Capitulo 21

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- Você me assustou! - falo, me voltando para trás logo após sentir alguém mexendo no meu cabelo.

- Desculpa. Eu fui incoveniente? É que eu tenho toque, e me incomodei com esses fios de cabelo que soltaram da presilha. - Miguel, um de meus amigos, responde, dando um sorriso envergonhado.

- Tá tudo bem. Eu só me assustei mesmo. - respondi, rindo.

- Ufa! - ele responde, soltando o ar com força. - tava com medo de invadir seu espaço, sei lá. Tem pessoas que odeiam toque físico...minha namorada mesmo, é assim.

- Você não invadiu meu espaço. Relaxa. - respondi, rindo por seu receio. Meus amigos se dividiam em dois grupos: os que já me tratavam com normalidade, e os que pareciam temer me incomodar.

Era verdade que eu não gosto que pessoas que não tenho intimidade me toquem - embora eu ame toque físico com pessoas específicas  -, entretanto, Miguel só tinha alisado álbuns fios do meu cabelo. Além do mais, eu tinha uma certa intimidade com ele, de modo que não entraria na lista de "pessoas que eu evito contato físico por não me sentir à vontade".

- Mas te atrapalhei nos estudos. - ele fala, gesticulando se podia ver minhas anotações.

Bom, isso era verdade... Estava na biblioteca desde o término do lanche e, como já tinha terminado de estudar o que estava resignado para hoje, aproveitei o restante do tempo livre para estudar os conteúdos existentes no cronograma de amanhã e, agora, estava estudando o último: um conteúdo que envolvia ciências - matéria a qual eu amo. O susto que ele me deu tirou minha atenção dos conteúdos e, como eu me conhecia, sabia que teria que me esforçar muito para retornar à minha concentração. Não só pelo cansaço que vinha à tona pelas coisas do dia, mas também por um assunto que voltavam a cercar meus pensamentos... Eu tinha criado uma teoria de que o friozinho na barriga que senti após Juan ter tocado rapidamente em minha nuca, tinha se dado simplesmente por ter sido o toque de um garoto. Entretanto, Miguel havia mexido em meu cabelo... eu havia sentido um arrepio, e meu coração até acelerou um pouco - como sempre ocorria após um toque Inesperado. Todavia...nada do frio na barriga, dando fim à teoria que eu custei a me forçar a acreditar...

- Miguel... a gente sente o friozinho na barriga quando estamos nervosos ou com medo, né? - disparo, tirando sua atenção do meu resumo.

Ele pareceu surpreso por um instante, mas logo me respondeu. Por sorte, não só eu, como todos os meus amigos, tínhamos o costume de entrarmos em assuntos aleatórios, de modo que não foi algo estranho.

- Por que? Quer saber se o fato dos meus pais serem pediatras me influencia? Não sei se isso tem muita relação... - ele se atrapalha, e então, começamos a rir. - mas, sim. E, claro, quando estamos interessados por alguém... - ele começou a falar sobre como descobriu que estava apaixonado por sua atual namorada, mas eu estava ocupada demais, tentando não começar a gargalhar, para lhe ouvir.

"Quando estamos interessados por alguém?"
Ok...aquilo definitivamente não era uma opção! Juan era sim muito bonito, mas...eu? Interessada nele? Era até engraçado de imaginar.

- Você ainda pretende pedi-la em noivado no dia em que juramos bandeira? - pergunto quando ele para de falar.

Não me senti mal por não ter escutado o que ele disse, já que não era a primeira vez que ele a contava. Miguel tinha 20 anos, e começou a namorar com Estefânia quando tinha 15 anos.

- Sim. Aliás... por favor, não deixe ela te ver até eu fazer o pedido. Ela é super fã sua e da tua irmã...capaz de me largar na hora, caso você der uma chance pra ela. - ele fala, e começamos a rir.

Por fim, ele me deixa sozinha e, após me convencer de que a situação com Juan fora apenas um reação causada por minha surpresa, retornei aos estudos - mesmo com a preguiça e cansaço absurdos que sentia.

Hater - Princesa LeonorOnde histórias criam vida. Descubra agora