Novas oportunidades

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O restante da semana passa surpreendentemente rápido após o jantar. Aquilo fica em segredo entre Meliodas e eu e percebo assim que chego no outro dia para trabalhar, que Arthur não está cuspindo fogo ou fazendo uma de suas crises de adulto mimado. 

Da mesma forma que me deixa ainda mais curiosa a respeito do Sr. Trevor e de sua súbita mudança de humor a ponto de me chamar para jantar. Mas só tenho mais três dias no emprego e decido vivê-los da melhor maneira possível para ter boas recordações, afinal, em menos de uma semana terei que viver em prol de livros, diários escolares e planos de aulas.

Nos últimos três dias da semana, eu esbanjo bom humor e às vezes fico tentada em dizer para os clientes que mais tenho afinidade, da minha partida para outra cidade. Mas me mantenho em silêncio, gosto de deixar assim, sem despedidas. Torna as partidas menos dolorosas. Durante os sábados, quando os trabalhadores em sua grande maioria trabalham até o meio-dia e outros nem vão para as empresas, a cafeteria fica abarrotada de adolescentes consumindo os mais variados tipos de produtos e se divertindo. Como ocorre hoje.

– Semana que vem você estará numa sala com trinta e duas pestes adolescentes perguntando de tudo para testar seu humor. – me assusto quando a voz de Arthur vêm da minha direita e ele sorri de lado e me entrega um copo de frapê de brigadeiro, meu favorito. – Desculpe por esses dias, fui imaturo.

– Está tudo bem. – tranquilizo ele e tomo um gole da bebida doce e gelada, pela última vez eu tento absorver todos os pequenos detalhes do lugar.

Gosto do estilo da cafeteria, da grande janela de vidro fumê que nos dá visão privilegiada da rua e do imponente prédio da Galeria de Arte. Estamos bem no centro de Vancouver e sei que vou sentir falta de tudo isso, de ver o mar todos os dias, de atender pessoas… de ser eu, uma universitária apenas que trabalha num emprego tranquilo e tem um namorado legal.

– Você vai para Seattle quando?

– Amanhã cedo.

– Eu posso te ajudar com a organização lá.

Meu coração acelera no peito e eu olho para ele incrédula e feliz também.

– Você vai morar comigo?!

– Não. – ele diz imediatamente e se corrige em seguida, cauteloso – Quer dizer, quem sabe mais para frente? É muita burocracia, abrir franquias e eu não posso simplesmente fechar essa loja. Eu não teria dinheiro o suficiente para pagar a rescisão de todos.

– Eu entendo…

– Mas vou amanhã, te ajudo a organizar o novo apartamento e quando for a noite venho embora.

– Obrigada, Arthur. – sorrio e ele se inclina e me rouba um beijo rápido, seus olhos brilham quando ele se afasta e pisca.

– Só mais algumas horas de trabalho, Ellie.

Passa muito mais rápido do que eu gostaria e quando o relógio marca sete para as sete da noite, Arthur tranca a porta da cafeteria e abaixa a persiana para que os pedestres não fiquem bisbilhotando o que estamos fazendo lá dentro. Demora mais meia hora até eu fazer o cálculo de tudo que vendemos no dia e do dinheiro em caixa, e quando termino as cédulas estão presas em elásticos para serem levadas ao banco e os pequenos tickets de recibos de cartão, cuidadosamente grampeados.

– Última vez que faço isso! – me alongo depois de levantar da banqueta desconfortável e me viro assustada em direção da cozinha quando ouço o chiado de uma vela de estrelas e uma salva de palmas.

– Para nossa futura professora – orgulhosa Dana para a minha frente, a vela agora sem expelir as fagulhas que tenho medo e eu a puxo do topo do bolo – não poderíamos deixar seu último dia conosco passar em branco, Ellie.

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