Eu finalmente comecei a trabalhar no pet shop e com isso comecei a fazer uma lista de coisas pra comprar quando eu ganhar o meu primeiro salário!
• Travesseiro gigante de abraçar.
• Laquê pra tentar fazer aqueles penteados de emo.
• E um curso de banho e toza pra cachorrinhos!E sim, esse último com certeza é pra eu tentar trabalhar com isso no pet shop!
É irresistível ver os cachorrinhos fofos na recepção e não poder pegar, fazer carinho, dar banho, cortar os pelos que tapam a visão deles...
Isso deve ser porque eu nunca tive cachorro em casa, o máximo que ganhei foi um papagaio que me chamava de viado e bixa por influência do meu pai. Não se engane, eu amava ele (não meu pai)! Tentava deixa-lo o máximo de tempo possível fora da gaiola e vivia dando comida diferenciada e saudável pra ele.
Pena que agora ele tá na casa dos meus pais e não posso mais cuidar dele até que eu infelizmente volte pra lá. Toto, eu te amo meu filho...Teve uma vez que o Kai foi lá em casa e levou a Aqua, e eu havia esquecido de colocar meu bixinho na gaiola, fiquei procurando ele pela casa enquanto o Ning segurava a gatinha preta.
Ela ficou encarando o Toto com aquela cara de "Muahaha, hoje você vai ser a minha janta..." e o papagaio tipo: "O que é isso mulher!?" Quando tranquei ele, a gata ficava de cinco em cinco minutos miando pra gaiola, e o meu filho respondia xingando: "Ai caralho" "sai daí porra!"Naquele dia o Huening tava meio estranho, parecia triste, mas não queria falar o que aconteceu, só disse que o motivo da melancolia eram seus pais, ele disse que os dois mudaram com ele e tavam enchendo o saco pra ele arranjar uma namorada, coisa que eles nunca fizeram antes.
Podem me achar tóxico, mas me aliviou na época que ele não queria uma namorada, mas não falei isso e apenas fui pro quarto pegar todos os meus jogos de tabuleiro e cartas pra animar meu Kaizinho.
Enquanto penso eu volto um pouco pra realidade e percebo que esqueci de sair do banho, a quanto tempo estou no chuveiro? Bem, é melhor eu sair...
Nesse tempo que estou me secando, vestindo o pijama acabo não me segurando e volto a pensar sobre aquele dia e a minha vida dentro daquela casa.
Durante o jogo meus pais chegaram do trabalho, minha mãe era a secretária dele, como um clássico casal tradicional.
Os dois já estavam acostumados com meu amigo indo me visitar em casa de vez em quando, mas ainda tinha uma tensão terrível no ar enquanto estávamos juntos. Tanto é que quando Sr. Doyun subiu pra um dos cômodos e nos deixou a sós, minha mãe se aproximou e perguntou se havíamos comido, quem estava ganhando no jogo e como foi a escola...
- Vocês não estão juntos, certo? - É, e perguntou isso também...
Eu e Kamal congelamos, e encaramos mamãe por alguns segundos, mesmo sabendo que a resposta era um simples não com um fundo de dúvida.
- Não mãe, é claro que não, relaxa.
Bokyung suspirou e sorriu envergonhada, deu meia volta e sentou no sofá a nossa frente para ligar a TV.
Assim parece que ela era tranquila, mas quem mais me humilhou na vida foi ela com suas palavras que pareciam uma faca cega, ele falava, falava, falava e demorava pra pra cortar, mas só o processo de receber vários golpes já era o suficiente pra pedir pra morrer logo.
Outra coisa que me fazia querer morrer com certeza era meu pai, que era bem mais eficiente, ele me espancava e falava pouco, eu torcia pro cara me desacordar pra que finalmente me internassem e me levarem pro conselho tutelar, mas o meu genitor nunca me daria esse gostinho de vitória misturado com sangue.— Beom... tá bravo comigo? — Huening me chama, e pelo jeito que soou, foi pela milésima vez.
O ambiente ao meu redor se revela como sendo meu quarto (ou melhor, nosso quarto), e eu estava sentado na minha cama.
— Não, só tô... pensando... — Respondi sem me mover.
— Em que?
— Meus pais... eu não quero voltar pra eles, quero construir minha vida aqui nessa cidade, e com você!
— Eu... também tava pensando sobre os meus pais...
— Saudades?
— Também. É saudade... com medo, receio, como se eu não conhecesse eles de verdade e... sei lá...
Já era tardezinha, o pôr do sol estava atrás da janela aberta que eu nem notei que estava observando. Eu estava focado nos meus traumas e na voz cabisbaixa do meu amor.
Não sei se conseguiria consolá-lo, eu também tô na merda...Ning sentou do meu lado na cama e apoiou a cabeça no meu ombro, o que provavelmente entortou muito sua coluna, já que ele é mais alto do que eu.
— Meu bem... sabe do que mais eu tô com saudade?
Suspirei ainda com um emaranhado de angústias no peito. Eu soube no momento em que o Kai disse essa frase que ele vai flertar comigo, mas não sei se tô com saco pra isso...
— Do que?
— De dormir com você... hoje o dia foi pesado, e eu queria me lembrar da sensação de estar com você na mesma cama que a minha.
— Para Kamal, você nem lembra daquela noite direito...
— Então me dá a chance de reconstruir essa memória... eu fiquei o dia todo querendo um colo, um consolo silencioso, e tenho certeza que você quer um também...
Ele realmente sabe como me sinto quando o assunto é meus pais...
Uma gota escorre por minhas glândulas lácrimais e eu mordo o lábio inferior pra impedir um choro maior.
— Eu... eu quero mesmo... vem, vamo dormir logo.
Sem dizer nada, Huening me deita na cama e faz o mesmo, eu viro de costas pra ele e meu namorado me abraça.
— A gente vai ser muito feliz juntos, eu te prometo... — Kai sussurra enquanto faz carinho no meu cabelo.
— Não importa quanto tempo demore?
— Não importa. Eu não vou fugir, tá?
Virei de frente pra ele e com o rosto molhado eu o abracei, não nego que sequei a cara nele, mas acho que o Ning não se importaria...
Amanhã eu vou trabalhar e ocupar um pouco a cabeça, talvez eu fique melhor...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Adão e Ivo- Igor, sei lá! - Beomkai
FanficBeomgyu é de longe o cara mais bonito que eu já vi, mas apesar de saber que acha-lo bonito não tinha problema, eu odeio isso pois meu coração acelera a cada mínima olhada, ou pior, a cada mínima FLERTADA. Não vou mentir dizendo que não sei o que sin...