Visão, olfato, audição, tato e paladar.
Esses são os cinco sentidos que nos permitem experimentar o que o universo oferece.
Mas... e se houvesse algo a mais?
29 de setembro de 2042, 17:59.
O sol já estava se pondo. O céu estava multicolorido, com tons de rosa, amarelo e roxo. Não havia quase nenhuma nuvem no céu. As primeiras estrelas estavam aparecendo.
Ventava.
Cassius conseguia ver o horizonte de sua cidade natal do topo do terraço de um prédio.
Ele estava sentado bem na beirada do terraço, vendo as luzes dos outros prédios se acenderem aos poucos. Ele então tirou um aparelho do bolso e conectou ao seu aparelho auditivo, ligando uma música. As luzes pareciam se mover ao ritmo da música, e então cada ponto luminoso parecia dançar pela cidade. Uma luz azul estava afastada, e aos poucos, ela se aproximava das outras, mas de repente ela se separa e muda de cor para roxo, e então fica junto a outras duas luzes distantes, uma amarela e uma branca.
- Cassius! - alguém chamava - Cassius! Temos que ir!
Cassius se virou e viu a pessoa que o chamava batendo o pé no chão.
- Falta meia hora para começar!
- Mas é pertinho daqui o local.
- Para com isso, eles falaram pra estar lá o quanto antes, nem sei por que você decidiu vir aqui em cima.
- Tá, vamos lá, Kairo - Cassius falou com um tom ranzinza.
Ele desligou a música e começou a descer as escadas do prédio junto com seu companheiro.
Cassius, um garoto branco de cabelos loiros curtos, que nem ceu pai, feitos num topete desarrumado, com olhos castanhos. Ele não era alto, mas já ultrapassava a média da idade. Vestia uma camiseta azul escura regata, exibindo seus braços musculosos, a camiseta também tinha um touca imbutida. Nas mãos, usava luvas sem dedos pretas de couro. Na maior parte do tempo, usava apenas shorts, mas em missões, sempre usava o mesmo tipo de calça de moletom preta com uma pequena bolsa presa.
Do lado de fora de cada orelha, ele usava um pequeno aparelho auditivo, sendo a única coisa que concedia audição a Cassius. Ele também podia conectá-lo ao celular para ouvir música às vezes.
Apesar de já haver uma cura para a surdez, as medicinas avançadas como essa ainda eram restritas para os ricos dos países desenvolvidos.
Kairo era fisicamente idêntico a Cassius, diferenciando-se apenas pelas características faciais e cabelo, além das roupas. Kairo tinha cabelos ondulados e dourados, parecidos com os de sua mãe, usava óculos circulares e vestia uma calça larga branca com uma blusa laranja que tinha uma faixa preta na parte inferior. Carregava nas costas uma grande caixa preta com uma etiqueta que dizia "Violino". Na parte inferior da caixa, havia um botão que era quase invisível para olhos não atentos.
Os dois irmãos saíram direto pelas portas dos fundos e adentraram na rua movimentada.
Mesmo com o avanço tecnológico ao longo dos anos, as esperanças das gerações passadas ainda não foram alcançadas. A única grande novidade era uma maior expectativa de vida e tecnologia nas capitais tecnológicas, que ainda existiam apenas nos EUA e no Japão.
Pelas ruas e postes, os dois viram vários cartazes com a imagem de uma banda e a mensagem: "Show de Música no Parque de Barulhos às 18:30! Este será o show do anoooooo!!!!" Um grupo de música estava fazendo uma turnê pelo país, apresentando uma música nova em cada cidade que passavam.
Cassius e Kairo foram direto ao seu destino, o Parque de Barulhos, o único parque realmente grande da cidade.
O parque era arborizado, com sua principal atração sendo um lago com algumas aves bonitas. No centro do parque havia uma área para shows, com um palco e alguns assentos. Estava lotado. A maioria do público era de classe média ou baixa. O povo lá em cima mal se dava ao trabalho de olhar para a "imundície" que eram os desfavorecidos.
- Onde a gente fica? - Cassius perguntou.
- Olha, a gente só precisa escutar, então não precisa ficar na frente se não quiser.
- Você quer?
- O quê? Claro que não! E acho que nem daria mais, olha só o amontoado de pessoas lá!
Cassius então olhou novamente para o ambiente.
- Tem uma árvore ali, a gente pode ficar lá.
- Ok.
Os dois se dirigiram à árvore e se sentaram aos pés dela. Kairo retirou o estojo do violino e o deixou ao seu lado. Faltava ainda alguns minutos para o show começar.
- Até quando vai isso? - Cassius resmungou.
- O quê? Essas missões?
- É, eu quero fazer coisas que realmente importam! E não fazer isso que é irrelevante.
- Mas somos de nível baixo ainda, então é isso que a gente faz por enquanto...
- Mas já faz quatro anos que eu tô nisso, desde que eu... - Cassius parou, envergonhado para continuar.
- Eu... eu sinto muito pelo que aconteceu, sinto mesmo - Kairo falou, meio triste. - Só... só vamos seguir com a missão, ok?
- Tá.
O show começou, e ambos os irmãos retiraram suas cadernetas e lápis.
A música variava de um rock pesado a músicas mais calmas. A plateia estava adorando. Enquanto escutavam o show, eles mantinham os lápis prontos para escrever, mas não anotaram nada.
- Isso é estúpido! - Cassius largou a caderneta e o lápis na grama.
- Ei! Pega o lápis! Precisamos ficar atentos às harmonias.
- Pegar harmonias é perda de tempo! É tão raro e demora tanto tempo, não vale a pena.
- Então, por que você continua vindo nas missões?! Hein?!
- ... - Cassius não conseguiu responder, mas apenas bateu o pé no chão e foi para o outro lado da árvore - Fica aí, curtindo sua músicazinha estúpida!
- Espere! - Kairo tentou pará-lo, mas logo desistiu - O que eu tenho que fazer para você gostar de mim de novo?
A banda continuou a tocar.
Passaram minutos, horas. Não parecia que nada ia acontecer; já estava acabando o show. Algumas pessoas já tinham ido embora. Já estava bem tarde.
De repente, um calafrio, um susto, Kairo se sentia no espaço, tudo pareceu parar, e apenas o som da música era audível. Era alto, era estranho, vibrava. Os ouvidos coçavam, como se estivessem gostando daquilo.
Aquele era o momento.
Kairo começou a escrever o que ouvia - notas musicais. E então parou. A sensação estranha desapareceu, e a música voltou ao normal. Quando Kairo olhou para o papel, viu que havia escrito cinco notas.
- Ouviu? - Cassius apareceu por trás da árvore.
- Sim.
- Quantas notas?
- 5...- Kairo parecia recentido ao responder.
- 5? - Cassius começou a rir sem graça. - Você não vê que é inútil? 5 notas! Ir atrás das harmonias é como pegar grão por grão para encher um saco grande, é mais eficiente pegar o saco inteiro!
- Você está errado! Ainda vale a pena. "De pouquinho em pouquinho a galinha enche o papo", né?
Cassius passou a mão no rosto frustrado.
- Tá bom! Faça como você quiser, mas e aí, você vai continuar aqui ou não?
- Não - Kairo falou, levantando e pegando o estojo do violino - Agora tá tocando uma música que conheço, e não acho que vai ter outra; tem quase ninguém na plateia.
- Mas foram só 5, foi perda de tempo.
- Mas foram 5! Melhor do que nada.
- E seria bom se não tivesse nenhuma mesmo, porque daí você entenderia o que eu tô dizendo!
Os dois olharam um para o outro, fuzilando com os olhos, até que Kairo arregou se virando, e seguida começou a andar para longe.
Cassius olhou para o irmão andar por alguns segundos e, em seguida, leavantou as mãos em raiva, e depois começou a segui-lo.
Já estava bem escuro. O ar das ruas era triste e cansado, como um bar depois de uma briga. O número de moradores de rua tinha diminuído muitos nos último anos, e mesmo com a "limpeza" proposta em 2038, o número de sem tetos ainda eram tão absurdo que havia pelo menos dois em cada quadra.
Os dois andavam pelas ruas com alguma distância entre si, como uma barreira invísivel entre eles.
Eles se aproximaram de um grande estádio abandonado, o Estádio São Diego, que, após um trágico incêndio causado por terroristas liberais, nunca mais voltou a ser utilizado. Ironicamente, as unicas pessoas que faleceram no incêncio foram os próprios terroristas.
O local estava cheio de pichações. Logo na entrada havia um adesivo de lâmpada. Eles entraram pela porta da frente, que sempre fica destrancada.
Havia um pequeno corredor que levava a uma encruzilhada: um caminho para o estádio em si, para a direita, e outro para os banheiros, para a esquerda. Os dois seguiram para os banheiros. O corredor estava escuro, com as paredes parcialmente derretidas, o teto coberto de cinzas e pedaços faltando no chão. Alguns retratos dos campeonatos anteriores ao incêndio ainda estavam lá, a maioria deles parcialmente queimados. O cheiro de cinzas ainda era presente e forte, mesmo depois de tantos anos, parecia que o local era infestado por fumantes.
Havia alguns papelões no chão, junto com algumas garrafas de vidro e agulhas.
- Odeio esse lugar - Cassius falou enquanto desviava das teias de aranha.
- Vou ter que concordar - Kairo abriu a porta enferrujada do banheiro masculino.
Como a porta do banheiro ficou fechada durante o incêndio, nada dentro estava queimado, já que o fogo foi bloqueado pela porta.
O banheiro era revestido por azulejos azuis claros. O espelho apenas rachado e sujo. Tirando isso, o banheiro estava intacto, e as luzes também funcionavam de alguma forma.
Havia três boxes, mas o último estava fora de serviço, como indicavam as fitas com "Quebrado; Não está funcionando" na porta.
Os dois foram direto para o box desativado. Dentro, havia um vaso sanitário sujo, com as mesmas fitas de "Quebrado" da porta, mas havia um adesivo diferente, um adesivo preto de lâmpada, identico ao da entrada do estádio.
Kairo olhou para Cassius.
- O que? Quer que eu abra?
- Bem... Você que tá de luvas- Kairo segurava o sorriso na fala.
- Mas são sem dedos... Tá! - Cassius foi até o vaso e esticou a mão para baixo dele, alcançando um teclado numérico.
Ele digitou "26-01-25". Logo depois, Cassius deu descarga no vaso, e ele começou a se mover, deslizando para o lado, revelando um buraco na parede.
Kairo pulou para dentro do buraco e sumiu na escuridão.
Cassius foi logo em seguida.
Quando ele entrou, logo fechou a entrada, apertando um botão ao lado do buraco pela parte interna, que em seguida acionou as luzes do corredor antes escuro.
As luzes eram azuladas e guiavam um caminho até um elevador.
As paredes do corredor eram limpas e novas, sem nenhuma sujeira ou marca.
O elevador abriu na presença dos irmãos, revelando um interior de elevador comum.
Havia 5 botões no painel de controle do elevador. Kairo apertou o segundo de cima para baixo. O botão brilhou por um miléssimo de segundo ao toque de Kairo, e então o elevador começou a descer.
Cassius esticou a mão no bolso e ligou a música no aparelho. Aquilo era a melhor coisa para ele. Ele tinha o poder de simplesmente desconectar da realidade e apreciar a música.
Ele fechava os olhos e, então, se via no espaço. Um espaço dele, só dele. Paz. Tudo o que ele queria era paz. "Chega disso, chega daquilo, chega de tudo". Só queria paz.
Havia alguém lá. Sempre que ele fechava os olhos, Cassius sempre a via. Alguém que interrompia a sua paz. Quem era ela? Por que eu vejo ela? O futuro? A morte? Por que ela me persegue? Ele se perguntava.
- Bora! - Kairo deu um tapinha no ombro do irmão, fazendo-o voltar para a realidade com um micro-susto.
A porta do elevador se abriu lentamente, revelando uma luz que cegou os dois por um instante. Parede de madeira, piso de carpete carmesim, lâmpadas vintage e um leve aroma... um aroma do que? Talvez canela.
Uma pequena sala que se assemelhava a uma recepção esperava por eles.
Na parede da esquerda, havia uma vidraça expondo um homem mascarado do outro lado, que logo saiu pela porta ao lado ao ver os dois chegarem.
Ele era alto, muito forte e parrudo. Ele usava uma máscara verde com desenho de ondas. A máscara só cobria o rosto, fazendo sua cabeça careca se destacar ainda mais.
Ele não falou nada, mas apenas esticou sua mão imensa.
Kairo, como resposta, tirou o estojo de violino e o entregou. E Cassius desamarrou a bolsa de sua calça e também a entregou.
- Progresso? - o fortão perguntou; sua voz era grossa, mas de certa forma agradável.
- Sim - Kairo pegou a caderneta e arrancou a página com a harmonia - Mas foi pouco.
O fortão nem falou nada. Apenas levou as coisas para uma porta e depois de um tempo voltou sem nada nas mãos, e por fim, voltou à salinha atrás da vidraça ao lado do elevador.
Além da porta da salinha e a outra porta que o fortão entrou, havia ainda mais uma dúzia de portas espalhadas pelas paredes da sala.
No meio da sala havia uma dupla de sofás de couro marrons, ambos inclinados para uma TV na parede.
- Sofá? - Kairo pergunta, mas Cassius nem responde e só vai até o sofá, e ele o segue.
Na TV, havia um homem de terno máscara; a máscara tinha um símbolo de lâmpada, a mesma dos adesivos anteriores. Ele fala:
- Visão, Olfato, Audição, Tato e Paladar. Vemos os lugares, respiramos a morte, escutamos a música, sentimos a dor e degustamos do tempo. Se você está aqui, você sabe que nem tudo é o que parece. Existe mais do que vemos, mais do que respiramos, mais do que ouvimos, mais do que sentimos, mais do que degustamos. Os cinco sentidos nos deixam viver os que o universo trás, mas vocês, vocês que estão aqui, sabem que há mais. Vocês não são mais ignorantes, vocês são lúcidos. Os ignorantes são fracos, fragéis, eles não suportam o que está chegando, e cada dia, cada vez mais, as coisas que não deviam existir chegam neste mundo. E é o seu dever, aqui na Lúcidus, proteger o mundo, os ignorantes, a realidade, do que está além dos sentidos. Bem-vindo à Lúcidus.
E então o vídeo se repetia. Esse vídeo de propaganda da Lúcidus já era bem antigo; ele ficava tocando toda hora, sem parar.
Não havia nenhum controle remoto para por outras coisas, pois sempre que tinha jogo nacional, os agentes iam e mudavam para o jogo. Depois disso, a chefia decidiu trancar o controle num cofre.
Cassius se estica no sofá para olhar numa porta específica, como se estivesse esperando por alguém.
Era a mesma coisa, todo o santo dia. " Por que eu não posso ir nas missões de nível mais alto? Por que eu tenho que ficar nessas missoenzinhas inúteis de agentes principiantes? Eles não veem que eu tô aqui já faz 4 anos?! Eu sei que eu aguento uma missão de nível maior!".
Cassius então olha pro irmão, que parecia não saber muito o que fazer.
- Você também deverias protestar.
- Sobre o que?
- Sobre aumentar de nível como agente. Você tá aqui já faz 2 anos. O mínimo que eles poderiam fazer é aumentar o nosso cargo.
- Prefiro eles decidirem isso - Kairo fala se ajeitando no sofá.
- Você quer esperar a Lúcidus de promover? Você não tá vendo que eles nem percebem que a gente tá aqui?
- Sim, Cassius, mas se a gente for reclamar...
- O que?
- Nada não, só tenho medo de eles nos expulsarem da organização ou coisa do tipo, porque daí sim a gente vai fazer nada de útil.
- Então você quer fazer a diferença.
- Claro que quero. Não quero que o que o pai fez por mim seja inútil.
Logo ao terminar a fala, uma porta se abriu, a mesma que Cassius encarava antes.
