...Na vastidão do mundo, em algum lugar distante... Na base de uma montanha, um coelho foge de um lobo.
Ambos cansados, sozinhos e longe de seus semelhantes, à beira de seus limites, lutando pela mesma causa.
Sobrevivência.
Passos em meio à neve, uma leve e delicada respiração. Uma capa escura como a noite...
— Mas, onde está o amor nisso? — um sussurro sai de sua boca.
Em um vento forte faz um sutil movimento seu capuz, ela então o segura; seria um problema se o sol tocasse o seu rosto...
Tanto o lobo quanto o coelho param para observá-la, em momento de descanso. Uma andarilha solitária, andando aparentemente sem rumo ou qualquer outro propósito. Talvez ela tenha esquecido?
Não, ainda está claro em sua mente...
Suas mãos, há muito tempo descobertas, estão congelando. Porém, sua mente focada a impede de ceder e de se distrair com qualquer outra coisa.
— A neve até que é reconfortante — pensa ela. Seguindo seu caminho, um passo de cada vez.
Mas enquanto ela caminhava, sua atenção é voltada a um sentimento estranhamente familiar.
Algo... A muito longe... Um zumbido ou assobio, mas do mesmo jeito familiar, como uma música.
Os passos param...
Um impulso de energia então emana ao leste. Uma luz avança, se expandindo ao horizonte ao mesmo tempo em que perde sua cor; em seguida, uma forte ventania.
— Isso foi magia? Não... Eu me lembro dessa sensação... — ela diz, mas ainda com muitas dúvidas.
Com seus olhos fechados, uma nuvem escura desce da montanha, uma tempestade está se formando... Trocando sua trajetória, ela então segue calmamente a leste. Em direção da tempestade... onde neve e neblina se formam, fazendo com que ela suma rapidamente.
Andando para seu objetivo.
Um passo de cada vez.
.
.
.
Um sonho?
Talvez...
Inerte em minha cama, durmo confortavelmente, imóvel aproveitando uma maravilhosa brisa gelada vinda de uma janela aberta em meu quarto. A calmaria da chuva acabou me trazendo a tranquilidade e reconforto que eu estava precisando para finalizar o dia...
Escutando inconscientemente a sinfonia dos trovões que caem, eu me sinto bem tranquilo para cair em sono profundo.
Mas, em meio a toda essa tranquilidade, começo a sentir um pequeno desconforto, sinto uma leve pressão em minha bochecha.
Tento me virar de um lado para o outro, mas ainda sou cutucado.
Nessa situação não vejo outra opção a não ser acordar e ver que demônio está atormentando meu merecido momento de descanso.
Abrindo meus olhos, vejo nada mais que uma luz azul em minha cara... E um dedo apertando meu rosto.
Era Auri, ela parecia preocupada com algo.
— Hm? Aconteceu algo? — pergunto ainda deitado.
Ela então permanece em silêncio. Sua mão então aperta os lençóis de minha cama de maneira desajeitada, como se estivesse tentando encontrar alguma maneira de me acordar... E como se ela não tivesse me escutado falar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LíriKa: A Deusa Da Proteção.
FantasíaNory, um jovem artesão que vivia envolto em solidão, rompe com sua rotina melancólica ao criar Auri, uma "marionete mágica", resultado da ideia de um antigo livro que ele havia encontrado. Ao dedicar algumas semanas a cuidar dela, ele vê sua nova vi...