Capítulo 5

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Capítulo 5

Após toda a confusão, Si-eun se dirige ao hospital de Yeong-bin com a professora responsável, e Su-ho logo atrás deles. Para Si-eun, isso era apenas uma perda de tempo, mas um garoto tão calculista como ele já sabia das consequências de seus atos. Chegando ao hospital, Su-ho ficou na sala de espera, enquanto a professora e Si-eun conversavam com a mãe de Yeong-bin.

No quarto do hospital:

"seu aluno é maluco? O que ele estava tentando fazer batendo no meu filho?" - A mãe de Yeong-bin, furiosa com a situação, questiona a professora de Si-eun.

"Eu peço mil perdões, senhora..." - a professora começa a dizer, mas Si-eun a interrompe:

"Seu filho forçou um aluno a colocar este adesivo de fentanil no meu pescoço." Si-eun estende o braço na direção da mãe de Yeong-bin, mostrando um pequeno adesivo em seu dedo.

"O que você está dizendo, idiota, você tem provas?" - Yeong-bin retruca.

"Você ainda não entendeu a situação?" - Si-eun começa a jogar as coisas da mochila de Yeong-bin na cama hospitalar. "Esta é sua mochila, certo?" - Si-eun afirma, e uma caixa de fentanil cai entre livros e um estojo. A mãe de Yeong-bin parece chocada com a situação; ela podia jurar que seu filho era a vítima da história.

Depois de longos minutos de conversa, a mãe de Yeong-bin decide não denunciar Si-eun. A professora continua a conversar com a mãe de Yeong-bin, enquanto Si-eun sai em direção à sala de espera.

Ele vê Su-ho sentado, cochilando. Ele não sabia dizer por que Su-ho ficou tanto tempo ali esperando, e o que aconteceu com suas obrigações, incluindo o restaurante da sua família. Por um lado, Si-eun achava que ele era um idiota por deixar suas responsabilidades à mercê de algo que nem era problema dele, mas, por outro lado, isso o fazia sentir-se especial de alguma forma.

Enquanto Si-eun observa por breves segundos Su-ho dormindo, ele não pode deixar de notar um pouco de beleza no rosto de Su-ho. Ele não queria admitir, mas tinha um carinho secreto por ele, algo que ia além de uma simples amizade. No entanto, essa atração estava envolta em um véu de incerteza e medo de estragar a pequena partícula de amizade que compartilhavam. Ele iria manter seus sentimentos platônicos bem guardados, evitando torná-los óbvios, mas as faíscas de algo mais estavam presentes sempre que se encontravam.

Si-eun retornou à sua casa e se deparou com seu pai estendendo roupas na sala. Já fazia tanto tempo desde a última vez que ele esteve em casa, Si-eun havia quase esquecido como era tê-lo por perto. Na verdade, a presença dele ou a ausência dele já não fazia diferença para Si-eun. Desde que sua mãe saiu de casa, o pai de Si-eun olha em direção à porta por um segundo e percebe a confusão em que a roupa de Si-eun estava. Parecia que ele tinha sido engolido por um leão. O pai de Si-eun pergunta:

"Ei, você parece um trapo." O pai de Si-eun conserta a gola da blusa dele.

"Eu me machuquei durante a aula de educação física." Si-eun retruca.

"Você desmaiou de novo?" O pai de Si-eun agarra levemente o rosto de Si-eun.

"Não, isso não acontece mais." Si-eun entra direto para seu quarto, deixando seu pai parado na sala.

Para Si-eun, era difícil e estranho ter seu pai por perto. O passado havia deixado cicatrizes profundas em sua relação, e o tempo afastados só parecia tê-las aprofundado. Si-eun não sabia se havia espaço para cura ou reconciliação. Apesar de tudo, o pai de Si-eun sabia que aqueles machucados não eram por um acidente na aula. Si-eun faz sua rotina de sempre, faz deveres, estuda e assiste aulas em vídeo.

No dia seguinte, como sempre, Si-eun está sentado em sua mesa olhando para alguns livros. Em alguns segundos, aquele grupo de valentões está pronto para incomodar Si-eun novamente.

"Ei, seu idiota, nos veja depois da escola." Um dos valentões ordena a Si-eun. "Você me pegou desprevenido ontem, seu cretino."

Si-eun encara o valentão por alguns segundos e fala:

"Eu vou vê-los agora." Si-eun se levanta e vai em direção ao banheiro. Todos ao redor estavam chocados com a ação de Si-eun, e se cria um pequeno tumulto em frente ao banheiro.

Si-eun e os dois valentões, agora no banheiro, criam uma tensão no clima. Si-eun dá o primeiro passo em direção à porta, cheia de alunos curiosos, e a fecha, deixando apenas os três no cômodo. Si-eun puxa uma caneta do seu bolso.

"O estudo do cão de Pavlov. Você toca uma campainha, alimenta os cachorros, os cachorros babam, você toca a campainha, alimenta o cachorro..." (Si-eun continua se aproximando dos dois valentões) "Toque uma campainha e pare."

"Vamos parar, por favor." Si-eun dá a primeira palavra após minutos de silêncio. "Eu disse, por favor..." Si-eun é interrompido com um golpe rápido de um dos valentões.

Todos naquela sala achavam que estavam sozinhos.

Antes que os valentões avançassem novamente para cima de Si-eun, Su-ho chuta a porta de dentro de uma das cabines do banheiro.

Mais uma vez, Su-ho parecia ser o anjo da guarda de Si-eun. Aquele rapaz fraco não teria como enfrentar duas pessoas com apenas uma caneta e nenhum preparo físico.

Assim que os valentões perceberam a presença decidida de Su-ho, optaram por abandonar a briga idiota e saíram da sala, reconhecendo que não valia a pena confrontá-lo.

O tumulto que havia na porta começou a se dispersar, até que restaram apenas Si-eun e Su-ho no banheiro. Eles se entreolharam, a adrenalina da situação ainda pulsando em seus corpos. Su-ho estava lá, como sempre, disposto a proteger Si-eun, e ele de alguma forma estava aliviado por saber que Su-ho parecia sempre pronto para ajudá-lo.

Nesse momento de silêncio tenso, as palavras pareciam desnecessárias. Os olhares que trocaram falaram mais do que qualquer conversa poderia expressar. Suas expressões revelavam um elo especial, uma compreensão mútua que transcendia as palavras. A presença um do outro proporcionava um senso de segurança e conforto.

Laços inquebráveisOnde histórias criam vida. Descubra agora