VOLUME XVII

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Dentro de um quarto sombrio e austero, Jasper está encostado na parede em cima de sua cama, olhando fixamente para uma propaganda feita durante a Segunda Guerra Mundial no reinado da ditadura nazista. O quarto é iluminado apenas pela luz fraca de um abajur, lançando sombras longas e profundas. Nas mãos, ele segura um cordão com a foto de uma mulher, seus dedos apertando o objeto com uma força que revela a intensidade de suas emoções.

Jasper fecha os olhos, e a lembrança surge como uma tempestade em sua mente.

Em uma lembrança vívida, num armazém escuro e abandonado, uma mulher corre desesperada, segurando a mão de uma criança. Seus olhos estão arregalados, cheios de medo, enquanto o som de tiros ecoa pelos corredores.

– Venha! Vamos!

Ela vira um corredor, e um homem armado com uma espingarda está esperando. Eles entram em uma sala rapidamente, o homem tranca a porta e coloca um armário para reforçar a barricada.

Dentro da sala, iluminada apenas por uma lâmpada fraca, o homem e a mulher conversam sentados em uma mesa desgastada.

– Não sei por quanto tempo vamos conseguir escapar deles...

– Eu não aguento mais... essa perseguição não vai resultar em nada, apenas em mais mortes.

– Esses extremistas estão cada vez mais insanos, tudo isso pra eliminar judeus remanescentes, que absurdo!

– Que nojento... como essas pessoas são capazes de tanta crueldade? Isso já acabou há muito tempo, e ainda tentam reviver esse ódio.

– Só precisamos esperar mais um pouco. Assim que eles saírem dessa região, iremos direto para a zona oeste, onde é seguro. Depois, pegaremos passagem para Yakutsk.

A criança, Jasper, escuta a conversa de cima do sofá, seu rosto infantil marcado pela dor e pela raiva.

Criança: Isso é injusto... Nós não deveríamos sofrer por algo que aconteceu no passado. Nem judeus nós somos, esse mal entendido fez a minha irmã ser morta por esses maníacos!

Jasper começa a chorar de raiva, seus punhos cerrados.

– Eu odeio eles! Já tenho nojo disso! Quero fazer todos eles pagarem!

O pai e a mãe de Jasper observam, e abaixam a cabeça em resignação.

– Escuta, Jasper...

O homem se aproxima de seu filho e senta ao seu lado, colocando a mão em seu ombro.

– Eu sei que é difícil aceitar o que aconteceu e o que está acontecendo. Ninguém no nosso país aceita esse tipo de gente horrível, mas não queremos que você entre em guerra dessa maneira.

Jasper – eu vou acabar com a raça deles um dia pai!

– Jasper, não queremos isso. Já foi suficiente perder sua irmã nas mãos desses monstros... não queremos que o mesmo aconteça com você.

O homem passa a mão na cabeça de Jasper e sorri, junto com sua mãe, tentando tranquilizá-lo.

–  Não se preocupe, amanhã tudo isso terá acabado e tudo voltará ao normal.

Jasper se acalma um pouco com as palavras de seu pai e o sorriso de sua mãe. De repente, o pai de Jasper ouve um barulho estranho.

– Que barulho é esse?

Ele se aproxima de onde o som está vindo e percebe que está vindo de sua esposa.

– O que foi?

O homem vê um dispositivo grudado no cotovelo de sua esposa.

OVERHAZARD: NOVEL OFICIAL Onde histórias criam vida. Descubra agora