10. I miss you

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Olhei de novo para o meu telemóvel, já com o número do Luke marcado. Não sabia se queria realmente fazer isto. Tinha dito ontem ao Michael que iria pelo menos tentar, por ele e pelos rapazes, mas eu sabia que não era o único motivo.
Durante todos estes anos desde que me mudei para Miami, o Luke foi a única pessoa em quem senti que podia confiar tudo. Será que quero mesmo perder isto que tivemos até agora só porque sou estúpida e orgulhosa?

Num ato meio que impulsivo, que não sei se deva considerar cobardia ou coragem, pus a chamada em anónimo e liguei para ele. Sentia necessidade de ouvir a sua voz, e o facto de o Luke não saber que era eu aliviava-me. 

Ao fim do terceiro toque, uma voz um pouco rouca atendeu. Como se tivesse acabado de acordar, coisa que ela improvável porque eram quase seis da tarde. Aquela voz de que tanto senti falta.

- Estou ? 

Não conseguia falar. 
Não conseguia pensar direito.
Não queria desligar a chamada mas ao mesmo tempo não me lembrava de nada para dizer.

Talvez devesse ter apenas dito "olá" ou "tudo bem", mas não me parecia suficientemente bom, e não conseguia pensar em nada melhor.

- Estou ? - Repetiu. A sua voz tinha um tom duvidoso quando falava. 

Senti-me bem, de novo. Provavelmente devia dizer alguma coisa, e evitar que ele desligasse a chamada, mas estava a gostar de estar ali, apenas a ouvir a sua respiração do outro lado da linha.

- R-Rachel, és tu?

Quando ouvi as suas palavras pareceu-me que tinha congelado. Olhei para o telemóvel para confirmar se tinha realmente posto a chamada em anónimo. Como é que ele pode ter percebido que era eu? Sou assim tão óbvia?

Não sabia se responder. Talvez se permanecesse calada ele desistisse da ideia e esquecesse tudo isto. Voltamos a estar ambos em silêncio de novo.

- Rachel, eu... Ouve-me. Se fores tu, eu preciso de te dizer uma coisa.

Acho que parei de respirar por momentos. Permaneci calada mas sentia o meu coração a mil.

- Eu, hm, estive para te ligar umas vezes neste último mês e, hm, eu... - ele parecia nervoso enquanto falava. Soltou um suspiro e continuou mais firmemente. - Eu quero-te pedir desculpa. Quero mesmo, fui um parvo, eu.. não sei qual era o meu problema. Acho que em parte tinha ciúmes dele porque... bem, não importa. Só quero que saibas isso. Tu e os rapazes são as únicas pessoas em quem consigo confiar, e é difícil não poder falar contigo o dia todo e mandar-te mensagens de bom dia de manhã, só para te ouvir reclamar comigo. - Soltou uma risadinha nervosa. - Isto soa muito clichê, eu sei, mas eu quero mesmo que saibas. Eu sinto a tua falta, Rachel.

Voltamos ao estado de silêncio e acho que o meu coração parou de bater nesta última frase. Desejei tanto que ele me dissesse isto no último mês. Imaginei vezes sem conta o momento em que isso ia acontecer. E agora aqui estava ele, a admitir os seus erros, mesmo sem tendo a certeza que era eu do outro lado.

- Eu só queria que soubesses isso. Espero que possamos voltar a falar quando me puderes perdoar. Desculpa. 

Quando percebi que ele ia desligar a chamada, murmurei quase involuntariamente.

- Também senti a tua falta Roberto. Muita. 

disconnected - 5sosOnde histórias criam vida. Descubra agora