As pessoas mudam, Luísa

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Passa-se dois dias, o clima na mansão 242 continuava o mesmo, apesar de uma diferença quase imperceptível na relação de Luísa e Otto devido ao convívio.

Eram três da tarde, Otto acabara de chegar na mansão para pegar uns documentos e vê Luísa na mesa da sala trabalhando.

– Luísa? Está tudo bem? Quero dizer, você não tá no trabalho. – Pergunta adentrando a sala e deixando sua pasta em cima de uma cadeira

– Tudo indo. Eu tava com muita dor de cabeça e eles me liberaram pra ficar de casa hoje, mas de qualquer jeito eu vou ter que passar lá daqui a pouco pra pegar um pen drive. – Diz sem se desfocar do trabalho

– Ah sim, eu vim porque não tinha mais nada em que eu poderia ajudar na 0110 e- – Otto ia continuar, mas é interrompido por Luísa

– Otto, a casa é sua, não precisa se explicar.

– Tudo bem. – Solta um risinho e vai até a mesa que ficava na diagonal da onde Luísa estava e começa a revisar algumas ideias para nova invenções

Depois de um tempo, Luísa se levantou e pegou sua bolsa, Otto se despertou do que fazia e virou a nuca para a mulher.

– Você já vai?

– Vou, vou sim.

– Ah, eu vou buscar a Poliana na casa do Luigi agora, não quer uma carona?

Luísa hesita, mas logo aceita. Eles entram no carro e começaram andar pelas ruas em direção a casa de Luigi.

Otto, sem querer, pega uma rua errada e acaba entrando em um engarrafamento.

– Droga! – Exclama Otto

– Droga mesmo... – Concorda Luísa

– Agora vai ser a gente trancado nesse carro por umas três horas pra mais.

– Pois é. – Luísa suspira. – Vou avisar que não vou mais pegar o pen drive.

Luísa pega o celular e o Otto faz o mesmo, ela avisa a secretária da empresa e ele Poliana.

Eles já estavam a meia hora no carro concentrados no celular, até que o de Luísa acaba a bateria. Ela o desliga e fica olhando o trânsito.

Depois de dez minutos Otto percebe a mulher morrendo de tédio.

– Quer um lanche? Tem um moço vendendo ali do lado. – Sugere

– Pior que tô morrendo de fome. Obrigada por avisar, vou lá.

– Não, não. Pode deixar que eu vou.

Antes que Luísa pudesse responder, Otto sai do carro e volta depois de um tempo com uma sacola e um copo de suco em mãos. Ele entra e entrega o suco e o lanche pra Luísa. Depois de dar um pequeno avanço com o carro, retira seu sanduíche da sacola e também mata sua fome.

Enquanto o tempo se passava eles estavam conversando até que amigavelmente. Com início em "tá calor, né?" foram se enredando pelos assuntos diversos de um cotidiano.

Não foram uma, nem duas, foram quatro horas trancados dentro de um carro. Por mais que parecesse impossível eles estavam se dando bem.

Depois de um tempo, eles finalmente conseguem sair daquela prisão e voltam pra casa.

Ao chegar na casa estava um silêncio absurdo, nem parecia que uma menina como a Poliana morava ali. Até que eles ouvem o barulho do chuveiro, estava explicado.

Luísa se senta no sofá e coloca o seu celular para ser recarregado ao seu lado. Otto se senta a mesa e volta a trabalhar.

Depois de trinta minutos Poliana aparece na sala.

– Finalmente em, gente! Que demora! – Exclama Poliana se sentando ao lado da tia

– Fala isso pro fusca vermelho, Poly Poly. Olha... – Comenta Luísa

Otto se lembra do que aconteceu no trânsito e solta um riso sincero.

– Pois é, foi uma batalha que a gente venceu. – Comenta Otto

– Mas e aí? O que vamos comer? Tô morrendo de fome!

– Ah, o jeito vai ser pedir algo. O que vocês sugerem? – Pergunta o mais velho

– Pizza? – Sugere Poliana

– Pizza, Poly? – Reclama Luísa

– É... o que vocês acham de comida japonesa? – Tenta resolver o homem

– Por mim tudo bem, amo comidas asiáticas. – Afirma a garota

– Por mim também. – Afirma a mulher

– Tá certo, vou pedir.

Otto faz o pedido. As meninas esperavam no quarto e o homem na sala enquanto se distraia lendo o noticiário.

A comida chega e todos se sentam na mesa, Otto na ponta, Luísa e Poliana ao lado direito dele.

O jantar foi digno de cena de Natal da novela das nove. Risos, conversas soltas, parecia até uma família... irônico!

Após comerem, Luísa vai ao banheiro e Poliana comenta com o Otto que estava com dificuldade na lição de casa e o homem se propõe a ajudar. Ambos vão até o quarto e se sentam na mesa de estudos da menina.

A Poliana apresenta um exercício para o homem que começa a ajudá-la.

– Aí você pega esse número e divide por 3,16. – Explica Otto

Luísa volta do banheiro e estava amarrando o cabelo enquanto passa em frente ao quarto e ouve vozes. Ela se vira e esconde meio corpo atrás da porta. A mulher solta um sorriso espontâneo ao ver Otto tão calmo e tratando sua sobrinha daquela forma. Talvez ele não seja o mostro que ela tanto tinha pensado...

Depois de Otto já ter colocado a garota pra dormir, sai do quarto e vai até a sala, onde encontra Luísa lendo.

– Ah, desculpa. Não sabia que você tava aqui. – Diz Otto se virando

Luísa solta um risinho e marca a página do livro, deixando-o no sofá.

– Não tem problema, Pendlenton, pode ficar.

Otto se vira e assinte com a cabeça e se senta na mesa de jantar, pegando seu tablet.

Depois de um tempo trabalhando, Otto se vira e percebe o livro que Luísa estava lendo, era sobre Monet.

– Parou de vez com as telas? – Pergunta soltando os dedos do tablet e os deixando sobre a mesa

Luísa se desconcentra e olha pra Pendlenton.

– Parei. – Diz seca

– E por que?

– Não sou mais uma adolescente sem problemas pra pensar em qual vai ser meu próximo desenho. – Luísa suspira

– Sente falta? – Coça a garganta em meio a pergunta

– É... às vezes, mas essas coisas acontecem. – Diz pegando o livro novamente

– É, mas talvez um hobbie...

– Hobbie, Otto? – Pergunta irônica

– Só estava dizendo... – Diz se virando pro tablet novamente

Luísa volta pro livro e assim a noite se passa.

I need to be saved - luottoOnde histórias criam vida. Descubra agora