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"Na estrada para Liverpool, Auster, 12 de janeiro de 1722
Estimado Príncipe Park Gihun,
Eu estou ciente de que não lhe escrevo há mais tempo do que deveria, e posso só imaginar como está preocupado com isso. Se bem o conheço, já devem ter ao menos três cartas extremamente mal-educadas vindas de Solaria neste momento – não se preocupe, eu não levarei em consideração suas palavras de ódio.
Sinto muito pela minha falta de compromisso com nossa correspondência, querido irmão, mas os dias andam um tanto conturbados aqui em Auster. O Rei Richard III me mandou numa missão honrável em busca de um desordeiro nas cidades portuárias – o patife não consegue resolver os próprios problemas, claro, e então tem que envolver a todos nós nobres menos favorecidos. Ao menos, vejo nessa situação uma oportunidade; não tenho um grande grupo de caça, decerto, mas tenho fé. Irei de concluir a missão antes dos outros nobres, irei de ganhar o favor do rei de Auster e finalmente dar o fora desse mais que desagradável país – digo, realmente, por que dentre tantas nações eu tinha de parar logo nesta?
Prometa-me, Alteza, que caso eu falhe – e vamos torcer que não, porque estou na beira de um colapso, de fato. –, irá lembrar de seu irmãozinho quando for rei e me trazer de volta para casa. Prometa-me, talvez seja a única forma de permanecer são.
Estamos chegando agora em Liverpool – uma cidade tão asquerosa que eu poderia vomitar, mas o resto do país é tão ruim quanto. –, e eu provavelmente terei de parar de escrevê-lo por enquanto para concentrar-me na missão à frente. Os piratas já devem ter chegado.
Deseje-me sorte.
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Liverpool, Auster, 13 de janeiro de 1722
Querido hyung,
Acordei com uma dor nas costas insuportável. Não é nada fácil ter de substituir as camas confortáveis que a coorte austeriana usa por uma carruagem velha e fedida.
A busca do dia anterior provou-se infrutífera em questão de horas, então me retraí para o descanso. Aparentemente, os piratas que procuramos estavam aqui há uma quinzena atrás.
Alguns de meus homens foram à cidade a fim de coletar mais informações – queria saber o que haviam feito, se haviam atacado o porto como fizeram em Brighton, para que direção haviam ido. Isto acabou sendo inútil. Liverpool não apresenta sinais de invasão, e, na verdade, os cidadãos parecem até mesmo afeiçoados aos piratas – por Deus, afeiçoados a piratas! – provando que são tão repugnantes quanto o país em que vivem, de qualquer forma.
Dá para acreditar que um deles teve coragem de afirmar aos meus homens que apostou em jogos de azar com os piratas? Que eles eram companheiros incríveis? Hyung, se essa viagem está servindo para algo, é para me fazer criar ainda mais asco de Auster, e meu desejo de retornar para casa apenas aumenta.
Mais homens meus chegaram enquanto eu o escrevia, a informação que temos é que os piratas foram para o sul à procura de cidades mais ricas para saquear. Eu logo retornarei a escrevê-lo.
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Cardiff, Auster, 23 de janeiro de 1722
Meu estimado hyung,
Os piratas parecem cientes da busca por eles, do preço que o Rei Richard pôs em suas cabeças. Eles estão mais cautelosos e espertos, seguindo por rotas elaboradas para nos manter distraídos.
É uma grande sorte ter Jongin ao meu lado, tão bom em prever as nuances desses libertinos asquerosos. Ao menos, a rota para o Sul parece ter sido preservada, mas eles se mantêm afastados das grandes cidades na maior parte do tempo, como imaginamos, ao menos que seja necessário. Eles desviaram a rota para o país de Arbor, onde não chegaríamos por terra, mas acreditamos que chegarão ao litoral de Cardiff nos próximos dias – uma cidade portuária mais rica, é exatamente o que eles precisam para reabastecer. O boato é que seus saques em Arbor foram infrutíferos.
Eu ainda tenho fé que pegaremos esses pilantras antes que a lua mude.
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Em algum lugar em Cornwell, Auster, 1 de fevereiro de 1722
Caro hyung,
É frustrante admitir a derrota, mas há um ponto em que é necessária. Acredite em mim quando te digo que tentei o escrever antes que as coisas chegassem a esse ponto (por Deus, há mais folhas de rascunhos descartados que de árvores em Auster), mas é demasiadamente difícil e humilhante expor o quão pateticamente seu irmãozinho foi enganado por aqueles sujeitos vis.
Por fim, eu escrevo isso com peso em meu coração, mas sem ver outra alternativa; retornarei a Londres. Acredito que os outros nobres, mesmo que não tão ágeis quanto o meu grupo, estão há muito a minha frente a esse ponto. Talvez eu nunca realmente tive uma chance, mas estava demasiadamente desesperado em acreditar que esta existia.
Talvez nosso queridíssimo pai estivesse certo, no final das contas. Eu realmente não sirvo para esse tipo de coisa.
Espero que essa carta seja o suficiente para que me perdoe por minha ausência. Espero que se divirta do meu fracasso, ao menos. Talvez até eu possa me divertir dele dentro de alguns meses, quem sabe?
Quem sabe eu não possa olhar para trás e rir da vez em que fui desbancado por piratas burros? Talvez essa seja uma esperança no final das contas. Uma única vitória na minha desfortuna.
Você sempre me disse para olhar pelo lado bom das coisas, afinal.
Do seu querido (e novamente preso em Auster até segunda ordem),
Irmãozinho.
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Penzance, Auster, 1 de fevereiro de 1722
Gihun-hyung,
Eu o encontrei. Eu encontrei o capitão.
Príncipe Park Jimin, de Solaria."
Próximo capítulo: Sobre Cobras e Princesas.
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então anjos como estão? conhecemos mais ou menos nosso protagonista/antagonista, como se sentem? kwkdkwkdw
deixem o favorito e os comentários, por favorzinho ❤
espero que esse prólogo tenham os deixado instigados. adicionem a história à biblioteca, o primeiro capítulo eu já posto essa semana. muito obrigado por ler! ;)
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O Conto de Ouro e Cinzas ♕⚓︎ Jikook
Fantasia[EM ANDAMENTO] Em um mundo em que criaturas e humanos convivem juntos, o príncipe Park Jimin sempre se sentiu deslocado em sua própria vida. Mesmo quando morava em seu reino, e principalmente após ser mandado ao exterior para se casar, Jimin sabia q...