10-A aposta

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Paloma

Samantha me chamou para ir ao shopping, e eu até fiquei um pouco surpresa, já que não achei que tivéssemos essa intimidade toda. Ela estava mais alegre e comunicativa, até me mostrou o look que iria usar. Curiosa, perguntei se poderia combinar o meu look com o dela, já que eu tinha peças nas mesmas cores. Samantha concordou, e eu enviei uma foto do meu look.

Nós optamos por nos encontrar perto da entrada do shopping. Havia bastante gente por lá, mas, não importa quantas pessoas estejam ao redor, ela sempre se destaca. Quando a avisto, caminho em sua direção, e nos cumprimentamos.

— Você está linda! — ela me elogia, um pouco tímida.

— Você também — respondo, devolvendo o elogio.

Samantha está com o cabelo liso, na altura dos seios — ela deve ter alisado, já que normalmente ele é um pouco ondulado. Ela usava seu famoso lápis de olho, que destaca ainda mais seus olhos verdes, e um vestido branco e azul da Farm, combinado com um salto preto. Linda é um adjetivo simples para descrevê-la; essa mulher é magnífica. Ela não precisa de muito para se destacar.

Já eu estava com um coque despojado, uma regata azul, uma calça branca e um tênis branco, cujo nome da marca esqueci.

— Vamos? — ela me conduz para dentro do shopping.

— Ah, claro. Então, a que devo a honra do seu convite de hoje? — pergunto, um tanto confusa.

— Ah, você é legal, e eu gostaria de conversar mais com você — ela responde, calma.

— Fico feliz que goste da minha companhia.

— Impossível não gostar da sua companhia — ela complementa, com um sorriso.

Samantha parecia diferente, mais à vontade. Passamos o dia juntas, rindo de algumas piadas sem graça que eu fazia. Até que ela se aproximou mais de mim, e eu fiquei imóvel. Ela parecia hesitante, mas tomou coragem:

— Sua namorada não fica brava por você sair com outras garotas?

De todas as coisas que imaginei que ela diria, essa nem passou perto. Fiquei sem jeito de explicar, e minha única resposta foi uma risada.

— O que foi? — ela perguntou, confusa.

— Eu não namoro.

Agora era a vez dela de rir.

— Desculpa, eu achei que você estivesse namorando. É que você é muito bonita — ela completou, me deixando ainda mais sem jeito.

— Eu até gostaria de namorar alguém, mas acho que é cedo demais.

— Ah, não tem isso de cedo ou tarde. No fim, tudo acontece como tem que ser — ela me encoraja.

— Tem algo que eu queria fazer há muito tempo — falo, pensativa.

— Então por que não faz?

— Porque essa pessoa é você, Samantha.

Antes que pudesse pensar no que estava dizendo, soltei isso. E, assim que me dei conta, olhei, chocada, para Samantha. Eu não acredito que revelei isso em voz alta. Nossos olhares se cruzaram. Ela estava um pouco séria, pensativa. Não sei o que dizer ou fazer.

Parecíamos querer conversar por telepatia. Sua boca não dizia nada, mas seus olhos eram tão expressivos. Aos poucos, nossas mãos se entrelaçaram e ela foi se aproximando. Eu sentia borboletas no estômago, como se uma onda de energia passasse por nós. Decidi calar meus pensamentos e a puxei para um beijo. Simples, sincero, delicado, cheio de vergonha e ternura.

Meu Acaso FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora