"𝒜𝗆𝗈𝗋𝖾𝗌 𝖽𝖾 𝗎𝗆𝖺 𝗇𝗈𝗂𝗍𝖾 𝖺𝗂𝗇𝖽𝖺 𝗌ã𝗈 𝙰𝙼𝙾𝚁𝙴𝚂."
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"acho que em toda a minha vida nunca me imaginei em uma situação desesperadora ao ponto de cometer uma loucura. logo eu? em um "ótimo" relacionamento, com uma vida financeira...
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EU ME ENCONTRAVA na portaria do apartamento do meu namorado, agora ex. estava em completo choque, segurando as lágrimas. era possível ouvir o som da chuva ecoando do lado de fora e trovões altos, a minha única vontade era de chorar e berrar para que o mundo todo ouvisse, talvez até competir com os trovões para ver quem conseguiria atingir o som mais alto. eu havia acabado de ver meu namorado na cama com outra mulher, alguém que eu pensava que podia confiar e que teríamos uma bela vida juntos, me traindo assim, tão descaradamente. foi a pior sensação da minha vida.
porém de um jeito ou de outro eu teria que sair dali. Eu sabia que talvez essa seria a última vez que eu pisaria naquele apartamento, o nosso apartamento. eu estava apenas com uma blusa preta de mangas de tecido fino e uma calça jeans, o que não combinava nem um pouco com o frio intenso que fazia do lado de fora. A discussão acabou durando um pouco mais do que o esperado, durou tanto que nem percebi a chuva cair.
Então, segundos depois, resolvi sair desse transe, desse choque. A partir do momento que eu fui para fora daquele lugar e fechei aquela grande porta de vidro, eu comecei a correr, corri o mais rápido que eu consegui, não sei nem o porque de estar fazendo isso. talvez para aliviar a dor ou apenas para me manter longe o bastante daquele lugar. mas nem demorou muito pra que eu sentisse lágrimas atravessando meus olhos e escorrendo por meu rosto, em meio a chuva e o meu corpo completamente encharcado, sentindo as gotas de chuva se misturarem com minhas lágrimas salgadas. até que em um momento acabei tropeçando em uma pedra que estava exatamente no meio da calçada, me fazendo cair de joelhos. consegui ver meu celular caindo da minha mão. Mas não fiz nem questão de me levantar, eu estava exausta, desgastada, doente ao ponto de não me importar com mais nada. continuei naquela mesma posição com meu joelho completamente ralado por longos segundos. coloquei minhas duas mãos em meu rosto e deixei que minhas lágrimas caíssem. continuei assim, ajoelhada. acabada. morta por dentro.
até que em um momento eu sinto algo pesado em minhas costas, cobrindo minha nuca e cotovelos. com meus olhos encharcados e vermelhos, direcionei meu olhar para o lado, conseguindo ver um casaco pesado de couro me cobrir. Olhando mais para cima, avistei um homem que também estava molhado estendendo a mão para mim.
- ei, moça, 'tá tudo bem?
ele disse e eu o encarei com dúvida enquanto ele deixava seu casaco em minhas costas.
- você precisa de ajuda? levante-se, por favor.
segurei a mão do homem, e ele me guiou até a cobertura que havia no condomínio que eu caí logo a frente.
- 'tá frio.. como você se chama?
ele colocou sua mão em minha testa com cuidado, enquanto eu prestava atenção em seus olhos azuis penetrantes, sentindo minha visão embaçada.
