8. it's been a hard time

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Já passaram quase duas semanas desde que falei com o Luke. Não posso dizer que não senti falta das mensagens parvas de bom dia dele, porque senti. Muitas.

Quase todos os dias pego no telemóvel para lhe ligar, dizer-lhe que tinha razão e pedir desculpas. Porque infelizmente ele tinha razão. Mas o meu orgulho não me deixa. Se ele sentisse mesmo a minha falta, ia ligar... certo?

Flashback - 9 de junho de 2015

Estava sentada no sofá da minha sala de estar à espera do Alex. Vestia um vestido azul curto com as costas abertas e usava uns sapatos pretos com um ligeiro salto. Estava a fazer de tudo para não pensar na minha discussão com o Luke, e em como ele tinha sido rude comigo.

"Não significas nada para mim"

Estas palavras magoavam mais do que deviam. Eu não o conhecia de lado algum, não devia sentir tanta afeição por ele. Mas sentia, e parte de mim arrependia-se de lhe dizer para pararmos de falar. Mas isto não ia dar em nada, certo? O melhor era acabar já com tudo antes de ser tarde de mais.

De qualquer das maneiras, sentia lágrimas nada bem-vindas formarem-se nos meus olhos e fiz de tudo para não as deixar brotar pela minha cara. Não queria mostrar o meu lado fraco, mesmo estando sozinha. Estava a fazer um esforço por mim mesma, para salvar a réstia de dignidade que ainda mantinha comigo. Uma leve batida na porta puxou-me dos meus pensamentos, e recompus-me rapidamente para abrir. Nunca fiquei tão feliz por ver o Alex ali.

(...)

Estávamos a dançar já há bastante tempo. Eram quase duas da manhã, e eu já estava um bocado alegre demais. De qualquer das maneiras, isso ajudava-me a esquecer os meus problemas todos.
Sem qualquer aviso, o Alex moveu as suas mãos das minhas costas um pouco mais para baixo. Repetia para mim mesma que isso não era nada, e que as suas mãos tinham escorregado. Foi então que senti um apalpão no rabo. Era isso então. O Alex estava a atirar-se a mim. O Luke tinha razão. Luke. Num ato desesperado de tirar este pensamento da cabeça, aproximei-me e beijei o Alex. Porquê? Não sei. Talvez para provar a mim mesma que o Luke não tinha razão, e que o Alex me ia afastar e dizer que não queria nada comigo. O que eu não estava à espera era que este correspondesse com tanto entusiasmo. As suas mãos moviam-se da minha cintura para o meu rabo. Ele não é o Luke, Rachel. Podes parar. Pus os braços em volta do seu pescoço e aprofundei mais o beijo. Toma esta subconsciente!
O Alex começou a andar, sem nunca interromper o nosso beijo, e eu acompanhei-o para onde quer que ele fosse. Senti-me ser empurrada para dentro de um pequeno armazém, e pude ouvir a porta ser trancada atrás de mim. Será que ele achava que eu...? Oh.

- Alex, eu não... - tentei explicar que não queria aquilo, que o único motivo pelo qual o beijei foi por impulso. O que não é completamente mentira.

(ok, esta parte não é hot, mas pode ter algumas cenas do gênero, por isso vou pôr a itálico para quem não gostar de ler)

Fui encostada com força contra a parede do compartimento antes de poder acabar o que estava a dizer. Os lábios de Alex passaram dos meus para o meu queixo, e depois para o meu pescoço. Senti-me tentada a fazer aquilo, admito, o Alex não é propriamente feio, mas a imagem de Luke aparecia sempre na minha mente. Quando tentei afastar-me, puxou-me mais para ele.

- Alex, pára - subi um pouco o tom de voz para que ele percebesse que eu estava a falar a sério.

Não resultou. Ele continuou com os beijos, dando-me leves apalpões aqui e ali. Fiz de tudo para me livrar daquelas mãos por todo o meu corpo mas era impossível, ele tinha três vezes mais força que eu.
Quando meteu as suas mãos por baixo da minha camisola, a única coisa que me ocorreu fazer foi gritar. O meu choro era compulsivo e os meus soluços ecoavam no compartimento. Sabia que ninguém me ia ouvir por causa da música, mas podia ter sorte. Comecei a gritar que nem uma maluca a pedir ajuda. Quando o fiz, ele empurrou-me com ainda mais força contra a parede e agarrou os meus pulsos o mais que conseguia. Mesmo com apenas uma mão ele mantinha-me imóvel. Já não tinha forças para continuar a pedir ajuda, só conseguia chorar compulsivamente.

- A-Alex estás a magoar-me - gaguejei devido à força que ele fazia.

Foi então que me largou o pulso. Achei que tinha ganhado senso, e que iria pedir desculpa. Não aconteceu. Sentou-me com força em cima de uma mesa que ali havia e abriu-me as pernas completamente, fazendo o vestido levantar, e dando-lhe vista para as minhas cuecas de renda pretas. Fodasse. Ouvi-o soltar um suspiro e a com a mão começou a fazer pressão.
Não sabia o que é que ele queria com aquilo. Não conseguia perceber simplesmente. As lágrimas caiam pela minha cara desesperadamente.

Suspirei de alívio e desatei a chorar ainda mais compulsivamente quando duas figuras conseguiram abrir a porta pelo lado de fora. As suas expressões chocadas viam-se à distância quando perceberam o que é que se estava a passar ali. Corri até elas e abracei-as. Olhei para trás e vi o Alex a olhar para o chão, com um misto de raiva e arrependimento.

- Rachel, eu... - ouvi-o murmurar muito baixo

- NÃO QUERO OUVIR! NÃO QUERO SABER MAIS NADA DE TI, OK? - Gritei com a réstia de força que ainda tinha, e desatei a correr para fora dali.

Consegui ouvir ainda a Evelyn e a Bella chamarem por mim mas apenas continuei a correr. Não queria saber para onde ia, apenas sabia que queria sair dali o mais depressa possível. Já longe o suficiente, sentei-me no chão a chorar violentamente, e não me lembro de mais nada.

End of flashback

Quando dei por mim, já lágrimas caiam de novo pela minha cara. Pelo que aconteceu com o Alex, pelas minhas melhores amigas que apesar de todos os problemas que lhes trago, continuam comigo, a apoiar tudo o que faço, e pelo Luke. Porque apesar de tudo, ele conseguia pôr um sorriso nos meus lábios, e preocupava-se comigo. Ele tentou avisar-me e eu não quis saber. Tratei-o mal. E agora perdi a única pessoa que me compreendia realmente.

disconnected - 5sosOnde histórias criam vida. Descubra agora