Família

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Eu sempre fui bem próximo do pessoal da minha família, nunca tive problemas relacionados a eles, tá certo que eles sempre tão implicando e discordando uns dos outros, mas nós nunca tivemos uma briga tão feia, sabe?

Acho que o que quebrou um pouco a minha confiança e aproximação com eles foi o fato de eu ter feito amizade com Gyu. Quando contei pra mamãe que fiz amizade com o menino solitário da escola mesmo que aquilo custasse minhas outras amizades, ela ficou preocupada, mas feliz quando viu que fiz alguém feliz. E não qualquer alguém, mas sim um cara educado, engraçado, e inteligente... Dona Alika (minha mãe) quis conhecer ele quando viu que minhas notas em biologia ficaram ótimas graças a esse tal garoto, ela queria agradecer pela ajuda e finalmente ficar cara a cara com aquele moço genial.

Mas quando o viu... ah, ela logo percebeu o olhar açucarado do meu amigo e o quão carinhoso ele era com ela, meu pai, minhas irmãs... e principalmente com a minha pessoa.

Eu fiquei muito nervoso antes de leva-lo pra casa, até pensei em pedir pra que ele disfarçasse seus trejeitos, mas isso seria estúpido, eu não podia simplesmente mudar meu amigo que não estava fazendo mal algum só pra que meus pais o aceitassem. Eu o amava e amo ainda mais do jeitinho que ele realmente é, não tem porquê ter vergonha do Beomgyu.

Porém, como devem ter percebido, meus pais não aceitaram muito...

— Filho, pode vir aqui rapidinho? — A chefe da casa chamou.

— Claro mãe! — Eu levantei do chão (onde estava jogando ludo com Beom), e sorri pra ele antes de ir. — Não vai roubar hein!

— O que?! Você me acusando de roubar nos jogos sendo que agora pouco você mentiu o número do dado pra comer minha pecinha??? Ah, vai cagar! Eu sou um homem justo! — Retrucou emputecido comigo.

Amei que ele tava se forçando a me xingar sem usar palavrão.

— Oi mãe, aconteceu alguma coisa?

— Esse seu amigo aí... ele é gay?

Meu cu trancou e na mesma hora pensei em mil reações e pensamentos que ela poderia ter com a minha resposta, então pensei direitinho como eu daria essa notícia pra ela.

— É sim... inclusive, ele estava sofrendo bullying por conta disso. A senhora me ensinou a ser respeitoso com os outros e ajudar quem estivesse vulnerável, então eu fiz isso... — Ergui os cantos do meus lábios e aguardei a resposta dela.

— Você está certo, estou orgulhosa disso, sabia? Mas... — "Mas cuidado pra ele não te transformar em gay", "Mas peça pra ele não te abraçar muito", "Mas fica esperto pra ele não flertar com você", "Mas" o queeeeee? — Ele sabe que você é hétero e que não curte essas coisas né?

— Ah... s-sim, claro! Ele respeita bastante o meu espaço pessoal...

"Mas... você não é gay... né?"

Eu nunca contei isso pro Beomgyu, mas desde o dia em que me apaixonei por ele eu me pergunto: "Como ela reagiria se eu tivesse dito que também gosto de garotos?" E pior... como ela reagiria se descobrisse que agora eu namoro esse meu amigo gay? Ela o culparia por corromper a humanidade de seu filho? Me impediria de ficar com ele? Brigaria comigo por eu ter mentido pra ela sobre minhas "reais intenções" com o Choi?

Isso me apavora... eu não quero perder o contato com eles e nem ser tachado de mentiroso por ter "escondido" isso deles.
Eu me questionei muitas vezes se eu era viado só por nunca ter dito com tanta certeza que sou hétero pro Beom, inclusive, convenhamos, esse cara é tão perfeito que qualquer cara hétero se questionaria se é gay, pelo menos esse era o meu raciocínio nos dias em que comecei a me apaixonar por ele.

Caso restem dúvidas sobre como meu pai reagiu em relação ao Beomgyu, ele só ficou esquisito comigo e de repente começou a me dar conselhos amorosos, de vida ou me levar pra comer pastel todo fim de semana.
Não que ele nunca tenha sido carinhoso dessa forma, é só que é estranho ele agir mais assim depois de suspeitar que seu filho gosta de garotos.

— Na adolescência a nossa cabeça pode ficar bem confusa em relação a relacionamentos e sobre o que gostamos e deixamos de gostar, mas isso é normal, só pense bem em quais pessoas você realmente quer pra sua vida, e pense duas vezes quando for namorar alguém. As vezes essa pessoa só vai te trazer mal e dificultar as coisas... e tem coisas sobre você que nunca vão mudar, por exemplo, você é um garoto, quase um homem e isso significa que certas coisas não são podem ser feitas, mas caso você sinta no seu coração que ama isso e quer ser assim, me consulte, eu sou adulto e tenho mais experiência do que alguém da sua idade.

— Pai, por que tá falando isso? — Perguntei enquanto colocava o molho de alho no meu pastel.

— Eu só quero ter uma conversa séria com você, sinto que não dei conselhos o suficiente pra você...

Na hora eu realmente não entendi o motivo de tal conversa, mas parei pra pensar ele estava falando sobre eu e o Beomgyu, sobre minha bissexualidade e suposta paixão pelo meu amigo. Quando me toquei e essas palavras tortas faladas por Hui (meu pai) significavam isso a primeira coisa que me perguntei foi se meu tinha tinha a mesma "confusão mental" que eu na adolescência, e agora, na vida adulta.

Será que ele já gostou de um garoto? E se ele foi bi como eu e esse tempo todo esteve se escorando no fato de amar minha mãe pra se dizer hétero?
Sei lá, nunca tive vontade de perguntar isso pra ele, vai que recebo um tapão na boca pela minha ousadia?
Eu sei que é uma dúvida genuína minha, mas ele pode não entender dessa forma e surtar!

É, hoje eu só preciso esperar o Gyu sair do trabalho e ficar com ele pra recarregar minhas energias, estou acabado mentalmente falando e talvez eu desabafe parte das minhas preocupações com ele, só não posso dizer o o princípio de toda essa bagunça na minha vida foi ele, não quero que meu namorado pense que ele arruinou tudo, até porque grande parte da minha felicidade também foi por conta dele.

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Sim, não dei o nome do pai do Huening de Nabil, até porque isso é uma fic e eu não quis trazer muitas coisas da realidade kkkkk

Adão e Ivo- Igor, sei lá! - BeomkaiOnde histórias criam vida. Descubra agora