Capítulo Doze

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— Esta é a sua chamada de trinta minutos para o terceiro balé da noite. — disse a voz de Gyuri pelo alto-falante. — Esta é sua chamada de trinta minutos para Aftermath.

Yves se encarou no espelho, ajeitando uma mecha de cabelo que parecia ter vontade própria.

— Não faça isso esta noite. — ela disse ao seu fio rebelde. — Eu preciso que você coopere. Existem algumas pessoas muito ricas por aí que pagaram muito dinheiro por seus assentos e não estão interessadas em uma bailarina com cabelo de Don King.

Era uma grande noite para Yves. Ela dançou em inúmeros balés com City, mas nunca como protagonista. Haveria notas no jornal naquela noite. Os críticos iriam rever sua performance sobre a de Jiwoo, já que ela havia sido a dançarina selecionada para se apresentar na noite de estreia. Eles eram o último balé da noite, seguindo duas peças de vinte minutos, todas sob o título temático de "Underworld".

— Recomponha-se. — disse ela baixinho.

Yves nunca ficou nervosa. O nervosismo da noite de estreia ou mesmo o medo genérico do palco eram condições com as quais outras pessoas lidavam. Certamente não ela. Ela era uma profissional e sempre chegava para uma determinada apresentação relaxada e ansiosa para ver o trabalho se unir na frente de uma plateia.

Até hoje, no entanto. Também conhecido como seu pior pesadelo.

Yves se sentou em sua penteadeira, mal reconhecendo seu próprio rosto sob a maquiagem de palco que tinha todos os traços exagerados e coloridos para chegar ao palco do National Theater of Korea. Seu estômago vibrou ao ponto de distração e sua respiração parecia superficial, um sinal infalível de que ela estava com medo. Ela nunca pegou um papel como o de Mira antes, e com toda a verdade, não tinha certeza se poderia se entregar totalmente. Não só isso, mas a dor de seu pé não havia diminuído, apesar dos anti-inflamatórios que ela havia tomado. Ela tomou uma segunda dose, só para garantir. Enquanto ela se tornou uma especialista em dançar através do desconforto, a dor estava começando a corroê-la e tirar sua concentração durante a apresentação.

Um grande problema.

Três batidas fortes na porta do camarim e Yves se virou assim que Jiwoo entrou. Seus olhos estavam brilhantes e ela sorriu para Yves, o que realmente ajudou. Nenhum outro sorriso teve o mesmo efeito.

— Desculpe por incomodar você, mas eu não conseguia evitar. Eu só queria passar e ver como você estava. Tenho meu assento da casa pronto para ir. — Ela ergueu um bilhete orgulhosamente.

— Você não tinha que fazer isso. — disse Yves, mas apenas ter Jiwoo lá parecia endireitar seu navio cadenciado. Jiwoo estava vestida para o teatro, mais ousado do que traje conservador normal. Sofisticado até o que chamou a atenção de Yves. Ela usava um conjunto social preto de saia cintura alta, de renda, que batia na metade das coxas. Um top preto que deixava seu lindo abdômen amostra por baixo do blazer preto e por fim salto alto pretos que combinava com as meias 3/4. E tudo combinava tão bem que gritava Jiwoo.

— Eu precisava. Está no meu contrato que eu tenho que estar a quatro quarteirões do teatro sempre que você estiver se apresentando. — Essa parte era verdade. Yves tinha a mesma cláusula em seu contrato, apenas no caso de precisarem que ela substituísse Jiwoo.

Ela balançou a cabeça.

— Eu quis dizer que você não tinha que aparecer. Mas posso confessar que estou feliz que você tenha feito isso?

— Você está ótima. — disse Jiwoo, observando-a. — Eles vão adorar. É uma bela peça. Você sabe disso, certo? Kai sabe o que está fazendo.

— Ele sabe. Por mais que eu lute contra a ideia, ele fez a coisa certa ao trazer você aqui. Sem tudo o que aprendi com o tempo que passei com você, não teria metade do meu desempenho.

Number One (Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora