Minha Irmã não parava de me encher o saco,e eu já tava rezando pra ela não abrir a boca outra vez pra eu não ser obrigada a meter a mão na cara dela.
Era um dia lindo e pacífico(como já deu pra ver) aqui no Asfalto. Eu e minha irmã estávamos nos preparando pra passar 3 meses com nossos pais Lá no Morro da Rocinha,o que pra mim,era um inferno.
Minha mãe era a herdeira daquele morrão lá. Mas infelizmente,o pai dela era um babaca,super machista que deixou tudo pro marido dela,vulgo meu genitor. A gente não se da muito bem desde que eu me entendo por gente,não sei bem o por que,é que ele me estressa pra caralho sabe?.
A última vez que eu visitei meus pais,eu tinha 18 anos,sai de casa com 17. Me formei no ensino médio e fui fazer faculdade. Ou melhor,é o que eles acham que eu fui fazer né?.
Virei Stripper,não faço programa com frequência,só quando a quantia é realmente muito alta,ou quando o cliente vale a pena né? Nada daqueles velhos que estão a beira da morte.
"Ah mais você não tem medo de ser reconhecida?" Eu não. Tô fazendo nada de taooo errado assim.
Mais é claro que eu não deixei de fazer um cursinho aqui e ali. Tenho meus quase 23 anos,e felizmente já tenho meu apartamento que estou pagando de pouco em pouco,do jeito que sempre sonhei,ganho meu dinheirinho,e tô bem feliz.
Minha irmã começou a morar comigo recentemente,acabou de fazer 18 e tá fazendo a faculdade dela de advogacia. O que chega a ser um pouco engraçado ne? Foi criada entre bandidos e agora quer ser advogada criminalista.
Isabella me olhava de canto enquanto eu olhava ao redor vendo se eu não esqueci nada.—Do jeito que você tá arrumando suas coisas,parece que vai morar lá—ela riu e eu revirei os olhos.
—Me erra Isa,pelo amor de Deus.—
—Vamo logo Lex. Eu quero almoçar com a mamãe ainda.—ela saiu batendo os pés.
A garota já tinha 18 mais parecia que tinha 7 ainda. Um pouco isso é culpa minha,sempre mimei muito a minha irmã.Fechei minha mala e levei em direção ao meu maior luxo. Meu carro,um golf simples,todo preto e sufilmado. Coloquei as bagagens no mesmo,entrei no carro e minha irmã já estava toda emburrada,com um bico lá na Austrália. Eu ri baixinho e comecei a dirigir em direção ao morro. Era uma pena que eu não poderia ficar com o meu carro lá. Minha mãe tem uma loucura dizendo que é perigoso e blá blá blá,infelizmente,nessa família tudo é perigoso.
Assim que chegamos na barreira,olharam torto sem reconhecer o carro,porém assim que Isa percebeu que estavam demorando pra liberar,ela abriu o teto solar e passou pelo mesmo.
—Qual foi porra? Tira logo uma foto do carro pra ficar olhando. Vai liberar essa porra ou não vai?—os vapor tudo reconheceu ela na hora. Ela se sentou outra vez no banco e se emburrou ainda mais.
Dirigi até a casa dos meus pais e eu mal parei o carro quando Isabella pulou do mesmo correndo em direção a casa. Eu bufei pela mesma ter batido a porta do carro com força. Fui em direção ao porta malas,já que sobrou pra mim tirar tudo do carro sozinha. Quando me preparei pra tirar a mala de dentro,senti uma mão em meu ombro. Virei pra trás assutada e vi meu pai. Ele deu um sorriso amargo e eu retribui do mesmo jeito. Não conversamos nem nada,ele apenas me ajudou a levar tudo pra dentro,e depois foi de encontro com a esposa dele.
Eu fui até a minha mãe e dei um abraço apertado na mesma. Ela continuava da mesma forma desde a última vez que a vi. O corpo bem modelado,os olhos cor de mel ousados,os cabelos cacheados definidos e cheios. As tatuagens bem cuidadas. Ela estava perfeita,graças a Deus eu puxei a genética da gostosa da minha mãe.
Ela passou as mãos em meus cabelos e eu escutei o suspiro aliviado. Ela sempre me dizia a mesma coisa quando me via:—Sempre que posso te abraçar,é um alívio pro meu coração minha filha.—ela segurou meu rosto com as duas mãos e me olhou por alguns segundos depois me soltou—Vamos suas vagaba. Vamo almoçar que eu não fiz um almoço top pra comer frio não.—nós rimos e fomos em direção a mesa. E de fato,a coroa caprichou. Fez um monte de coisa gostosa e como eu nem gosto de me empanturrar de comida,comi bem pouquinho,só repeti quatro vezes,o almoço. A sobremesa eu nem lembro o quanto comi. Sei que as três horas da tarde eu estava jogada no sofá com uma barriga de grávida de quadrigêmeos. A própria grávida de Taubaté.
—Ninguem mandou comer mais do que aguenta.—minha mãe riu enquanto mexia no celular dela.
—Poxa mãe,fazia mó tempão que eu não comia uma comida de verdade—choraminguei
—É verdade mãe,a Alessandra não cozinha de jeito nenhum,é tudo eu naquela casa—Isa fingiu secar as lágrimas invisíveis dela. E eu joguei uma almofada na cara dela que eu me deu língua.
—Ja avisou a tua amiga que tu chegou Alessandra?—minha mãe me olhou e eu neguei com a cabeça.
—Ainda não mãe. Tenho que ir falar com ela né? Ela já deve ter enlouquecido essas horas—eu ri me lembrando da louca da minha melhor amiga,a Naty.
—Sua tia Sasha já mandou mensagem pra mim dizendo que ela tá te xingando de tudo quanto é nome lá—
—Ai eu vou na hora que eu acordar. Meu soninho depois do almoço é sagrado!—me ajeitei abraçando a coberta. Podia ser o calor que fosse,não consigo dormir sem estar abraçada com uma coberta.
—Ah filha,eu tenho uma coisa pra te contar—ela me olhou meio apreensiva,e eu fiz um gesto pra ela continuar falando.—Lembra da..—
Ela não conseguiu terminar de falar,o celular dela tocou e ela teve que atender. A mesma me pediu licença e saiu. Provavelmente era algum assunto da boca,ela não era dona,mais a gata entendia tudo. Assim como ela,minha vó também só não tinha título,mas mandava em tudo. As vezes eu me pegava pensando se um dia eu iria comandar aquilo tudo também. Já que desde de pequena,minha mãe sempre me mostrou e me explicou tudo do mundo dela,mais deixou a escolha na minha mão,de me envolver e ficar presa nisso pra sempre,ou poder viver tranquila sem ter medo de ser morta ou parar na cadeia.
Diferente de mim,Isa não ligva nenhum pouco,não queria se envolver com o "legado" da família,nem passava a possibilidade de ser uma criminosa na cabeça dela.
Fechei os olhos e tentei silenciar minha cabeça pra dormir um pouco.
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Lá No Morro
FanficEu tinha 15 anos quando vi ela ser algemada e jogada contra o capô da viatura. Eu estava perplexa demais pra reagir,meus olhos insistiram em deixar cair lágrimas que em instantes inundaram o meu rosto. Os olhos dela pegavam fogo pelo ódio,mas quando...