A estranheza permanecerá se ninguém tomar a iniciativa e com suspiro ruidoso, esfrego as mãos no rosto procurando por um pouco de paciência e volto a encará-los.
Parecem cachorros machos marcando território. A porra de um território que não é de nenhum dos dois.
– Ban, este é Meliodas Trevor, meu... amigo. – aceno entre eles, para que se cumprimentem. – Meliodas, este é Ban Davis, meu amigo do trabalho.
– Trevor das empresas Trevor? – Ban indaga e estende a mão, Meliodas observa por alguns míseros segundos a mão esticada e cerra os dentes cumprimentando-o.
– Exato.
Ban afasta uns passos para trás e passa os dedos pelos cabelos, nem um pouco constrangido por estar de cueca na frente se outro homem e principalmente um desconhecido.
– Eu vou me vestir – ele diz e sai em direção ao meu quarto, enquanto eu apenas faço o laço do meu roupão e sustento o olhar cortante de Meliodas.
– Ficará para o café, Sr. Trevor?
– Ficarei.
– Ótimo.
Ele me acompanha até o outro cômodo num silêncio absurdo pra quem sempre gosta de estar fazendo comentários cáusticos. Eu coloco a água para ferver e separo os outros itens para fazer o café, durante todo o processo sinto o peso do olhar dele em minhas escápulas. Ban retorna alguns minutos depois, sequer parece o mesmo de agora pouco, o suéter está um pouco amassado assim como a gola da camisa e eu lamento internamente que tenhamos sido interrompidos.
– Estou fazendo café, ficará conosco? – indago e ele nega.
– Tenho alguns planos de aula para terminar. – isso me faz lembrar dos meus que precisam ser revisados antes da reunião de terça-feira.
– Certo, até segunda-feira. – me despeço e vejo pelo canto do olho, Meliodas se acomodar na banqueta alta do balcão, ele parece um gato arisco e bem irritado.
– Te mando mensagem depois. – no costumeiro bom-humor Ban se aproxima e quando acho que vai beijar minha bochecha, ele segura ambas laterais do meu rosto e me beija em cheio na boca, quando se afasta estou com a respiração errática e ele sorrindo malicioso. – Agora sim, até mais tarde.
Virando-se nos calcanhares, ele segue até o arco da porta, onde Meliodas está na banqueta com a cara fechada e a expressão de quem adoraria arrumar uma briga.
– Foi um prazer conhecê-lo, Sr. Trevor.
Meliodas sorri sem mostrar os dentes, embora seu rosto esteja totalmente sério. Ban sai assoviando com as mãos no bolsos frontais do seu jeans e quando a porta da sala se fecha, sinto que posso ter uma síncope.
– Você é rápida. Tem o costume de transar com todos seus amigos? – Meliodas diz cheio de veneno e eu viro para olhá-lo, incrédula.
– Devo lembrá-lo que não tenho nenhum contrato assinado ainda e, portanto, com quem transo ou deixo de transar não é de sua conta, Sr. Trevor?
– De fato não é.
– Que bom que deixamos isso claro.
Ele resmunga algo inaudível com a petulância de uma criança que perdeu algo que queria muito ou que foi proibido de fazer algo.
Eu olho para ele mais uma vez antes de coar o café e servir duas xícaras para nós, estou levemente desconfortável com a consciência de estar nua sob o roupão enquanto Meliodas me olha com um rancor desmedido.
Finjo que nada está acontecendo e que Ban não havia marcado território como um cachorro ao fazer aquela cena agora pouco. Que tinha surtido o efeito esperado, no mínimo.
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Bonequinha de luxo
FanfictionTrabalhando numa cafeteria há três anos de onde tiro parte do meu sustento para os gastos com os meus estudos, acabo por ter contato com muitas pessoas. Dentre elas, assalariados que chegam apressados e mal vêem o tempo passar, à donos de empresas e...