Capítulo 2

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Ji Hoon acorda e se mexe, olhando ao redor como se estivesse procurando por mim, que fico quietinha, esperando. Minhas mãos não tremem mais e até meu coração parece mais tranquilo.

Seus olhos pequenos me encontram, ele quase grita, em vez disso se encolhe.

— Oi...— arrisco em uma tentativa de ser amigável e não o assustar mais.

— Por favor desaparece, por favor desaparece... — repete ele, agora tapando os ouvidos e fechando os olhos.

Isso vai ser difícil.

— Me desculpe, também não quero estar aqui. — Quase não me mexo na cadeira de couro e falo com gentileza.

Que tipo de fantasma seria gentil?

Ele se levanta, corre para fora do quarto e volta segundos depois com os mesmos caras de antes.

— Estão vendo algo estranho? Um fantasma? Uma garota?

O mais alto olha para ele e revira os olhos.

— Hyung, não tem ninguém aqui, além de nós três.

— Você precisa descansar, não podemos te dar mais remédio e se falarmos com seu gerente, ele vai procurar um médico para você — diz o segundo, em tom de alerta.

Ji Hoon suspira e se afasta deles, em vez de vir pelo lado em que eu estou, ele dá a volta na cama e se senta na parte que não está bagunçada.

— Tudo bem, vou dormir mais um pouco. — Ele se ajeita embaixo das cobertas.

— Você não precisa ter medo. Deixe tudo claro, fantasmas não aparecem na claridade, eles têm medo — diz o mais baixo, que logo toma outro tapa do mais alto e ri.

— Descansa hyung — diz ele puxando o amigo para fora e fechando a porta atrás deles.

Ouço Ji Hoon respirar fundo.

— Olha, não te conheço, então se veio para encontrar alguém, eu sou o cara errado. Pode ficar aí se quiser, mas prefiro que vá embora. Só me deixe em paz, por favor? — Ele pede já tapando os ouvidos de novo. — Estou tendo uma semana horrível.

— Eu quero ir embora, mas não sei como. Nem sei onde estou e não sou um fantasma, pelo menos acho que não... espero que não... — Droga! Será que eu morri? Enquanto dormia?

Não!

Eu teria ido para o céu ou lá pra baixo... esse não parece ser nenhum dos dois lugares e Ji Hoon não é um anjo, mesmo sendo muito lindo pessoalmente.

Imagino que os anjos se pareçam com ele, com seus cabelos quase brancos de tão loiros. Isso é um estereótipo?

Não acho que um anjo teria esse tipo de estilo.

Ji Hoon está usando calça de moletom larga, azul bebê, com uma blusa de moletom também larga com capuz e bolso canguru, no mesmo tom de azul. Sua camiseta branca é maior que a blusa e está para fora. Parece mais um cantor de hip hop do que um ser celestial.

Percebo que ele está me encarando. Sua expressão não é mais de um cara assustado e sim de curiosidade.

— Não sei o que aconteceu comigo. Era noite, eu me deitei no sofá, ouvindo minha playlist com as suas músicas e de repente apareci no seu quarto.

— Você é uma fã minha? É uma sassaeng?

— O quê? Nem sei o que é isso que você disse. Ouço suas músicas porque gosto delas.

— Não está me perseguindo? — insiste ele estreitando os olhos.

— Do Brasil? Não.

— Brasil?

Só nos meus Sonhos - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora