Entrei em casa que, aparentemente, estava vazia. Não acendi as luzes e fui em direção às escadas, subindo-as rapidamente. Passei pelo corredor e pela primeira vez algo me chamou atenção. Franzo a testa e sigo ate o final do corredor, onde há um crucifixo de madeira pendurado na parede. Pela poeira e desgaste, eu diria que ele estava La antes que Julie eu viéssemos morar aqui, há um mês. Levanto a mão e corro os dedos pelo objeto de madeira rústica, ele me fazia lembrar de Julie, do padre Harry e de minha mãe
Balancei a cabeça e me afastei do adorno, indo para meu quarto, meu objetivo inicial, onde corro ate o guarda roupa e pego uma enorme mala preta, abro-a em cima da cama e começo a jogar meus pertences dentro de forma desordenada
Queria ir embora antes que Julie chegasse.
Corro ate o banheiro, equipando uma necesser, afinal, a Irlanda era um pouco longe. E era pra La que eu iria.
Corro de volta para o quarto e atocho o resto das coisas na mala, tendo que pular em cima da mesma para puder fechá-la
Finalmente com tudo pronto, saio do quarto arrastando a mala pesada numa das mãos e com a bolsa na outra. Estou quase no final do corredor quando me viro e vejo o crucifixo. Bufo e, sem acreditar que estou realmente fazendo isso, largo a mala e corro para pega-lo. Seria uma lembrança de Holmes chapel, de Julie, do padre Harry e da minha mãe.
Suspiro, ela estava muito em meus pensamentos hoje.
Corri de volta para onde deixei a mala, agora com o crucifixo apertado contra o peito. Desço as escadas com dificuldade e me arrasto ate a porta da frente. Abro e paro por um minuto para ver a casa. Suspiro. Eu não me despediria de Julie, ela entenderia. Volto a puxar minhas coisas pra fora e fecho a porta, trancando-a e colocando a chave embaixo do capacho. Já sem fôlego para carregar a mala, jogo- a pela escada de madeira da varanda e desço rapidamente para apanhá-la
-Lilith?
MERDA!
Me viro e vejo Julie parada na varanda de Carl com o mesmo ao seu lado, ela olha pra mim e depois pra minha mala
- onde esta indo?- ela pergunta vindo ate mim com Carl em seu encalço
- eu vou... Na padaria!
- e vai levar todas as suas coisas?- ela questiona e estreita os olhos azuis na minha direção
Por que eu não podia ter uma amiga burra?
- vou embora Julie- sussurro olhando pra baixo e escuto ela arfar
- o que? Por que Ang...
- Lilith! Meu nome é Lilith!- interrompo o que ela ia dizendo
- você vai embora, posso chamá-la do que eu quiser Angeline!- ela esbraveja e fecho os olhos, estremecendo quando ela diz meu nome verdadeiro
- Angeline?- pergunta Carl confuso- quem é Angeline?
Ah, esse é loiro de verdade!
- minha vó!- respondo antes que Julie o faça
- por que vai embora?- ela pergunta cruzando os braços sobre o peito
- por que não tenho mais nada pra fazer aqui- digo dando de ombros
- mas e eu? E eu Ang...
- Lilith!- digo entredentes- e quanto a você, nunca vamos deixar de ser amigas Ju- falo chegando perto dela
- mas você vai me deixar- ela diz fazendo beicinho e eu sorrio
- tenho certeza que vão cuidar muito bem de você- falo abraçando a loira- certo Carl?- olho ameacadoramente pra ele por cima da cabeça de Julie
- pode deixar!- ele diz batendo continência
- um dia vai me contar por que esta indo embora Angel?- pergunta Julie quando nos afastamos. Abro a boca para lhe dizer que meu nome é Lilith, mas paro quando vejo a carinha de cachorrinho dela
- talvez Ju- respondo carinhosamente
- promete que vai voltar?- ela pede segurando minha mão nas suas e fazendo carinha de gato do Shrek
- prometo Ju- falo sorrindo e ela me puxa para mais um abraço
- eu te amo Angel
- eu também te amo Ju
Afastamos-nos e Carl me ajuda com a mala
- cuide dela pra mim Carl!- falo entrando no carro
- pode deixar!- ele diz e sorrio ao vê-los abraçados no meio fio
Eles faziam um belo casal
Aceno um ultimo adeus antes de sair com o carro rua afora. Dirijo sem pressa pelas ruas tranqüilas de Homes Chapel e passo em frente a igreja, onde vejo o padre Harry conversando com algumas crianças
Buzino e ele levanta o olhar pra mim. E é isso a ultima coisa que vejo antes de virar a esquina. Seus lindos olhos verdes.
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Salmo 129
FanfictionSinopse: Aproximei-me dele, colando nossos corpos, peguei sua mão direita e pressionei contra a minha coxa. Seus olhos verdes pareciam assustados, mas eu podia ver um pouco de desejo neles. Sorri e sussurrei: - Salmo 129, padre, salmo 129. OBS: es...