Se ele não quer, há quem queira

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Não consigo me livrar da sensação de estar fazendo algo totalmente errado e contra as condutas morais tão arraigadas da minha família. Se envolver com um homem por conta do que ele pode vir a me oferecer.

Bom, esse é um jogo de dois lados e se ele quer me expor em eventos e na alta sociedade, nada mais justo que eu tire minha parte disso. O meu proveito.

No fundo, meu inconsciente está dando tapinhas nas minhas costas, e não é de orgulho. Estou agindo como ele quer, como a mulher interessada apenas no seu dinheiro.

Eu fecho a tela do meu computador após checar as horas, faltam apenas quinze minutos para o horário da saída dos alunos e consequentemente a paz dos professores. Com a caneta azul para lousas, eu começo a escrever o que quero para a próxima aula, a tarefa. Pelo menos, ao meu ver, é um tema fácil e que todos já assistiram provavelmente um filme a respeito.

– Para a próxima aula eu quero um levantamento histórico, com as formas de tortura que eram usados no holocausto. Há, pelo menos, umas duzentas formas de tortura, então não vou aceitar a que todos já sabemos; câmara de gás ou choques elétricos.

Os alunos bufam e eu sorrio.

– Vocês são espertos, sei que descobrirão muitos outros. A atividade valerá um ponto na média.

– Um ponto? – Thamiel resmunga indignado e eu aceno, os demais alunos olham para nós dois numa ansiedade quase palpável. – Deveria valer pelo menos dois, professora.

– Um e nada mais. Você não sabe o quão de grande ajuda esse único ponto pode fazer na média final, ainda mais para aqueles que mal fazem atividades ou participam da aula. – lentamente começo a recolher meu material enquanto os alunos anotam em seus cadernos rapidamente o que eu escrevi na lousa – E para não dizerem que a professora é chata, darei à vocês algumas sugestões de filmes e livros que abordam o tema.

Retornando para a lousa eu faço duas tabelas, dividido entre filmes e livros.

Filmes e documentários: 

O menino de pijama listrado

X-Men: Apocalipse

A vida é bela

Noite e Neblina

Livros: 

O diário de Anne Frank 

Somos os que tiveram sorte

Sonata em Auschwitz

O holocausto

– Espero ter ajudado, estes são alguns dos que eu lembro, mas é claro que existem muitos outros. – virando-me para eles eu me afasto da lousa para que eles possam tirar foto da mesma já que seus cadernos e canetas estão guardados na mochila e sorrio quando o sinal toca – Bom final de semana, aproveitem com moderação e não façam nada perigoso.

– Tchau, professora, até semana que vem.

– Tchau, prô.

– Sextou! 

Rapidamente a sala esvazia e eu fico com a companhia dos meus próprios pensamentos e ao longe, o grito dos alunos deixando a escola.

Com o material todo organizado, eu deixo a sala de aula para trás e desço as escadas até a secretaria, indo para a sala dos professores que está também se esvaziando aos poucos.

– Finalmente sexta-feira! – Diane exclama e se joga para trás na cadeira que está sentada, sorrio compartilhando do mesmo alívio que ela.

– Pena que não temos fim de semana, não é? 

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