Capítulo 15

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Acho que as coisas começaram a dar errado, tão logo eu acordei.
Embora grata pelo sino ter me despertado do pesadelo, aquilo não tirou seu peso...
Ao contrário do que eu achava, eu ter caído no sono não impediu minhas preocupações de virem até mim...
Por toda a noite, tive pesadelos relacionados ao treinamento militar...tudo, relacionado com o meu medo de não ser capaz de suportsr...
O último, o qual foi interrompido pelo sino e gritos dos soldados, era relacionado com os blocos de exercícios que eu precisava entregar à cada sábado - onde eu não tinha conseguido entregá-los e, pelo fracasso, havia virado uma espécie de zumbi - e que eu havia esquecido completamente...

- Uau...acordou animada...- Lupe murnura, ainda se remexendo na cama, enquanto eu havia saltado da minha, indo em direção à minha escrivaninha.

- Não. Não. Não... - eu repetia, sentindo as lágrimas vindo, enquanto observava que o primeiro bloco possuia 40 páginas.

Como eu conseguiria fazer tudo isso até amanhã?

Folheei as páginas, e vi que aquele bloco se dividia em 5 conteúdos; cada um, com oito páginas.
Mesmo já imaginando, peguei meu cronograma - espalhando algumas coisas no processo -, confirmando minha hipótese. Os dois conteúdos que eu estudara ontem. Os dois conteúdos que estudarem hoje, e o primeiro conteúdo que está marcado para amanhã...os exercícios são acerca dos mesmos...

Não achei os conteúdos difíceis. Se eu tivesse me lembrado disso ontem...poderia ter feito as primeiras oito páginas, em vez de ter passado quinze minutos escrevendo naquele caderno.
E, depois do passeio topográfico...fora mais uma oportunidade em que eu poderia ter feito mais oito páginas, em vez de ter ficado enrolando, conversando com as meninas...

Eu não tinha tempo sobrando...
Meus problemas vieram até mim enquanto eu dormia, porque eu não tive tempo para sofrer com eles enquanto estava acordada...
Como eu ia conseguir fazer isso tudo à tempo?

Enterrei meu rosto entre as mãos, frustrada e me culpando por ter me deixado esquecer de algo tão importante.

- Tá tudo bem? - Núria pergunta, um tanto incerta.

- Não...porque eu sou uma idiota que me esqueci de algo que não deveria! - falo, sentindo minha voz falhar.

Tudo o que eu não sentí ontem, estava vindo com intensidade até mim. E em dobro.
Eu estava me sentindo tão burra, idiota e inútil...estava tão desesperada, e com medo de não conseguir entregar isso amanhã, que podia jurar que essa dor emocional estava aumentando a dor que eu sentia nas articulações do meu corpo.

- Calma. Você nem sabe até que horas pode entregar isso...não sofre por antecedência. - Lupe fala, após eu explicar a situação.

Nesse momento, eu já estava com mwu uniforme em mãos, caminhando até o banheiro, e me esforçando para impedir as lágrimas de escorrerem em meu rosto.
Não é como se eu tivesse tempo livre, para me dar ao luxo de chorar...

- Tem razão... - respondi, entrando na cabine.

Talvez, meu prazo seja até às 18h.
Tem como dar tempo...

Eu falava para mim mesma, na tentativa de interromper as lágrimas, que só pareciam intensificar com o contato com a água quente que caia do choveiro.

Pedi para guardarem meu lugar na mesa, e pegarem meu café da manhã. Eu nem ao menos pisei no refeitório, e fui direto para onde eu queria: a sala do Tenente.
Estava tão atordoada que, no meio do caminho, acabo trombando com Pablo, um garoto do segundo ano - e que, a partir de outubro, se converteria à meu companheiro de classe.

- Tá indo pra onde com toda essa pressa? - ele questiona, rindo, após eu me desculpar pela colisão.

- Me passaram uns exercícios extras, pra serem entregues amanhã. Eu queria perguntar ao Tenente qual a hora que eu preciso entregar. - explico, e ele concorda com a cabeça.

Hater - Princesa LeonorOnde histórias criam vida. Descubra agora