Essa fic é um aprofundamento da história dos personagens Beomgyu e Hueningkai de outra fic minha, você pode ler isso antes ou depois de ler Gato Mia (a outra fic) mas, caso você goste de um pouco de spoiler e essa adrenalina de saber mais ou menos o que pode acontecer numa história antes mesmo de lê-la por completo, recomendo que leia a outra fic primeiro.
Também recomendo que leia caso fique muito ansioso pra ler os próximos capítulos que ainda não foram lançados, porque modéstia a parte, ambas as fics são muito boas.⚠️Aviso de gatilho⚠️
LGBTfobia.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Quando conheci Beomgyu, no 2° ano do ensino médio, mais precisamente em 2003, ele era aquele do tipo caladão que sofria bullying... Sabe aquele tipo de pessoa que todo mundo fala pra você não chegar perto? Bem, era ele, mas o que fez eu me aproximar dele apesar de tudo foi o motivo daquela exclusão. Ele era gay, e na minha época, repudiavam isso tanto quanto hoje em dia, porém era mais visível e natural...
Eu não tava afim dele na época, mas eu tinha certeza que esse negócio de homofobia era nem um pouco certo e totalmente sem fundamento. "Ai, mas na bíbl-" SHIU eu não tenho nada a ver com a sua religião, então deixa eu conhecer o menino antes de tirar qualquer conclusão! Era assim que eu respondia os outros, e bem, eu comecei a ser excluído só por falar essas coisas, antes mesmo de realmente tomar coragem pra falar com ele. Até porque você ouve todo tipo de coisa contra essa parcela da sociedade e acaba tendo medo desde criancinha.
Estávamos na sala de aula e o professor pediu pra que formássemos grupos para um trabalho de biologia, matéria essa que eu era horrível. (Física é maior e melhor, com certeza!)
— Oi... Beomgyu, certo? — Digo ao chegar perto de sua carteira.
Ele me olhou com um brilho nos olhos e sorriu acenando com a cabeça.
— Sim... E você é o... — Eu fui ajuda-lo a se lembrar do meu nome, mas acabamos falando coisas diferentes ao mesmo tempo. — Kamal!
— Kai! Espera, você lembra meu sobrenome? Ninguém usa ele, haha!
Ele riu. E foi naquele momento que eu me dei conta de que... Agora já era, ele não vai mais calar a boca.
— Ah é que Kamal é muito foda! Ficou na minha cabeça depois que os professores falaram nas primeiras chamadas do ano. Já o meu é meio estranho né? Se escreve C-h-o-i, mas se pronúncia "Tchué", quase como aquela gíria sulista que...
Blá blá blá, hahaha, depois daquele dia ele não largou do meu pé, e confesso que não achei isso tão ruim, ele é uma pessoa incrível e engraçada, mas as vezes cansa ouvir tantas informações ao mesmo tempo.
E toda vez que eu o zoava ele falando "Se eu soubesse que você ia me encher o saco o dia todo eu não teria me sentado com você." ele sempre me respondia exatamente a mesma coisa "Bem, agora já era."
Numa dessas conversas bem filosóficas que fazíamos durante o intervalo ou almoço ele me disse algo interessante.
— "Kai, eu sei que você fala isso brincando, mas eu fico genuinamente feliz quando você diz que não teria ficado comigo se soubesse antes que eu falo de mais."
— "O que? Por que feliz?"
— "É que geralmente as pessoas não ficam comigo porque eu sou gay, ué. E saber que pra você esse é o menor dos problemas, me deixa feliz."
Eu sorri.
— " 'Menor dos problemas...' isso não é nenhum problema e ponto final!"
— "Sei lá, é que as vezes eu ouço tanta merda que fico com medo de eu estar realmente sendo promíscuo... Mesmo sabendo que eu nunca fiz nada errado."
Eu respirei fundo, toquei a mão de Beomgyu e a acariciei.
— "As vezes eu também penso, 'Será que você só me apoia porque tá se descobrindo também?' " — Eu ri. — "É sério! Esse negócio de 'simpatizantes' pra mim parece tão impossível! Você é viado, né?? Hahaha!"
— "Sei lá... Eu já me apaixonei por uma garota uma vez... Mas parece que só consigo me apaixonar quando eu sei tudo sobre aquela pessoa e vice-versa!"
Ele me olhou insinuando algo que não sabia exatamente o que era.
— "Pessoa? Qualquer um? Tanto faz pra você, Ning?"
Minhas bochechas se avermelharam e eu sorri nervoso.
— "Sei lá... Vou pensar sobre isso..."
Ele riu alto.
— "Vou testar essa teoria, vou fazer você saber tudo sobre mim!"
Uma mulher passou com uma criancinha no nosso lado antes mesmo que eu pudesse absorver o conteúdo da frase do Choi.
— "Mãmãe, eles dois estão juntos?"
— "Sim, mas não pense em chegar perto, eles são nojentos."
"Um clássico." Eu pensei. Logo soltei a mão de Beom para que nada nos acontecesse, mas ele a segurou forte para me impedir.
Foi aí que a ficha caiu.
Ele estava flertando comigo.
E foi assim até o 3° ano do ensino médio, quando compartilhei o meu desconforto com ele.
Eu lhe disse que não me sentia desconfortável pelo fato dele ser homem, e isso era óbvio, mas sim porque eu realmente não me sinto bem com flertes, principalmente porque não sou apaixonado por ele, mas que ainda assim queria construir uma relação boa com ele. O Gyu apenas se desculpou e disse que também não estava apaixonado por mim, ele só não sabia que eu não me sentia confortável com aquelas brincadeiras bobas, por mais que eu ainda pensasse no pior (nesse caso, eu pensava que eu tinha ferido o coração de meu melhor amigo) ele não pareceu se importar com as minhas falas. Mas depois ele pareceu mil vezes mais interessado em saber sobre mim, e eu honestamente não fiquei constrangido com aquilo.
Confesso que fiquei matutando na minha cabeça o fato de eu ter entregado de bandeja pra ele como me conquistar, e que talvez o Beom realmente estivesse empenhado pra fazer aquilo acontecer. Eu não achei isso de todo ruim, já que ele é uma pessoa boa e confesso que é consideravelmente atraente... Mas só fui cair na real quando eu já estava totalmente entregue a Choi Beomgyu, quando passei na faculdade pra estudar Biomedicina forence junto a ele e ficava viajando no grande sonho que seria morar numa república estudantil com ele e que se foda os outros que morariam com a gente! Pra mim, seria só nós dois...
Mas como todo sonho que pode se tornar real, aquele também não seria um mar de rosas... Meus pais já não gostavam do fato de eu ter um amigo gay, apesar de sempre dizerem que essas pessoas merecem respeito... Enfim, meus pais são muito hipócritas e isso me dá medo, até porque nunca sei quando aquilo que eles dizem é genuinamente o que eles estão pensando ou não. Ou seja, ao mesmo tempo que eles dizem "Cada um faz o que quer da vida." eles também dizem "Se você seguir esse mal caminho que seu amigo trilha, você se tornará a nossa maior vergonha." Fora as piadinhas homofóbicas e transfóbicas que envolvem violência física ditas também por eles...
Enfim... Agora que me encontrei apaixonado por Beomgyu e sentindo borboletas no estômago que mais parecem um soco a cada cantada que ele voltou me dar, eu temo pela vida dele caso esse relacionamento siga em frente. A família dele é mil vezes pior, os caras falam na cara dele "MORRE LOGO VIADINHO DE MERDA, PARE DE ME DAR TANTO DESGOSTO!" e só de ouvir tudo isso nos desabafos dele eu me sinto culpado por ama-lo de volta... Então invento cada tipo de desculpa esfarrapada pra que ele pare de me lembrar que eu o amo (lê-se, pra que ele pare de me cantar.) no fim do 3° ano eu ficava trancafiado em casa estudando igual um maluco, quando chegou o fim do ano e nós já tínhamos feito as provas eu dizia que precisava tirar um tempo pra mim, mas agora que vamos morar juntos... O QUE EU DEVO FAZER???
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Adão e Ivo- Igor, sei lá! - Beomkai
FanfictionBeomgyu é de longe o cara mais bonito que eu já vi, mas apesar de saber que acha-lo bonito não tinha problema, eu odeio isso pois meu coração acelera a cada mínima olhada, ou pior, a cada mínima FLERTADA. Não vou mentir dizendo que não sei o que sin...