Na efervescente alta sociedade Londrina, a chegada de uma nova temporada social agita corações e mentes. Rosallie Molborough a adorável filha do Barão determinada a encontrar o amor antes de se unir a alguém.
No entanto, quando o destino tece trama...
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Os pés descalços deslizavam rapidamente pelo chão, enquanto a grama úmida de cada jardim que atravessava roçava suavemente contra sua sola nua, provocando uma sensação de cócegas a cada passo. A camisola esvoaçava-se com a velocidade — embora não muita, já que Rosallie era baixa, suas pernas apesar de grossas eram curtas — O peito dela subia e descia descontroladamente, como se tentasse romper as barreiras de seu corpo, a adrenalina corria em suas veias, misturando-se com a euforia recente de se tornar noiva do homem que ela odeia.
Rosallie não era religiosa, mesmo sendo batizada. Mas conhecia bem os preceitos que a sociedade esperava que seguisse. Quando cedeu às tentações que ele lhe apresentou, sentiu-se submergida em um turbilhão de emoções contraditórias. A atração — Que ela recentemente descobriu o que era — avassaladora que experimentara fora acompanhada de uma culpa paralisante, e ela orava em silêncio para que Deus lhe perdoasse por tamanha transgressão antes do casamento.
Agora, três horas haviam se passado desde que ela e sua família se retiraram da luxuosa mansão dos Bridgerton. No entanto, sua mente não a deixava em paz, atormentando-a com a lembrança do calor daqueles momentos proibidos.
Sabia que estava errada. Compreendia que suas ações a haviam envergonhado profundamente, fazendo-a questionar não apenas suas escolhas, mas também toda a estrutura de regras e normas que haviam moldado sua vida. Ela não queria casar com ele, o homem que a levara à perdição. Contudo, diante do que ocorrera, não havia escolha. A sociedade não perdoaria seus erros, e a única forma de salvar sua honra era unir-se a ele em matrimônio. E fora isso que aconteceu, eles estão noivos.
Ela já deveria ter aceitado seu destino e não ficar remoendo as mesmas situações, as mesmas palavras, as perguntas...
A dor de não ter um casamento por amor era um fardo quase insuportável. Em meio à escuridão de sua solitária introspecção, Rosallie sentiu-se perdida, uma prisioneira das circunstâncias que ela mesma ajudara a criar. O peso da responsabilidade, da culpa e da inevitabilidade a esmagava, e ela não podia deixar de se perguntar se um dia encontraria a redenção e a paz que tanto ansiava.
Apesar de já ter pensado nisso um milhão de vezes, sua cabeça vivia a relembrando a cada mísero segundo.
A madrugada estava fria, uma mudança drástica em relação às horas anteriores, quando o calor dominava. O olhar feroz de Anthony, enquanto Rosallie tentava inocentemente lamber o chantilly de seus dedos, passeava incessantemente por suas memórias, tal qual todas as outras lembranças sombrias.
Como aquele fatídico baile.
Miserável baile.
Ela sente arrepios percorrendo seu corpo, mesmo na ausência do olhar penetrante dele, e tenta se convencer de que é apenas a brisa gélida da noite.
