As crianças estavam na praia, brincando no água cristalina da maré baixa. As ondas se chocando nas rochas recém descobertas pelos meninos. Sol da manhã os admirando, abençoando-os. Eles estavam jogando, com pontos e tudo, quem conseguia pular nas roxas por mais tempo e ir mais longe. Cada vez mais longe.
Shanks ao longe junto de Benn. A pedido de Makino, para que cuidassem dos meninos já que a água era perigosa para Luffy, e Sabo não sabia nadar. Eles estavam se divertindo com a vista, crianças brincando era algo fofo de se ver. Shanks, mais pensando que realmente de olho, e Benn começando a dormir na areia. A ponta do cigarro quase no fim em seus dedos, com as cinzas ainda inteiras sem quebrar.
O ruivo se encostou melhor na pedra, olhando para seu primeiro imediato e sorrindo. Fazia tempo que não ficavam tão calmos assim, toda a equipe relaxada. Os últimos anos foram estressantes, até turbulentos demais para uma equipe novata. Mas o fato de ser uma criança que cresceu ao lado do rei dos piratas, que pegou seus ideais, sua força, que tem contato (ou teve) com os maiores nomes do mundo. Talvez seja por isso a perseguição em massa através de sua cabeça. Ele espera, no entanto, que Baggy esteja indo melhor do que ele.
Não que sua aventura não esteja boa, não. É incrível e tudo o que sempre sonhou, mas o peso de ser um capitão tão novo é forte e mais denso do que ele achou que seria. Conhecer Benn fez com que tudo melhorasse, o homem, assim que chegou, já tomou suas dores e responsabilidade. Sendo proclamando como o primeiro imediato do seu bando pelos próprios tripulantes. Bendita seja essa família, tão boa para ele.
O homem ao seu lado se senta na areia, os grãos caindo do cabelo e costas. Shanks o observa sem entender, ele achou que Benn estava cochilando. Seu próprio sono já chegando. - O que há, Benn? - perguntou.
- Cadê os meninos? - Benn se levantou, indo para mais perto da água. Shanks já estava de pé também, seu coração batendo rápido de mais antes de sua mente tentar acessar informações para isso.
- Estão se escondendo...? - sussurrou.- Não. Benn! Estão na água! - a voz em pânico foi alta, fazendo com que a adrenalina de ambos subisse. Eles correndo juntos para a água. A areia molhada os impedindo de ir muito rápido. Como se tentasse os segurar na praia se agarrando aos pés como uma gosma, eles praguejam e continuam avançando.
O som da água batendo ao redor de seus braços toma conta de seus ouvidos. O sol de repente muito forte em suas vistas. Desespero tomando conta. Ambos os homem clamam para que os meninos estivessem bem. Shanks tenta usar seu haki da observação, demora para que consiga acessar, o pânico, a cena dos meninos mortos passando em sua mente, afogados pela irresponsabilidade de Shanks em mantê-los seguros, borra sua visão em lágrimas. Ele para, respira, vê Benn mergulhando e voltando. A maré subindo muito rápido.
E usa novamente seu haki. A mentoria de Silvers soando em sua memória, o oxigênio precisa fluir para sua mente e se expandir por todo seu corpo. E ele faz isso. Sabo é o primeiro que ele vê. Há poucos metros de Benn, no fundo da água, segurando uma roxa, ele vê o sangue flutuando pela água das unhas do menino. Quando seu primeiro imediato volta para a superfície, ele grita a localização. Benn obedece, e algum minutos depois, Sabo está de volta tossindo e agarrado ao pescoço do homem.
Ele suspira. E busca os outros. Em sua visão, os cabelos pretos de Ace aparecem, os fios flutuando pela água numa dança calma. Apesar dos movimentos bruscos das ondas logo acima dele. Ele que vai dessa vez, nada alguns metros para frente e depois mergulha, já estando muito longe da praia.
