I. Outra vez você. (Parte I)

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Província de Gyeonggi, Seul. 15 de agosto, 2019.

⁖ Yoo Jeongyeon

AM 02:37

Hoje é o Dia de Ações de Graça Sul-Coreano. Em mais uma noite de plantão, talvez o quinto ano seguido que não participo desse evento familiar. O meu departamento - infantil - não atende tanto em noites como essa; às vezes um engasgo, intoxicação alimentar... mas nada muito brutal.

Então, em noites como essa, fico no departamento de casos urgentes. Daqueles que chegam ao som da sirene. Mas parece que as coisas vão bem em Seul.

O telefone pouco tocou. Os enfermeiros todos pausam pra desejar 'feliz ação de graças' na porta.

— Jeon! — Parecendo apreensiva, Jihyo, toca meu interfone. — Sua mãe acabou de me ligar. Ela quer que você vá pra Incheon agora mesmo.

— O quê?! — Sem entendimento, a respondi. — Por que em Incheon? Não é o meu irmão o responsável pela unidade de lá?

— Eu também não entendi, Yoo. Mas ela falou com um tom autoritário... vá depressa!

Era realmente bem confuso. Da nossa linha de hospitais, eu sou diretora da unidade de Seul, e o meu irmão de Incheon... Por que me ligar? Não acho valido questionar demais. Afinal, ela é minha mãe.

Sem tempo pra mais cogitações, peguei a chave do carro e fui imediatamente pra estrada. Incheon e Seul estão na mesma província, Gyeonggi-do, então são poucos minutos se os faróis estiverem fechados. Não exitei. Pés firmes no acelerador. A curiosidade foi mais predominante do que a capacidade dos freios.

Em questão de instantes eu já estacionava na vaga executiva daquele enorme hospital. Apertando os botões do elevador com fúria — como se fossem mudar seu sistema de rapidez só pra mim — enquanto eu despachava a ansiedade na tensão entre meus dedos e eles.

Diferente da minha unidade, aquele pronto atendimento estava um verdadeiro caos. Enfermeiros, pacientes, chorões, medrosos, furiosos; todos corriam de um lado pro outro, e os meus olhos (completamente confusos com aquela multidão) buscavam por encontrar os da Sra Yoo.

Como imãs se procuram, ela também me procurava. Então nos achamos.

— Filha! — Acenou pra mim, a alguns metros. — Venha cá, menina. É urgente!

No meu cérebro havia uma grande interrogação branca - cor hospitalar pra combinar.

Ela me guiou até a sala de cirurgia, sendo limpa após um sangüinolento procedimento. A interrogação só ficava maior.

— Im Nayeon.

— O quê? — Bruscamente respondi. Do que diabos essa coroa tá falando?

— Im Nayeon, filha. A garotinha fofa que estudou com você no ensino médio, lembra? — E então, a interrogação sumiu, dando lugar a um imenso e silencioso vazio.

Lembro, mãe. Lembro bem.

— Ela chegou aqui completamente machucada, Jeonny... — continuou. Eu apenas a olhava, quieta. Com as pipilas inquietas. — Sei que é um pouco contra as regras disciplinares da medicina mas... ela teve uma fratura no crânio, e provavelmente não vai acordar com o juízo no lugar, entende? E eu pensei que...

Diante de Você - 2YEONOnde histórias criam vida. Descubra agora