Capítulo 11

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Depois desta empreitada, passando por lamaçais, porque devido as matas chovia muito, chegaram no patrimônio de Santo Antônio o dia estava escurecendo, quase já sem luz do dia, o pequeno comércio não dava conta de tanta gente, as ruas movimentadas a iluminação proviam de lampiões pendurados nos comércios, abastecidos a querosene com uma válvula de pressão e ascendiam um dispositivo (camisinha era o nome) feito sedas rendadas, o mais sofisticado da época, um tipo lampião de mesa, que tinha um pavio embebido com querosene, armazenado em um tanquinho, Alladin era o nome, também usava o mesmo processo de luz, através da camisinha incandescentes e produziam uma luz clara, e a famosa lamparina, que era a mais comum, era mais barata e até feita de modo artesanal, consiste em ascender um pavio, feito de algodão também umedecido pelo querosene, produzia uma chama amarela e expelia uma fumaça negra, coisa de outro mundo (risos) as narinas ficavam igual chaminés, mas era o que tinha, para clarear as casas. Estas fontes de luzes era o que iluminavam e davam vida a noite ao pequeno povoado. Ficaram perplexos, questionaram, -nem é domingo, - dia normal da semana, - de onde surgiu este povo? Aqui cabe o porque disto. As glebas compradas pelos colonizadores na maioria imigrantes, que também vieram em busca de melhorar a vida, já que muitos ganharam dinheiro, como colonos, nas lavouras de café, parte central do estado, não dava para comprar terras nestas regiões, por serem caras para eles, e pertenciam a grandes fazendeiros, agora iriam trabalhar em suas próprias terras, eram famílias numerosas, e as áreas adquiridas dificilmente passava dos vinte hectares, então cada área desta, tinha uma ou mais família, uma verdadeira reforma agraria, sem a participação de governo é claro, somente feita por estes desbravadores. Vale salientar vieram imigrantes de várias nacionalidades, italianos, alemães, japoneses, espanhóis, pois a notícia corria aos quatro cantos, era uma terra fértil, água em abundância, rios, córregos, nascentes por todo lado, não tinha recanto em outros lugares tão promissor, realmente o futuro esta ali, lugar de fincar raiz e prosperar, naturalmente que nossos caminhantes, notaram de imediato e disseram – chegamos no nosso porto seguro, vamos nos ajeitar por estas redondezas e progredir juntos com este lugar.

Sentaram na calçada de boteco, para ouvir, estudar e ver como se encaixar nestas paragens. Claro tinham que descansar, comer alguma coisa e como iriam passar aquela noite.

Mas tudo era muito dinâmico, os proprietários de terra e mais algumas pessoas do comércio, notaram logo, que se tratava de nordestinos a procurando serviços e acomodação. Um frequentador do bar, dirigiu-se a Eles e questionou:

- Vocês são de onde, que lugar do nordeste?

Francisco prontamente tomou a frente e disse – Somos do Estado da Bahia, estamos à procura de trabalho – O Senhor sabe de alguém que precise? O interlocutor lhe respondeu de pronto – mais difícil é achar quem não precise, pois esta faltando muita mão de obra, para derrubar matas, ajudar no preparo das terras, construir, vocês vieram ao lugar certo.

Estas palavras lhes soaram como música, - estamos no lugar, que sonhávamos, tem tudo, terras boas, muita água e o mais importante, estaremos colocados rapidamente.

Ficaram trocando conversas com o questionador, até chegar no ponto, que naquele momento, era essencial para eles....Acomodação para dormir, comer e descansarem.

- Francisco que era mais desinibido, já perguntou – O Senhor disse tudo, mas não disse o mais importante para nós

- Conhece algum proprietário que possa de imediato, nos dar alojamento e comida?

O Senhor respondeu, - me dê um tempo, que eu conheço quase todos aqui, pois fui um dos primeiro a chegar aqui. Virou-se para dentro do estabelecimento comercial e disse ao proprietário- Henrique, vê ai o que você pode arrumar a estes nossos amigos, que estão com fome, enquanto vejo uma acomodação para eles. Henrique era um dos primeiros comerciantes do lugar. Ficaram extasiados com estas palavras do recém amigo, pois pelo tratamento deste Senhor, dispensado à Eles, no mínimo se tornariam grandes amigos. Foram prontamente atendidos pelo comerciante, que lhes ofereceu uma panela de macarrão e um franguinho de molho.

Banquete já de estreia, pensa nuns baianos felizes, pareciam pintinhos na vasilha dos porcos, quem já vivenciou onde tem aves, sabe que elas adoram invadirem os chiqueiros e se esbaldarem na sobra.

Passado hora e meia, mais ou menos, o Senhor voltou e sorrindo para eles falou

- Encontrei acomodações para vocês é só esperarem que os futuros patrões virão conversar e leva-los para a sua propriedade. -Só que não irão todos para o mesmo lugar, mas ficarão bem próximo um do outro, a maioria dos sítios, são praticamente colados, pois pertencem à vários irmãos ou parentes, as famílias para onde irão, são de origem italiana, pessoas honestas, sistemáticas e um pouco bravos, riu e disse acreditem hein.

- Não temos como agradecer ao Senhor tanta bondade e acolhimento, mas queremos nos apresentar -Eu sou Francisco, eu Modesto, Eu Anisio, Eu Manoel, e o Senhor por favor pode nos dizer o nome, -Sim claro meu nome é Zoroastro.

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⏰ Última atualização: Nov 13, 2023 ⏰

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Saga dos Retirantes da Seca - BahianaOnde histórias criam vida. Descubra agora