Ao chegar perto, olhos doendo sentido as pontadas de sal, se guiando apenas pelo haki, vê que Ace está também de olhos abertos. Mas não há o brilho cotidiano de desconfiança e, ainda assim, infantil. Há, agora, de baixo de toda a água salgada, uma nevoa, que Shanks já viveu o suficiente para saber o que significa. Ele pega o menino, sentindo seu próprio pulmão arder, sem tempo de tomar fôlego antes, e volta a subir. Ao cruzar a linha, a gravidade faz seu trabalho e os deixa flutuar um pouco. Como se fosse um descanso. Ele deita Ace em seus braços e o chacoalha.
- Ace! Ace menino de deus respira caralho!!
Alguém está ao seu lado, um bote de madeira escura está flutuando a alguns centímetros do seu ombro e pegam Ace dele. Ele quer chorar por um momento, gritar para que devolvam o filho de seu capitão, aquele eu infantil dele dizendo para se afastarem por que, céus, Ace é tudo o que sobrou de sua família. Mas ele não grita, lágrimas ainda escorrem de seu rosto juntamente com a água do mar, ele finge não notar, e seus amigos fingem não ver. Muito mais calmo do que ele, mas ainda assim com medo de um dos meninos que aprenderam a amar se perca.
Yassop é quem o puxa para o bote. Um dos novatos está tirando a água dos pulmões de Ace logo a frente. Até que ele volta sua atenção para o moreno, os dreads tomando sua visão de Ace. - Ruivo! Cadê o Luffy!? - grita o homem, balançando-o.
Ele então retorna, e sua postura de capitão de repente volta, deixando sua mente quebrada para o lado novamente. Ele se afasta de Yassop, deixando seu amigo ver que ele está se concentrando. Luffy é um pontinho no mar, muito mais distante do que os outros, mas também, perto da outra parte da praia. Ele está de baixo da água também, e um ponto enorme se aproxima do menino. Um maldito mostro marinho.
No mesmo instante, Ace cospe toda a água para fora, desnorteado mas já sentado, vomitando tudo o que pode numa sequência de tosses e frases mal entendidas. E Shanks já está de volta para o mar, mergulhando em pressa e velocidade que ele achava que não sentiria novamente.
Aquela parte sua, a parte egoísta de seu ser que grita em haki, sua raiva de ter alguém próximo sendo ameaçado, alguém que ele pegou como seu. O haki se expande de seus olhos por toda a ilha, pegando boa parte do oceano a frente. E paralisando aquele mostro marinho que veio para devorar seu menino.
Eles se encaram, Shanks em puro veneno através de olhos vermelhos e o monstro medroso se afasta assim que termina de dizer: saia.
O menino em seu braço tosse. Cansado se encosta em seu pescoço. A água salgada levando todas suas forças, a consequência de comer uma fruta do diabo chegando pela primeira vez. De possivelmente muitas, pela personalidade do menino. - Shanks... Me descul-pe - diz da maneira que pode.
O ruivo ri, e segura tão forte quanto pode. Que se dane que ele perdeu um braço. Esse é sua consequência de não ter cuidado dos meninos antes. E ele aceita isso de bom grado, por que significa que ele salvou a vida de um menino forte e que virara o mundo de cabeça para baixo.
*
- hmm... Então, você, de uma forma cósmica, soube que eu estava aqui e resolveu vir me fazer companhia?
- isso!
- ah, ok. Obrigado! Quer ouvir uma música?
- quero! Vou pescar algo pra gente comer rapaz. Tô morto de fome
- Yoh Yoh Yoh, eu também!
De repente, me senti muito animada em escrever isso.
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luffyness
Fanfictionluffy morreu, mas volta ao passado como outra pessoa. Ao ter sua garganta dilacerada por uma espada Luffy ainda carrega seus traumas mesmo com uma nova vida. Ah, claro, Luffy ainda é uma bagunça fofa.