ATAQUE DE PERSUASÃO
SiennaOs órgãos de Michelle estão falhando...
As palavras eram tão claras, mas eu não conseguia envolver minha cabeça em torno delas.
— Espere aí! O que você está dizendo? — Josh perguntou. Ele estava segurando a parede como se fosse a única coisa que o mantinha de pé.
— Eu estou dizendo..., — disse Jocelyn, tocando a pulseira de prata ornamentada que ela usava em seu pulso, — ela não vai sobreviver à noite.
O silêncio pairou sobre todos nós. Ninguém se mexeu.
— Mas e as máquinas? — Eu soltei.
— Nós a colocamos no ventilador por causa de sua respiração anormalmente rápida, — disse Jocelyn. — Mas seus rins e seu fígado são
o verdadeiro problema.
— Ela está demonstrando oligúria, — disse a Curandeira Lowell.
Ela olhou para nossas expressões em branco. — Ela não está produzindo urina suficiente, — ela esclareceu.
Meu coração começou a bater mais forte.
— Sem os rins fazendo seu trabalho, eventualmente ela entrará em choque.
— Não entendo. Por que isso está acontecendo? — Josh disse.
— O trauma que ela suportou causou uma quantidade significativa de danos internos, — Jocelyn disse, sua voz gentil.
— Mas... você vai curá-la ou não? — Josh exigiu.
— Eu tentei... — Jocelyn começou.
— Então continue tentando! — Josh rebateu.
A curandeira Lowell balançou a cabeça. — Eu vim aqui hoje para ajudar a realizar um ritual com Jocelyn. Um que requer dois curandeiros
de grande habilidade. Mas mesmo assim foi uma aposta e, infelizmente, não teve sucesso.
— Não teve sucesso? — Josh ecoou.
— Michelle foi atacada por um vampyro, — a Curandeira Lowell explicou.
— Sua companheira foi essencialmente envenenada por ele. A magia de cura do lobisomem... é poderosa. Mas nós estamos lutando contra magia vampírica.
Josh fez um som de desgosto.
— Aquele vampyro era fora do comum — ela continuou. — Ele tinha um poder como nada que eu já tenha visto. Um poder antigo, tenho certeza disso.
Meu Deus, Michelle.
— Então o que você está dizendo? — Josh exigiu, tremendo com sua voz zangada. — Você não pode salvá-la? Jocelyn arregalou os olhos. — Existe um ritual...
— Não, não há, — a Curandeira Lowell a interrompeu, sua voz repentinamente fria.
— Um ritual, — Jocelyn continuou, — mas é proibido...
— É absolutamente proibido! E perigoso e vai contra a Doutrina do Curandeiro. É melhor tirar isso da cabeça. Agora.
O comportamento caloroso da Curandeira Lowell agora estava rígido e tenso. Ela olhou carrancuda para Jocelyn, que olhou para o chão.
Josh olhava desesperadamente de uma curandeira para a outra, desejando que um deles sugerisse uma nova solução.
Mas eu entendi o que a Curandeira Lowell estava dizendo.
— Ela vai morrer, não é?
Todos se voltaram para mim. O rosto de Josh perdeu toda a cor.
Então todos nós nos viramos para olhar para Jocelyn.
Ela estava balançando a cabeça. — Não, — ela disse. — Eu não vou deixar isso acontecer...
—Sinto muito, mas não concordo, — rebateu a Curandeira Lowell.
Todos nós olhamos para ela, horrorizados.
Ela encontrou nossos olhos sinceramente, um por um.
— Não vou dar falsas esperanças a ninguém. Não estou dizendo que Michelle não vai conseguir superar isso... mas agora, nós curandeiras não temos o que fazer.
—Jocelyn quer que ela supere — todos nós queremos, — ela continuou. — Mas o que quero dizer é que — para ela — é pessoal.
Jocelyn baixou os olhos.
A curandeira Lowell ergueu as mãos, gesticulando para que entrássemos no quarto de Michelle.
— Eu acho que seria sábio para todos vocês visitarem Michelle. Para se preparar. Talvez até para dizer adeus.
Eu segurei o soluço que subiu em minha garganta.
Adeus? Michelle tem apenas 20 anos.
Como a vida dela pode ser encurtada tão tragicamente?
Emily tinha apenas quinze anos quando morreu.
Porque eu não tinha percebido que ela estava em apuros até que fosse tarde demais.
Ela foi estuprada por um homem violento e malvado e tirou a própria vida apenas dois dias depois.
E eu estava impotente para ajudá-la.
Assim como Michelle. Ela estava presa e gritando dentro de sua própria mente, e eu nem tinha percebido.
Afinal, Konstantin havia vencido.
— Não, — Josh engasgou.
A carranca da curandeira se aprofundou enquanto ela o considerava.
— Eu sinto muito, Beta Daniels. Mas acho que você precisa colocar seus negócios em ordem.
— Nós vamos fazer essas ligações agora, — Jocelyn administrou, e ela caminhou pelo corredor.
Com um breve e triste aceno de cabeça, a Curandeira Lowell a seguiu.
O resto de nós ficou parado na sala de espera, olhando um para o outro.