1 - A igreja pode ser interessante

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-vamos, Lilith! - chama Julie impaciente.
- Eu não quero ir. - falo, enquanto me arrasto escada abaixo, indo de encontro a ela, que mantém a porta da frente aberta para que eu passe.
- você não vai morrer de for ao menos uma vez ! - a loira fala revirando os olhos.
- também não vou morrer se não for. - retruco, hesitando no último degrau da escada, minha mão agarrada firmemente a madeira velha envernizada do corrimão.
- vamos logo ! - ela diz, perdendo a paciência e me puxando para fora.
- Ai Julie !- resmungo quando ela me jogo dentro do carro, fazendo meus cabelos ruivos caírem sobre meu rosto. Bufo de frustração quando Julie entra no carro e o liga, saindo da garagem.

Me recosto irritada no banco de couro do carro e cruzo os braços num claro sinal de protesto, mas Julie me ignora totalmente até chegarmos a grande igreja branca de Homens chapel.

Ela desce e da à volta no carro, abrindo a minha porta logo em seguida.

- Desça! - ela manda, olho-a indignada por ela estar me tratando como criança, mas seus olhos azuis expressam indiferença. Bufo alto antes de sair do carro. Julie agarra meu braço e me leva/arrasta pra dentro da igreja, mesmo sendo mais baixa que eu ela era mais forte, Julie me faz sentar ao lado de um grupo de Beatas em um dos primeiros bancos. Elas me olham com reprovação, pois, na mente delas, não deve ser apropriado se usar short curto e regata dentro da igreja, mas olha minha preocupação. Ou seja, nenhuma! Elas que se danem! Vão tomar no... Ops, esqueci que estou dentro de uma igreja. Sorte delas! Ou então iria despejar todo o meu dicionário de palavrões, que não é pequeno, essas beatas intrometidas.

- Pare com isso! - sibila Julie sentada ao meu lado.
- Com o quê ? - me faço de desentendida e lanço mais um olhar fulminante as beatas.
- De tentar matar as pessoas com os olhos!
- Não vou parar até elas pararem de me olhar daquele jeito ! - retruco, elevando um pouco a voz.
- Shhiii vai começar! - diz a mulher ao meu lado.

Me viro para mandá-la tomar no cu, mas Julie me da uma cotovelada e me contento em olhar mortalmente para as duas.
O padre começa a falar, mas não presto atenção, pego meu celular e começo a trocar mensagens com um carinha com quem eu fiquei há algumas noites atrás.

- Lilith, preste atenção ! -sibila Julie me cutucando, mas não dou atenção e tudo fica assim por alguns minutos: o padre falando numa lenga- lenga, eu mexendo no celular e a Julie me cutucando. Até que ela me da uma cutucada particularmente dolorosa nas costelas.
- Porque não enfia esse dedo no cu ?! - pergunto, irritada, bem na hora em que o padre fica em silêncio, ou seja, todo mundo ouviu o que eu disse.
- Senhorita ? - o padre me chama suavemente, e eu levanto o olhar para ele pela primeira vez e me arrependo de só ter feito isso agora. Ele era simplesmente o cara mais gostoso que eu já vi em toda a minha vida! Era alto, forte, a pele branca como leite, cabelos cacheados e olhos verdes intensos.

- Senhorita ? - vejo seus lábios carnudos se moverem e fico hipnotizada, até perceber que ele está me chamando.

- Sim? - pergunto com a voz falha.

- É a primeira vez que vem a uma igreja? - ele pergunta, gentilmente, os olhos verdes atenciosamente sobre mim.
- Sim.
Mas que droga! Parece que eu só consigo dizer "sim"!

- Então me deixe avisá-la de que não se deve usar esse tipo de vocabulário na igreja. - ele diz, me dando um sorriso e mostrando as covinhas.

- Ah, Desculpe! - falo um pouco constrangida.
Será que ele me deixa morde-lo ? Em todos os lugares ?

- Tudo bem, mas que isso não se repita! - ele fala e eu aceno em concordância. Então ele volta a falar e dessa vez eu presto atenção.

Sabe, de repente, a igreja ficou, hum, interessante.

Salmo 129Onde histórias criam vida. Descubra agora