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...Lucy Manciny Leens
O embarque do avião estava quase completo, exceto por algumas cadeiras que ainda precisavam ser ocupadas, mas nada muito numeroso
Eu nunca tinha andado de avião antes, mas não estava nervosa, pois já vi e fiz coisas bem piores que isso
Assim que todos os acentos estavam ocupados, a aeromoça começou a dizer oque fazer caso o avião caía, e se ocorrer uma turbulência, era para todos ficarem calmos. Ela dava as instruções para todos, como "não tirem os cintos" e " tenham cuidado ao ir até o banheiro, para não incomodar" coisas assim
Quando o avião começou a se locomover na grande pista de voo, eu encostei minhas costas na cadeira, que era bem confortável e fechei meus olhos, suspirando pesado, pensando em como vai ser a minha vida, minha nova vida
Eu nunca vi o rosto do meu pai, a não ser por fotos e vídeos que minha mãe me mostrou quando eu era pequena, e algumas fotografias que tinham na casa de meus avós, de quando minha mãe conheceu meu pai, e quando eu nasci, as mesmas fotografias que depois de algum tempo, meus avós jogaram fora
O silêncio pairou pelo ar, só era possível escutar alguns cochichos e roncos, mas não era grade coisa
Cerca de trinta minutos de paz se passaram, até o avião parar bruscamente, eu abri meus olhos preocupada e as outras pessoas começaram a questionar as aeromoças, que também estavam confusas
Eu olhei pela janela e vi alguns carros esportivos, feitos perfeitamente para aguentar a alta velocidade que os motoristas queriam, parados ao lado do avião, os carros eram brancos, e só avia um carro preto, que era o que se destacava entre os outros
Todos os vidros dos carros eram fumê, ou seja, não dava pra ver se tinha alguém ali
A porta do avião foi aberta, e por ela, entraram cerca de dez homens, eles usavam roupas pretas e algo parecido com uma máscara, que deixavam somente seus olhos expostos. Eles se dividiram entre os dois corredores de cadeiras, pareciam estar procurando por algo ou alguém
Quando dois deles chegaram na fileira onde eu estava, um homem, meio gordo e bem vestido correu para a parte de trás, se aproximando da minha cadeira
As pessoas estavam todas assustadas, tinham algumas crianças chorando baixo, e algumas pessoas soluçando, ninguem ousava fazer barulho algum, os que choravam, só era possível saber que estavam chorando, pelas lágrimas que escorriam por seus rostos
O homem gorducho que correu de sua cadeira, estava com uma maleta em suas mãos, e ele a segurava com força, como se soubesse que era aquilo que estavam procurando. Ele estava parado um pouco na minha frente, quase do meu lado, e eu o olhava fixamente, quando o seu olhar se cruzou com o meu, ele arregalou mais ainda seus olhos, e pude jurar que já o vi antes, o suor que escorria de sua testa e molhava seu terno, e quando ele parou de me olhar, foi para encarar o homem vestido de preto, que usava as roupas um pouco maiores que si, que já estava em sua frente
- Por favor.. estou apenas recebendo ordens - o gorducho falou, receoso
- eu também estou.. estou recebendo minhas próprias ordens, e essas ordens são de matar você - o outro falou com confiança e um pouco de sarcasmo
Eu não vi ao certo oque aconteceu, só vi o gorducho jogando a maleta em meu colo e logo depois o barulho de um disparo alto, algumas pessoas soltaram gritos finos, e eu só percebi oque de fato tinha acontecido, quando as gotas de líquido quente mancharam minha blusa beje, e espingaram em meu rosto, a maleta que a segundos antes estava em meu colo, foi parar em meus pés
Eu não tinha percebido, mas todos os dez homens que entraram no avião tinham em suas mãos algum tipo de arma de fogo, só pude reparar nisso quando o gorducho já estava caído no chão, com um furo em sua testa, e seu sangue escorrendo pelo chão do avião
Aquilo não me assustava, não era nem um terço do que já havia visto, eu olhava para o cadáver friamente, sem nenhuma expressão, nem medo ou nojo, nada
O primeiro movimento que foi feito depois do disparo, foi do rapaz que atirou, ele se abaixou em minha direção e agarrou a alça da mala, quando ele ia se levantar eu pisei na mala com minha bota coturno preta, tinha que ter um motivo para o gorducho ter a jogado no meu colo, eu não deixaria ninguém a tirar dali até descobrir oque tinha dentro dela
A sensação de que eu conhecia aquele homem era muito forte, eu sentia que já o tinha visto antes em algum lugar, e a forma como ele me olhou entregou oque eu já tinha quase certeza, ele me conhecia, e eu tenho que descobrir que tipo de vínculo eu tinha com ele
O garoto que estava segurando a maleta ficou na altura de meu rosto, me permitindo olhar para ele, seu olhos se fixaram nos meus
Ele tinha olhos negros e tentadores, eu podia ver o abismo que era sua vida apenas de encara-los, eles passavam medo e desejo, davam vontade de recuar, mas, ao mesmo tempo, de se aproximar, de descobrir
O garoto soltou a alça da mala e se levantou, e me olhou antes de virar as costas e sair do avião acompanhado dos outros
Aquele olhar quis me dizer algo que eu entendi imediatamente, ele viria atrás de mim, pela maleta, e por mim
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• segundo cap
• 933 palavras
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𝔓𝔞𝔦𝔫 𝔬𝔣 𝔏𝔬𝔳𝔢 - 𝕿𝖔𝖒 𝕶𝖆𝖚𝖑𝖎𝖙𝖟
Fiksi Penggemarter uma infância conturbada cria adolescentes doentes, ambos tinham tudo para serem as pessoas corretas um para o outro, mas eram doentes demais para isso Com passados sombrios e problemáticos, ambos sofreram, e tanto ele, como ela, estão atrás da...