LíriKa: A Deusa Da Proteção.

Capítulo 08: Próximo Ao Sol.

...

Minha consciência está inconsciente...

Então, por quê?

Porque estou ciente disso?

Essa sensação...

Para ser exato, é como se eu não estivesse sentindo nada. Meus sentidos estão em zero, junto com meu entendimento sobre o que está acontecendo. Tento me movimentar, mas mesmo que conseguisse, acho que não conseguiria saber se realmente estou me mexendo.

Que loucura.

Será que desmaiei? Ou isso é um sonho?

A última coisa que me lembro é meu corpo congelando, e ela...

Será que morri?

É, talvez seja isso...

Então, isso é a sensação de estar morto?

Um limbo vazio, um lugar amargo onde não há nada além de sombras em um espaço sem limites? Hum... é como um sonho, uma realidade irreal onde estou sozinho.

Começo a rir internamente, achando tudo isso engraçado apesar de estranho.

Que loucura... É engraçado o quão ironicamente isso lembra meu quarto...

Vazio, escuro e melancólico.

Bom, mas acho que é melhor do que apenas deixar de existir, né.

...

Depois de ficar um tempo parado, esperando algo acontecer, percebo que nada realmente irá ocorrer.

Me pergunto se há algo que eu possa fazer nesse estado... Não consigo me mexer, nem sentir, nem ver nada. Será que vou ficar assim para sempre?

Bom, então acho que isso é pior do que deixar de existir...

Fico um tempo parado, pensando e repensando sobre as coisas. Mas sem me torturar com questões do passado como arrependimentos... Já cansei disso há muito tempo.

Lembro dos dias em que me arrependia de coisas simples. Como não ter expressado meus sentimentos para alguém e de não ter tantos amigos...

Mas eu sempre fui assim... sozinho, solitário, em solidão. Mesmo depois de aceitar essas minhas falhas, tive que conviver comigo mesmo até começar a me auto-odiar.

Para não começar a pensar sobre... Ódio, raiva, tristeza e essas coisas... Comecei a fazer coisas que eu gostava.

Sempre gostei de artesanato... Lembro quando fiz minha primeira...

Hum... Ah, me perdi em pensamentos novamente.

Não quero reviver um passado que já se foi...

Hum, irônico porque é apenas isso que me resta.

Um passado.

...

Em meio às reflexões, começo finalmente a sentir algo... Escuto algo na escuridão.

Parece ser alguém chorando.

Isso é bizarro, no mínimo, mas significa que não estou sozinho aqui.

Tento me mover.

Mesmo não sentindo nada como mãos e pés, percebo que estou me movendo devido ao som.

Arrasto-me em direção à origem do choro. E ao chegar perto, começo a recuperar outros sentidos como olfato, paladar e tato.

- Oi?! Tem alguém aí? - pergunto ao chegar ao local do choro.

Escuto soluços e tento me aproximar.