Capítulo Dezessete

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Jiwoo estava no hospital há oito horas enquanto esperava Yves recuperar a consciência após a cirurgia. Ela estava privada de sono, com fome e com medo, mas não havia como ela ir a lugar algum. O bip, bip, bip da máquina ao lado da cama de Yves marcava o tempo em uma serenata sinistra. O som, junto com o cheiro forte de desinfetante, deixava Jiwoo um pouco enjoada.

Quando ela chegou ao hospital, ela foi relegada para a sala de espera, onde ela se sentou em uma cadeira de plástico fria, esperando horas por qualquer tipo de atualização. Foi só quando Taemin chegou e, relutantemente, a listou como família no formulário de admissão, que ela teve permissão para entrar no quarto de hospital de Yves. E graças à Deus, porque ela não estava chegando a lugar nenhum com as enfermeiras de boca fechada. Depois de algumas perguntas ladradas, Taemin fez com que eles fornecessem todas as informações que pudessem sobre Yves, o que ainda não era muito. Ele voltou seu olhar para Jiwoo em seguida e a considerou como se fosse um inseto dentro de casa. No entanto, ela lembrou a si mesma que foi ele quem a informou sobre o acidente, então ela permaneceu grata, apesar da recepção fria.

Ver Yves em seu estado atual foi aterrorizante. Mesmo agora e com horas para se ajustar, Jiwoo ainda tinha dificuldade em reconhecê-la. Seu rosto estava pálido e inchado e carregava uma miríade de hematomas e lacerações assustadoras, uma na testa sendo profunda e exigindo pontos. Ela saiu do acidente com uma concussão que eles teriam de monitorar, e seu corpo parecia machucado com uma variedade de ferimentos que Jiwoo não conseguia nem nomear. No entanto, foi o braço esquerdo de Yves que causou a maior preocupação. Ela quebrou gravemente o osso da ulna em seu antebraço, e seu cotovelo exigiu reconstrução detalhada em uma longa operação. Atualmente, seu braço estava imobilizado em uma cinta que vinha com articulações e dobradiças de metal complicadas, todas aterrorizando Jiwoo. Mais do que tudo, ela só queria acariciar o cabelo de Yves e sussurrar para ela que ia ficar tudo bem. Por um lado, ela tinha medo de machucar Yves. E por outro, ela sabia que não ia ficar tudo bem. Os médicos confirmaram a Taemin que seu braço se curaria com o tempo e fisioterapia, mas com a natureza de sua lesão, ela nunca recuperaria toda a amplitude de movimento.

Tradução: Yves terminou sua carreira como bailarina profissional e nem sabia disso ainda.

— Eu preciso de café. Café forte — anunciou Taemin para a sala, embora Jiwoo fosse a única ali.

— Certo. Vá em frente. Estarei aqui se ela acordar.

— Você quer o café? — ele perguntou, finalmente fazendo contato visual com ela, sua voz mais suave agora.

— Não, obrigada.

Ele assentiu e a deixou sozinha com os bipes, o zumbido e a preocupação que a consumia. Ela deslizou sua cadeira para mais perto de Yves e pegou sua mão boa, entrelaçando seus dedos.

— Ei. Eu realmente não sei por onde começar. Sinto muito pelo que aconteceu, Yves. Sinto muito. Eu sei que te provoco muito, e podemos discutir sobre coisas bobas, mas você passou a significar mais para mim do que qualquer outro humano. Então passaremos por isso juntas, está me ouvindo? Você e eu. Teremos tudo sob controle. Então, que tal você acordar para que possamos começar? — Yves não se mexeu. — Você deve ser avisada agora que provavelmente haverá muitos beijos ao longo do caminho. Quero dizer, você nos conhece? Vamos lá. Eu adoraria se você abrisse os olhos, Yves, porque estou com muito medo agora.

Mas aparentemente Yves ainda não estava pronta para acordar.

Enquanto esperava, Jiwoo deitou a cabeça na lateral da cama ao lado do ombro de Yves e esperou. Taemin voltou depois de não muito tempo, e eles se sentaram em silêncio, mais uma vez, os bipes os lembraram do horror que os trouxe a aquele local.  

Number One (Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora