VOLUME VIII

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De volta à cena, Lilith sai do galpão com as mãos enfiadas nos bolsos. Sua expressão mostrava clara decepção e desânimo, como se toda a situação tivesse sido um completo desperdício. Ao redor, o chão estava coberto de corpos de terroristas, mortos a queima-roupa pelos soldados. O cheiro de pólvora e sangue pairava no ar, pesado, enquanto Victor se aproximava, acompanhado de alguns soldados, suas botas esmagando os cascalhos com passos firmes.

Victor – Como foi lá?

Lilith – Uma droga total. Só tinha um idiota qualquer. E, pra piorar, acabei pisando num lagarto logo na entrada.

Victor – Pelo visto, nem se deu ao trabalho, então nada de grande nível, né?

Lilith – Você, pelo menos, parece ter se divertido mais por aqui.

Victor balança a cabeça e, em seguida, com um aceno breve, ordena que os soldados entrem no galpão e recolham os corpos abatidos por Lilith. Eles se movem rápido, profissionais, carregando os cadáveres em macas cobertas por lençóis, ocultando o estado deplorável das vítimas, para que ninguém testemunhasse a carnificina que havia ocorrido ali dentro.

Victor – Nenhuma misericórdia, como sempre. Nem mesmo uma fração de hesitação.

Lilith – Hmph, você sabe que eu desprezo os fracos.

Mais tarde, dentro do jipe, enquanto retornavam para a base militar das Forças Especiais Nemesis, o veículo cortava a estrada em meio à densa floresta vermelha. O ronco do motor se misturava com o som de uma chuva iminente, que começava a cair lentamente, enquanto o céu escuro era iluminado pela luz da lua cheia.

Nos assentos de trás, Amara observava o céu noturno, seu olhar fixo na lua enquanto descansava o queixo em uma das mãos. O vento frio entrava pelas frestas das janelas, mas ela mal parecia notar. Ao seu lado, Jack mexia freneticamente no celular, sem a sua usual máscara, apenas com seus óculos vermelhos. Os dedos dele voavam pelas teclas, até que finalmente ele soltou um longo suspiro, indicando que havia terminado.

Jack – Pronto... relatório pessoal tá feito...

Ele fechou o celular e se inclinou para abrir o pequeno frigobar embutido no assento. De lá, retirou uma lata preta de energético com uma faixa verde brilhante no centro.

Jack – Prontinho! Hora do meu energético! – ele balança a lata na frente de Amara. – Quer um também? Ou água?

Amara – Não, obrigada.

Jack – Você que sabe. – Ele deu de ombros e, sem perder tempo, abriu a lata e começou a beber o líquido com sede, esvaziando quase metade em um único gole. – Eu acredito que você tenha várias dúvidas agora, principalmente sobre o que aconteceu lá atrás, naquela hora, né?

Amara desviou o olhar da lua, fixando-o em Jack.

Amara – Você foi alvejado por tiros de terroristas insurgentes usando armas de alto calibre. E, de repente, um tornado negro saiu de dentro do seu corpo. Quando ele desapareceu, você estava completamente intacto. Nunca imaginei que existisse um mutante com essas habilidades.

Jack – Ok... Não tem como te contar tudo agora.

Jack fez uma pausa, lançando um olhar de quem estava pronto para um pequeno suspense.

Jack – Mas, em outras palavras, aquilo não foi exatamente eu. Eu não sou capaz de fazer tudo aquilo sozinho.

Ele soltou um leve riso, divertido.

Jack – Na verdade, só deixei ele fazer porque achei que ia ficar uma entrada super legal!

Amara ergue uma sobrancelha, intrigada.

Amara – Então... você tem uma espécie de contraparte.

Ela o encara, desafiando.

Amara – Muito bem, então me mostre.

Jack sorriu de canto. Ele colocou a mão no rosto, cobrindo parte dele. Amara o observava com ceticismo, sem acreditar que ele realmente pudesse mudar tão radicalmente. Mas quando ele retirou a mão, o que apareceu diante dela era completamente diferente.

Sua pele, antes normal, havia se tornado pálida, quase branca como a neve. Seus olhos, agora negros com pupilas vermelhas brilhantes, emanavam uma energia maligna. Sua língua, verde e grotesca, se projetava ligeiramente para fora da boca, enquanto seu cabelo assumia um tom escuro e desgrenhado. E em seu rosto, um sorriso maníaco cortava seus traços.

Null – Oi, linda! – ele passou a língua sobre os lábios, depois pelo cabelo, de uma forma provocante.

Null – Meu nome é Null, mas você pode me chamar de amor da sua vida, princesa.

Ele sorria de maneira inquietante, mas antes que pudesse reagir, Amara, com um olhar impassível, levantou o pé e o chutou brutalmente no rosto. Null caiu imediatamente no chão do jipe, desmaiado, com uma expressão boba estampada na cara.

Amara – Ninguém me chama de princesa.

Amara olhou para Null caído no chão do jipe, uma mistura de exaustão e diversão estampada em seu rosto. O som da chuva começava a aumentar, batendo ritmadamente contra o teto do veículo, como uma sinfonia de encerramento para aquela missão.

O jipe continuava seu caminho pela floresta vermelha, a luz da lua filtrando-se através das copas das árvores, criando um jogo de sombras dançantes. O clima pesado e a tensão das recentes batalhas ainda pairavam no ar, mas a atitude desafiadora de Amara trouxe uma leveza inesperada à situação.

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CRÉDITOS:

Autor:
Vogel Brás

Coautor:
Kretos Dharma

Imagens e Design de Capa:
Félix Cruz

Revisão:
Kretos Dharma

Design e Diagramação:
Axol Lande
Vogel Brás

Agradecimentos Especiais:
Samuka Spike

© 2024 Vogel Brás. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem a permissão prévia do autor.

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