Numa tarde chuvosa, porque São Paulo, por muito tempo foi chamada de Cidade da garoa, veem o responsável por embarca-los e lhes disse, "- Barrigas Verdes, Pau de Arara, vocês serão colocados em um trem rumo ao sertão, e rindo fazendo chacota disse, – se os índios não te matarem, das onças não escapam.
Não dormiram a noite, ficaram conversando e se preparando, para esta viagem ao lugar incerto e não sabido, ainda mais com aquela proposta do feitor, - Se onça não come-los, dos índios não escapam. Dos bichos eles não tinham medo, eram acostumados a conviverem onde moravam, ficaram preocupados com os selvícolas. Mal sabiam eles que era lorota do interlocutor. Pois os índios desta região, já tinham convivência com brancos. Saíram para andar um pouco, deram umas volta pelo centro, mas não eram bem recebidos, por vários motivos, vou citar alguns – medo de se perderem, estavam mal vestidos, e eram motivos de risos dos que já habitavam a tempo na Capital, porque naquela época os Nordestinos, não eram vistos como iguais, eram considerados classes inferiores, ou sub desenvolvidas, não faz muito tempo, que essa pecha ao povo do Nordeste diminuiu, e São Paulo entrava na época de industrialização, haviam muitos trabalhadores em fábrica, na maioria de origem italiana, os empresários usavam muita mão de obra infantil, diga-se de passagem eram mal remunerados. Destaquei essa parte, porque estes povos, também sofriam os preconceitos da época.
Novo dia, nova história
Lá pelas dez horas, os chamaram para embarcar, sabe lá para onde, rumo ao desconhecido.
Embarcavam todos, migrantes, imigrantes era um limpa plataforma, mas normalmente, os imigrantes, partiam em ferrovias, que davam acesso a outras regiões do Estado, nas quais já haviam grandes plantações de café e outras culturas, já que tinham sido triados pelos representantes de fazendas, em plena produtividades. Os nossos personagens, foram embarcados, juntamente com outros nordestinos, imigrantes japoneses, alemães, italianos, libaneses, estrangeiros de outros país, nos trens da Estrada de Ferro Sorocabana e da Paulista.
Toma lá outra vez, vagão de segunda classe, já disse anterior, mas volto a frisar, bancos de madeira e sem o mínimo conforto, tudo igual a viagem contada anterior. Venda de sanduba, chá, café e etc. Esta viagem foi também sofrida, mas aconteceram vários episódios, diferentes para eles.
Ouviam, no trem, várias línguas faladas, não sabiam nem de onde eram estes povos, mas achavam interessante ouvi-los e ficavam abismado com tanta, trava língua, e achavam, o que este povo comentavam, na sua maioria, sobre eles.
Gostavam de ficar ouvindo e de deduzirem, que está acontecendo. Diga-se de passagem, eram o primeiro contato deles, com orientais, nunca tinham vistos. Tudo bem viagem que segue, era uma outra saga andar de trem, fome, sede, acuados num canto mas se divertiam, olhando e ouvindo as conversas dos estrangeiros, principalmente os Japoneses, ficaram curiosos, o que estariam falando, era bom ou era ruim?, comentaram entre si, será que são da terra do outro lado do mundo?, e ficaram abismado com toda esta mistura, certo que o linguajar deles, também diferenciava a dos paulistas, -bem que mãezinha dizia, vocês vão coisas de assustar por este mundo, disse Francisco.
E o trem partiu, partindo da Estação Júlio Prestes, rumo ao interior paulista, passando por várias cidades entre elas Sorocaba, Botucatu, Ourinhos, Assis, e tinha como maior centro de distribuição de cargas, a estação ferroviária da cidade de Indiana, mas a ferrovia chegava até Presidente Epitácio, as margens do Rio Paraná. Aqui cabe salientar, que as pessoas vindo a procura de empregos, desciam em sua maioria na estação de Indiana, a cidade vivia um burburinho, muitos agenciadores de mãos de obras, na época chamados de gatos, ficavam na espreita, esperando o trem chegar, com este pessoal retirantes ou estrangeiros, porque os proprietários, na maioria famílias imigrantes, que ganharam dinheiros trabalhando nas grandes fazendas de café, situadas na parte central do Estado, necessitavam destas mãos de obras, para a derrubada das matas, tornando as terras em áreas de culturas.
Para todo mundo um mundo novo, de difícil adaptação e para nossos heróis, não era diferente, tudo estranhos e perigoso. Olhando por outro prisma era linda a natureza, muita água, rios e córregos cristalinos, cheios de vidas, árvores frondosas e gigantes de várias espécies, peroba, jatobás, ipês etc.
Desembarcando na plataforma da estação ferroviária, já foram assediados pelos agenciadores, que ganhavam uns trocos, ficando de plantão, para arrumar, pessoas e envia-las as propriedades que necessitava de trabalhadores, onde enfrentariam todo tipo de sorte, desde a derrubadas de matas, até fazerem cercados das propriedades.
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Saga dos Retirantes da Seca - Bahiana
Adventure"OS RIOS NÃO BEBEM SUA PRÓPRIA ÁGUA AS ÁRVORES NÃO COMEM SEU PRÓPRIOS FRUTOS O SOL NÃO BRILHA PARA SI MESMO AS FLORES NÃO ESPALHAM SUA FRAGÂNCIA PARA SI VIVER PARA OS OUTROS É UMA REGRA DA NATUREZA A VIDA É BOA QUANDO VOCE ESTÁ FELIZ MAS A VIDA É MU...