Desci do carro e olhei para a pequena casa a minha frente, a tinta branca descascando em alguns lugares, as janelas cobertas de poeira e uma cortina de hera tomando o telhado e parte da frente da casa.Caminhei lentamente ate o portão de ferro trabalhado, a única coisa que separava a casa, e o jardim mal cuidado, da rua. Ergui cautelosamente a mão e coloquei sobre o ferrolho do portão, sentindo sua frieza, abri e empurrei o mesmo, já contando com o leve rangido.
Segui pelo caminho de seixos limosos, lembrando de todas as vezes em que minha mãe me repreendeu por correr ali, e subi os velhos degraus de madeira da varanda, ouvindo meus saltos estalarem em contato com o piso de madeira, fui ate a porta de madeira escura, fazendo careta para a velha gárgula de metal pendurada ali, e girei a maçaneta.
A porta não abriu.
- Como você é burra. - resmunguei para mim mesma, enquanto tateava a bolsa em busca da chave.
Coloquei a chave na fechadura, percebendo pela primeira vez que minhas mãos estavam tremulas, e, depois de uma luta com a fechadura velha, abri a porta dando visão para o hall escuro. Entrei. Aqui eu não tinha nada a temer. Deixei meus olhos se adaptarem ao breu e depois passeei pelo térreo da casa ascendendo as luzes por onde passava.
Após uma pequena visita a cozinha, de onde fui expulsa por baratas, resolvi ir ao primeiro andar.
Subi as escadas, já contando com o estalo da madeira velha, e entrei no pequeno corredor. Tateei pela parede a procura do interruptor e ascendi a luz.
Meu olhar foi atraído para a segunda porta a minha esquerda, onde havia pendurada uma plaquinha branca com o nome Angeline escrito com letras floreadas e cor de rosa. Andei, quase inconscientemente, ate a porta e a abri, revelando um cômodo amplo e iluminado, com o papel de parede, que antes era coberto de florzinhas rosas, desbotado pelas infiltrações que desciam pelas paredes, um guarda roupa branco e pequeno, uma cama de solteiro coberta por uma colcha com desenho de corações e uma boneca ruiva, com asinhas e aureola de anjo, caída no chão.
Meus olhos se encheram de lagrimas ao olhar o quarto. Meu quarto. Peguei a boneca, Anjinha era seu nome, do chão e espanei a poeira de seu vestidinho branco com detalhes dourados. Abracei-a e me sentei na cama, sentindo as lagrimas descerem pelo meu rosto.
Fazia anos que eu não vinha aqui. Era muito difícil pra mim lembrar da minha mãe.
Ouvi o barulho de uma chuva torrencial lá fora.
Enxuguei as lagrimas e enterrei o rosto no cabelo de Anjinha, sentindo seu perfume de morango.
A campainha tocou e me levantei assustada. Quem bateria na porta de uma casa visivelmente abandonada no meio de um temporal?
Um louco!
A campainha tocou novamente e pousei Anjinha na cama, saindo do quarto logo em seguida e descendo as escadas aos pulos. Cheguei em frente a porta e hesitei. Será que eu abro?
- Lilith! - chamou uma voz rouca, que reconheci imediatamente.
- Padre Harry! - murmurei e abri a porta de supetão, dando de cara com Harry, todo molhado. - Harry? O que faz aqui?
Ele me olha fixamente e morde os lábios.
- Lilith, quer dizer Angel, eu preciso falar com você. - ele disse aflito e me surpreendo, como ele sabia meu nome?
- Não temos nada para falar, Harry - falo me afastando, pronta para fechar a porta, mas ele empurrou-a com força, fazendo-a bater na parede e voltar. Olhei para ele totalmente surpresa. - Harr...
Ele não deu chance pra que eu falasse, me prensou na parede e tomou meus lábios num beijo quente. Minhas mãos logo estavam em sua nuca, puxando seus cachos, e ele apertava minha cintura.
Ele me prensou com mais força a parede, me fazendo gemer tanto de dor como de excitação.
Mas aí, o ar se fez necessário e nos afastamos arfantes.
- O que aconteceu com você? - pergunto surpresa.
- Você, você aconteceu comigo. - ele diz, segurando meu rosto entre as mãos.- E agora não consigo mais parar de pensar em você - ele roça o nariz no meu. - De querer você - acrescenta, apertando seu corpo ainda mais contra o meu, gemi baixo.
- Acho que criei um monstro. - falei e nós rimos.
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Salmo 129
FanfictionSinopse: Aproximei-me dele, colando nossos corpos, peguei sua mão direita e pressionei contra a minha coxa. Seus olhos verdes pareciam assustados, mas eu podia ver um pouco de desejo neles. Sorri e sussurrei: - Salmo 129, padre, salmo 129. OBS: es...