Capítulo 2

9 2 0
                                    


Francisco, Modesto, Manoel, Anisio, tomaram uma decisão, irem embora para outros lugares, procurar onde poderiam, ter uma vida melhor, já q eram novos com toda a vitalidade, tinham ouvido estórias sobre o Paraiso, o lugar onde estava o futuro, decidiram rumar para o Estado de São Paulo, precisamente para o interior do sertão Paulista.

Tomar a decisão até que foi fácil, agora sem, condições nenhuma, quando digo nenhuma é nada mesmo, carecia amadurecer este sonho, reunirem-se várias vezes, trocarem ideias, se prepararem, pedir autorização para os pais, ver como fazer esta epopeia, era muitas dificuldades, financeira, material, física e também psicológica, porque estariam deixando para trás, a família, conhecidos, as paqueras mesmo que nunca tinham sequer, ficado a menos de um metro, a coisa era feroz naqueles tempos, rigidez de conduta, postura, respeito e também porque não dizer, fazer alguma coisa fora do padrão, não daria 'para imaginar as consequências do ato, poderia ser uma conversa dos familiares, dependendo da gravidade do ato, saia até mortes.

Eles se reuniam frequentemente a beira de lajedo, sempre a tardezinha, onde passavam horas projetando como pôr em prática o projeto de sucesso. Não tinham sequer noção de onde era o Estado de São Paulo, que dirá a distância, buscavam informações com pessoas que de alguma forma tinham mais conhecimentos, comerciante, anciões, quem sábia mais e por aí adiante, daí se reunirem para tomar esta decisão tão arriscada.

Pode não parecer, mas ir embora, poderia parecer uma fuga e também abandono dos familiares. Tinham que amadurecer.

Feitos os estudos ou melhor amadurecido as ideias, pedidos as autorizações devidas Pai, mãe, avós e padrinhos, então começaram os preparativos desta saga.

Aí vem como iniciar esta jornada? as dúvidas? Como comer? Como beber? dormir, quantas léguas? (cada légua são seis quilômetros), num cálculo empírico deles seria mais ou menos seiscentas léguas, não seria uma viagem ininterrupta, claro que teriam que andar, descansar, trabalhar, e se achassem uma festa no caminho festar, orar pedindo proteção a eles e as famílias que deixariam, para trás., onde viviam. Como se locomoverem? Esta resposta eles já sabiam, a pé.

Aqui entra mais um personagem, mais um jovem que morava um pouco distante, juntou-se ao grupo com o mesmo propósito.

Viram que agora, não são mais quatro e sim cinco retirantes. Para não ficar sem identificação, chama-se Francisco, que daqui para frente, será nosso personagem como Franscisco Dois.

A preparação da viagem, começou...As mães com o pouco que tinham, começaram a costurarem as matulas (alforje), São bolsas feitas de brim resistentes, porque com certeza os nossos personagens, passaria por muitos perrengues, dormir no relento, poeira, chuvas e demais intempéries. Estas matulas, feita em modelo que eram transportadas nas costas, onde seria colocado, uma rede, um pouco de roupas e uma parte isolada a comida.

Comida esta, que teria uma durabilidade, pois a viagem era longa...paçoca (carne seca socada no pilão, junto com farinha de mandioca) e alguns pedaços de rapadura....'

Depois de serem abençoados pelos Pais, padrinhos, rezadeiras, bagagem preparadas, sandálias de couro nos pés, jaquetas de brim grossa, chapéu, uns pacotes de fumo e palhas de milho. Partiram bem de madrugadinha, para aproveitar melhor a viagem, antes do sol raiar, porque sabiam que teriam de descansar, quando calor, a secura o sol tornaria quase insuportável no meio do dia precisariam, de um lugar de proteção com sombra e retornariam a caminhada, no período da tarde. Não dormiram aquela noite, por que, toda viagem rumo ao desconhecido, gera uma alteração, seja pelo medo, ansiedade é uma mistura de sentimentos.

Saga dos Retirantes da Seca - BahianaOnde histórias criam vida. Descubra agora