Uma nova etapa.

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O sol brilhava timidamente naquela manhã, enquanto o carro seguia pela estrada, afastando-se do único lar que eu havia conhecido até agora. Meu coração batia descompassado, ansioso pela aventura que se desenrolaria na cidade desconhecida à frente, a cidade de Imperatriz. Eu, uma garota de 16 anos, estava prestes a começar um novo capítulo da minha vida, e isso significava uma nova escola, novos rostos e uma enxurrada de incertezas.

Ao olhar pela janela, observei a paisagem que se transformava rapidamente, passando de lugares familiares para o desconhecido. Eu me perguntava se conseguiria encontrar meu lugar nessa nova cidade e se faria amigos.

Aquele era o dia em que tudo começaria a mudar, porque, além do novo emprego promissor do meu pai, o destino havia me presenteado com algo que eu ansiava há muito tempo. A oportunidade de estudar ballet em um dos melhores estúdios da cidade.

O carro parou em frente à escola, e eu respirei fundo, pronta para enfrentar o desconhecido.

"Isabella," minha mãe chamou, olhando para mim com um sorriso encorajador, "você vai se sair maravilhosamente bem aqui."

Com um aceno, saí do carro e me vi diante da imponente fachada da escola. Ela era majestosa e, ao mesmo tempo, intimidadora. Respirei fundo mais uma vez e, com minha mochila repleta de livros e materiais de ballet, entrei no recinto.

Assim que entrei no corredor movimentado, pude ver alunos se cumprimentando e se reunindo em grupos. Enquanto observava tudo isso, uma voz estridente chamou minha atenção.

"Anita, nós precisamos achar um lugar para nos esconder!" exclamou um garoto com cabelos rebeldes, apontando para um grupo de veteranos que se aproximava. Anita e esse garoto, concordaram e se apressaram em direção à biblioteca.

Eu não pude deixar de sorrir, admirando a coragem deles em se desviar dos veteranos. Curiosa, segui o grupo até a biblioteca.

Quando entrei na biblioteca, deparei-me com um cenário inesperado. Eles estavam lá, tentando parecer invisíveis, e, ao lado deles, havia um jovem de cabelos escuros e olhar intenso. Ele tinha um visual emo e parecia imerso em seu próprio mundo, absorto em um computador antigo.

Este olhou na minha direção com curiosidade quando entrei, mas sua atenção logo voltou ao monitor.

"Menina nova na escola, não é?" perguntou o garoto de cabelos rebeldes,. "Eu sou Henrique, e essa é a Anita. E o introspectivo ali é o César." Henrique apontou para César, que apenas acenou sem desviar os olhos da tela.

Assenti com um sorriso, agradecendo por ter encontrado um grupo. "Eu me chamo Isabella. Prazer!"

"Olá, Isabella," disse Anita com um aceno amigável. "Seja bem-vinda. Junte-se a nós na nossa missão de evitar aquelas criaturas!"

E assim, meu primeiro dia em Imperatriz se tornou uma página em branco, pronta para ser preenchida com aventuras e histórias que eu nunca poderia ter imaginado.

Conversamos por um tempo na biblioteca, compartilhando nossas expectativas para o novo ano escolar e algumas histórias engraçadas do passado. Anita era uma verdadeira personalidade, com seu jeito extrovertido e sorriso cativante, enquanto Henrique era caloroso e acolhedor. César, apesar de sua natureza mais reservada, contribuía com seu senso de humor único.

Depois de algum tempo, decidimos sair da biblioteca e explorar a escola. Não demorou muito para que os mais velhos nos encontrassem. Eles eram barulhentos e estavam claramente preparados para o trote.

"Oh gente! Gente pode vir, eles são gente boa!" disse uma garota de cabelos curtos e castanhos, acompanhada por mais três rapazes.

"Calma Carol não é bem assim também..." um desses rapazes, que usava uma camiseta amarela com um casaco vermelho, avançou. "Você está protegida, mas aqueles seus amiguinhos nerds com certeza vão para a rodinha da humilhação"

Eles riam entre si até começarem a chamar a atenção de todos que passavam para formar a tal "rodinha da humilhação".

"Vamos começar com..." outro de cabelos escuros falou apontando para Anita. "Essa daqui!"

Anita avançou, impulsionada por um dos mais velhos. O de cabelos pretos continuou "Irmãzinha da Luiza, mas nem de longe tão gata" e riu.

"Eu tenho nome tá?...É Anita" ela se defendeu.

"Oohh...Ela tem nome gente" o mesmo garoto riu.

"Chegou a sua hora então..." o rapaz do casaco vermelho falou. "Anita."

Anita, no entanto, não deixou que a situação ficasse fora de controle. Com uma determinação surpreendente, ela se dirigiu ao grupo e lançou palavras que ecoariam no corredor.

"Quer saber? Eu não tenho mais 15 anos" Ela pausou e virou-se, fixando o olhar em um deles.

"Sabe o que eu acho de você?-" o garoto de cabelos pretos foi interrompido por Anita.

"Não e nem quero saber...Agora, quer saber o que eu acho de todos vocês?" Ela apontou para cada um e depois para o garoto de casaco vermelho. "Você! Fabrício, pose de Bad Boy mas no fundo é só um menininho inseguro viu? Essa sua agressividade toda é um problema de autoestima, você sabe né?"

Ela se virou para o de cabelos escuros "E você, Eduardo, moleque, traidor, cafajeste...O que é que as pessoas vêm em você? Aprenda a valorizar as mulheres, reveja essa sua masculinidade tóxica."

"E você..." Ela se dirigiu ao garoto mais discreto do grupo dos três. "João, José...Quem é você mesmo? Ah! Lembrei! O moleque que caiu na piscina na festa da Luiza...Joel, não é?" Enquanto Anita proferia essa frase, todos se olharam confusos, sem entender o motivo. "Tão importante que eu nem lembrava da sua existência. Não é ninguém para mim e nunca vai ser ninguém na vida."

Anita continuou a falar sobre várias coisas, enquanto todos a observavam com confusão e perplexidade.

Seu discurso inflamado pegou a todos de surpresa. Os veteranos olharam para ela, visivelmente desconcertados. A coragem de Anita em enfrentá-los e repreendê-los deixou uma impressão duradoura em todos, incluindo eu.

Logo, eles recuaram, deixando os meus novos amigos e eu ilesos. Era evidente que Anita era alguém que não se deixava intimidar facilmente. Ela sorriu triunfante, virando-se para nós.

"É assim que a gente lida com esses caras," disse ela com confiança.

Nos despedimos do Henrique e da Carol que tinham outros planos.

Enquanto retornávamos à biblioteca para pegar nossas coisas, Anita sugeriu: "Que tal celebrarmos nossa vitória hoje à noite? César, você quer vir comigo até a farmácia? Eu estava pensando em fazer um furo na orelha."

César concordou com entusiasmo, e eu achei que seria uma ótima maneira de me integrar ainda mais ao grupo. Afinal, eu queria fazer parte de todas as experiências emocionantes que Imperatriz tinha a oferecer.

Depois das aulas, Anita e César me convidaram para acompanhá-los até a farmácia. No caminho, conversamos sobre nossos planos para o futuro e as coisas que mais gostávamos de fazer. Eu me senti tão à vontade com eles, como se os conhecesse há muito tempo.

Na farmácia, Anita estava visivelmente animada para fazer o furo na orelha. Ela escolheu um brinco delicado e se sentou corajosamente na cadeira, enquanto César assistia, empolgado.

O profissional da farmácia realizou o procedimento com habilidade, e Anita mal piscou. Quando tudo terminou, seu rosto se iluminou de alegria, e César aplaudiu com entusiasmo.

Para comemorar, tiramos uma foto juntos logo depois do furo. Anita já tinha a sua câmera em mãos e capturou o momento, garantindo que sorrisos e felicidade fossem registrados.

À medida que o primeiro dia em Imperatriz chegava ao fim, eu percebia que havia embarcado em uma aventura inesperada, cheia de amigos incríveis e momentos emocionantes. Era o começo de algo novo, algo que eu nunca poderia ter imaginado.

De Volta Aos 15 (Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora