Capítulo Cinco

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- Um, dois, três, quatro, cinco, seis. - Kai ficou no canto da sala e bateu palmas enquanto Yves se movia pela nova combinação que serviria como sequência de abertura do balé. A música do piano ecoou pela extensão do estúdio. A coreografia era intrincada, e o timing, tudo. Yves havia chegado cedo naquela manhã para se aquecer adequadamente, preparar seu corpo, mas encontrou o regime interrompido quando Jiwoo se juntou a ela.

- Ei, Yves H. - ela disse ao entrar no espaço.

- Bom dia. - Yves lhe deu um olhar enquanto Jiwoo pendurou sua bolsa de dança na cadeira e começou a puxar o cabelo em um rabo de cavalo. Ela ocupou um lugar na barra e começou a se esticar a poucos metros de Yves.

- Nós nos divertimos muito no McKenna's na noite passada. É um lugar bem legal. Você já foi?

- Já fui, sim - disse Yves, e pressionou o torso contra a canela, querendo se concentrar no aquecimento. No entanto, Jiwoo aparentemente tinha outras ideias.

- Uma das coisas que eu realmente gosto em Seul. Tudo é tão compacto. Eu esqueci.

- É sim. - Se ela mantivesse suas respostas curtas, talvez Jiwoo entenderia e a deixaria se concentrar no que ela estava lá para fazer, trabalhar. Ela não estava interessada em ser a melhor amiga dos outros dançarinos, e certamente não de Jiwoo, entre todas as pessoas.

- Então você morou aqui a vida toda? - Jiwoo perguntou sem rodeios. - Em Seul?

- Morávamos no Busan e as vezes no Brooklyn mas sempre voltávamos para Seul.

- Imagino que deve ter sido uma viagem e tanto, crescer com um pai famoso.

Yves moveu seus alongamentos para o chão.

- Eu não saberia a diferença.

Jiwoo riu ironicamente, e a robustez do som chamou a atenção de Yves. Não foi colocado ou obrigatório. Ela tinha a sensação de que Jiwoo não estava fingindo.

- Confie em mim. Quando seus pais não são ninguém de lugar nenhum, as coisas ficam um pouco mais complicadas.

- De que forma?

- Você sabe, ficar na fila com centenas de outras crianças na chuva na frente de um teatro. Dançar com um número no peito esperando ser notada e oferecida algum tipo de chance.

Yves se irritou com a insinuação e se endireitou de seu lugar no chão, agora totalmente envolvida na conversa, suas defesas engajadas.

- Você está dizendo que cheguei aonde estou por causa de quem meu pai é?

Os olhos de Jiwoo se arregalaram.

- Absolutamente não. Só estou dizendo que não poderia ter feito mal, no que diz respeito ao uso do número.

- E como você sabe disso? - Yves sentiu a raiva bater e a onda de energia que a percorreu com o desafio. Jiwoo havia tocado em um assunto delicado, pois Yves havia passado grande parte de sua vida trabalhando horas extras para provar que era uma dançarina digna por si mesma.

- Ouça, eu não estou afirmando saber de nada. Eu imagino que se Ha Taemin fosse meu pai, eu poderia ter mais alguns contatos no mundo da dança começando.

Yves levantou a mão no ar.

- No entanto, aqui está você de qualquer maneira. Ignorando as coisas difíceis. Não me lembro de toda a história, mas o que a trouxe à SSKB tantos anos atrás?

- Ganhei um concurso nacional e veio com uma bolsa de estudos. Eu não poderia pagar de outra forma. Meu pai trabalha em seguros e minha mãe ficou em casa conosco. Dois irmãos totalmente obcecados por futebol e eu.

Number One (Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora