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Park Nayeon

Talvez a ideia da professora Shin não tenha sido tão boa.

Estou sentada, me sentindo bem desconfortável, com Lee Heeseung em minha frente.

Eu não estava esperando tanta gentileza dele. Ele é simplesmente mais legal do que eu pensei, quando estava saindo de casa.

Cheguei na escola nervosa e apavorada. Preciso confessar que quase desisti quando a professora me disse que havia decidido que Heeseung me daria aulas particulares. Imaginei milhares de coisas terríveis.

A situação não melhorou quando pisei no solo escolar e vi Lee andando em minha direção, para confirmar nosso "encontro" após as aulas.

Tenho certeza que ele conseguiu escutar as batidas nervosas e desreguladas do meu coração.

Bem, então decidimos ir até a biblioteca, local onde ninguém utilizava durante o período da tarde. E onde a professora havia nos indicado. Estamos aqui no momento.

Estou segurando minhas mãos, para não mostrar a ele que estão tremendo.

— Você está com problemas em física, não é? 'Tá bom, podemos ir com calma.

Lee parecia normal e calmo, ao contrário de mim. Quase senti inveja. Um de seus cadernos estava sobre a mesa e sua mochila estava ao lado, em uma das cadeiras.

Seus braços estavam apoiados e ele não tirava os olhos de mim, deixando-me envergonhada.

— Nayeon, por acaso tem algo que te incomoda? Algo que te impede de aprender? – ele perguntou e meu estômago se revirou – Se pudermos reconhecer o problema, talvez seja mais fácil de excluirmos.

Desviei meu olhar para minhas pernas, onde minhas mãos trêmulas se encontraram. Eu não quero falar sobre isso.

Creio que ele tenha entendido o caso, então o escutei abrindo seu caderno. Levantei minha cabeça, vendo que ele escrevia algo.

— Aqui. – Heeseung virou seu caderno em minha direção.

Sua caligrafia era bonita, mas ao mesmo tempo desengonçada. Li as primeiras palavras que diziam "Dia 01" no topo. Pulando uma linha, vinha um "Dificuldades de Nayeon" e ao lado "Facilidades de Nayeon" como se fossem duas colunas.

Não deixei de notar um "Professor Heeseung :)" abaixo das anotações.

— Escreva o que você acha que precisa melhorar e o que você já sabe. Assim ficará mais fácil para eu te ensinar.

Ele sorriu, me entregando sua caneta para que eu pudesse escrever nas linhas em branco da folha.

— Ah, e você pode me chamar de Heeseung – acrescentou. Olhei para ele. – Não precisa ser formal comigo.

Antes que eu pudesse assentir, algo invadiu minha mente. Um rosto familiar e alegre, cabelos claros e ondulados, como as ondas do mar. Abri a boca, mas nada saiu dela.

Se importa se eu te chamasse de Lee?

Ele pareceu surpreso com minha pergunta. Sei que eu não deveria fazer isso, nem são tão parecidos. Mas, de outro lado, tudo me recorda dele.

— Pode, sem problemas.

Comecei a escrever, sem me importar com seu olhar ou o que pensava.

Os dias que penso em Heechul são considerados dias ruins. Eu posso sim ter amado ele, mas isso pode arruinar o meu progresso, superação e até mesmo minha vida. Tento sempre ignorar todos os pensamentos e lembranças para que eu possa viver normalmente.

𝗦ilent Class | Lee Heeseung Onde histórias criam vida. Descubra agora