Perante meu silêncio onde permaneço olhando-o impassível, Meliodas respira fundo e olha para o outro lado, aparentemente reorganizando os pensamentos.
– Desculpe, eu só não estou acostumado a…
– A não ter todos seguindo suas vontades? – indago e ele se cala mesmo que as sobrancelhas franzidas anunciem que eu acertei em cheio.
– Você está com sede? Aceita uma bebida? – Meliodas decide que mudar de assunto é melhor e passa na frente, olhando-me por cima do ombro quando retorna para o cômodo que acabara de vir.
Eu o acompanho quieta, embora meus olhos vão para todos os lados admirando as paredes frias com alguns quadros. O que eu achava ser uma ante-sala é, na verdade, uma pequena adega com os mais variados tipos de bebidas alcoólicas. Um pequeno bar na própria casa.
O loiro se inclina, passando os dedos esguios pelos rótulos de garrafas transparentes e do mesmo tamanho, como percebo ser a maioria das coisas nesta sala, organizadas por tamanhos. Seja na ordem crescente ou decrescente.
– Conhaque? – ele questiona após empertigar a postura, a garrafa está em sua canhota e ele lê o rótulo com atenção, retornando a me olhar para obter meu aval.
– Pode ser.
– Com gelo ou sem?
– Com.
Eu o observo todas as vezes que Meliodas se vira de costas, notavelmente confortável e nenhum pouco intimidado com minha presença como estou com a dele. Na verdade, é estranho tentar comparar aquele homem tão sério e polido, a este que está vestido casualmente e me servindo de conhaque caro enquanto esperamos o jantar ficar pronto.
– A homens com tendências perseguidoras. – ele debocha levantando seu copo de drink suavemente, o gelo tilinta contra o cristal e eu não sorrio quando acompanho seu brinde.
– A polícia que prende perseguidores. – respondo e ele sorriu ladino, abaixando seu copo após um gole da bebida. Eu tomo um pouco, estranhando principalmente o sabor forte e a queimação que fica em minha garganta quando o líquido desce aquecendo.
– Tem um belo senso de humor, Elizabeth.
– Trabalhei como balconista por três anos e meio, tive que desenvolvê-lo.
Ele aquiesce, o cabelo normalmente penteado para trás como todas as vezes que visitou a cafeteria está livre do gel ou da pomada que ele usa para mantê-lo arrumado, e os fios se movem caindo sobre a testa e encobrindo rapidamente suas pálpebras.
– Trabalhar com o público não é fácil.
– Principalmente quando eles estão com fome e irritados por dias exaustivos e chefes insuportáveis.
Eu tomo mais um pouco do conhaque, agora mais fresco pelo gelo suavizando o álcool, é mais gostoso e eu acompanho mais uma vez o trajeto do copo do mesmo até seus lábios. Rapidamente eu desvio o olhar para a ampla janela de vidro e observo as margens do rio que corta Seattle, sendo iluminado pelos postes do deck.
É uma vista privilegiada.
– Quer conhecer a casa? – Meliodas oferece e eu recuso movimentando a cabeça, tempo exato para que a mesma funcionária que havia pego meu casaco e bolsa, retorna
– Jantar agora ou daqui a vinte minutos, senhor?
– O que decide, Elizabeth?
Com ambos me olhando esperando minha decisão, eu engulo em seco e prefiro encarar a mulher de cabelos loiros presos num coque justo.
– Agora, por favor. – respondo e ela meneou a cabeça retornando para a cozinha.
– Venha para a sala de jantar.
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Bonequinha de luxo
FanfictionTrabalhando numa cafeteria há três anos de onde tiro parte do meu sustento para os gastos com os meus estudos, acabo por ter contato com muitas pessoas. Dentre elas, assalariados que chegam apressados e mal vêem o tempo passar, à donos de empresas e...