capítulo 6.

Mew encarava o teto estaticamente, deitado em sua cama e sem coragem para fazer mais nada. Sua bagagem ainda permanecia no mesmo lugar onde foi deixada por seja lá quem a trouxe, dois dias atrás.

O quarto era maior que o da base, mas ainda relativamente apertado, com um guarda-roupas duplo, uma cama de casal, uma escrivaninha, uma janela mediana, uma cômoda e um baú aos pés da cama. Tudo perfeitamente limpo.

Mew não havia parado para explorar, não reparou na cor da parede ou na cor de sua mobília, fez apenas uma inspeção rápida antes de se jogar na cama e contemplar sua mediocridade.

Desde que descobriu o verdadeiro plano pelo qual estavam ali, não tinha ânimo para levantar. Saber que só havia voltado a andar graças àquela exploração fazia sua mente entrar em conflito.

Ele odiava o que faziam no planeta, detestava saber que era parte daquilo, mas não havia muito o que pudesse fazer por enquanto. Todo dia se levantava e, assim que passava pela porta, assumia a postura necessária para ser o "comandante Suppasit", mas, no fundo, estava assustado.

A culpa esmagava seus ombros, a dor e a sensação de perda faziam com que Mew enxergasse o mundo sem cor. Ele não sabia o que fazer.

Andava pelos corredores com uma expressão fria e vazia, mal havia conversado com os irmãos, era como se conspirassem para que não fossem capazes de se encontrar. Dois dias sem vê-los e Mew estava à beira da loucura.

Precisava encontrá-los, não queria soar desesperado diante deles, mas precisava de alguma coisa para o guiar, saber o que fazer. Sempre foi o irmão mais velho que sempre sabia a decisão certa a tomar, mas naquele momento se sentia à deriva.

Não queria aparecer daquela forma na frente deles. Precisava se recompor para poder encará-los e contar tudo que estava acontecendo junto com um plano de ação.

Batidas em sua porta o fizeram resmungar, imaginou que se fingisse que ainda estava dormindo, seja lá quem estivesse batendo, iria embora.

A pessoa não parou. Continuou socando a porta insistentemente.

Mew olhou para o horloped, ainda era 4 da manhã, teoricamente, levando em consideração que as horas duravam mais ali, o céu ainda estava completamente escuro e frio.

Ainda vestindo a calça do seu uniforme e sem camisa, Mew arrastou os pés descalços até a porta, sem coragem para falar com quem quer que estivesse do outro lado. Olhou pelo olho-mágico apenas para garantir se precisaria colocar uma camisa.

— Você sabe que horas são? — Questionou, abrindo a porta.

Do outro lado, completamente vestido e ainda usando seu jaleco, Xiao Zhan esperava, a expressão agitada e preocupada.

— Silêncio — Xiao pediu — Vem com a gente, tem uma coisa que você precisa ver.

— "a gente"? — Mew olhou para o final do corredor e viu o restante dos irmãos — É claro... — Suspirou — Vou pegar minha camisa.

Devidamente vestido e calçado, Mew acompanhou seus irmãos através da instalação, o silêncio era desagradável, mas ele não sabia se era o momento certo para quebrá-lo.

— O que está acontecendo? —Tul perguntou de repente quando pararam em uma esquina.

— Vocês não sabem? — Mew olhou para eles.

— Xiao simplesmente foi de quarto em quarto dizendo que era pra gente acompanhar ele — Zee explicou.

Mew olhou para os outros, que acenaram concordando com a cabeça; Singto ainda estava com a cara amassada de sono.

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