Cinco pessoas saíram. Todas vestindo roupas formais e máscaras que cobriam o rosto por inteiro. Cada uma era tão distinta, mas ao mesmo tempo eles eram iguais, de um mesmo bando.
Mas os irmãos apenas encaravam uma mesma pessoa.
Vestindo um terno e calça amarela, uma camisa preta por dentro. Alto, forte e loiro. Carregava algo fino e longo, quase do tamanho dele, encoberto por um pano nas costas.
Todos carregavam algo coberto por algum tipo de material. E todos entregaram suas coisas ao careca que tinha recebido os irmãos anteriormente.
Os dois se levantaram e foram até o homem de amarelo. A máscara dele era estranha, era formada por várias formas cúbicas, era amarela e preta.
- E aí? Como foi hoje? - ele perguntou; sua voz era casada, mas parecia se esforçar para falar com eles sem aparentar o cansaço.
- O de sempre - Cassius nem olha para ele e apenas vai para o elevador.
- Hã... A gente conseguiu, mas foram só 5 notas - Kairo falou, envergado pela atitude do irmão.
- Pelo menos teve progresso - ele bagunça a cabeleira dourada do Kairo.
As outras pessoas apenas apertaram as mãos uns dos outros e entraram em outras portas.
Depois, todos foram para o elevador e saíram da base. Os 3 saíram e foram direto a um carro estacionado na rua do lado do estádio.
O carro era um Fiat modelo 2030. Esse modelo foi o mais popular da empresa, tanto que não pararam a produção desde o seu início. O atributo inovador desse modelo era que os porta-copos resfriavam as bebidas. A frase de marca do carro era: "Drink Cold, Drive Bold", que no Brasil ficou: "Beba gelado, Dirija relaxado". Mesmo sendo horrível o marketing, foi uma febre o carro.
O homem dirigia e os dois iam atrás.
O homem, ao entrar no automóvel, retirou a máscara e a deixou no banco ao lado.
Seu rosto era triste e cansado. Sua pele branca estava cheia de pequenos cortes e cicatrizes. Ele tinha olhos castanhos fundos, marcados por muitas noites mal dormidas.
Dirigir por Barulhos nunca era agradável. O número de buracos nas ruas crescia exponencialmente a cada ano, fazendo qualquer viagem de carro parecer uma sessão de massagem por alguém não experiente.
O homem ajeitou o retrovisor. Kairo já dormia, com a cabeça apoiada na janela. Cassius olhava a calçada correr para trás através da janela, claramente não alegre.
- Cassius, você entende que conseguir as harmonias é importante; é o jeito mais rápido de conseguir a música por completo.
- Não, eu não entendo. Eu sei que conseguir essa tal música é importante, mas ir atrás de harmonia é estúpido, gasta tanto tempo e rende tão pouco.
- Mas rende, esse é o ponto. Ir atrás das partituras é muito mais perigoso e difícil. E é mais seguro vocês continuarem como estão- sua voz era forte, como se soubesse o que falava.
- Por que?! Você não acha que a gente é forte o suficiente? Eu e o Kairo já estamos nisso faz anos, você não acha que a gente já tá pronto para mais?!
- Eu... - ele esfrega a mão na cara - Eu sei que vocês são fortes, mas eu quero que vocês fiquem seguros. Vocês não sabem os perigos que estão chegando ao mundo dos sentidos.
- É claro que não sabemos, vocês não deixam a gente ir em missões de nível alto!
- Mas é para o bem de vocês! Eu não quero perder mais alguém!
- Sei... - Cassius se vira emburrado para a janela - Eu só... Eu só não quero ficar correndo atrás do vento.
O carro passa por uma lombada.
Cassius olha para o irmão. Ele estava dormindo todo torto. O óculos estava quase caindo ainda do rosto.
Ele estica a mão para tentar ajeitar, mas desiste no meio do caminho.
- Você sabe que ele ainda é o seu irmão, né? Eu sei que você passou por muita coisa, mas o Kairo também passou por muito, e a única coisa que ele quer agora é ter o irmão de antes amar ele novamente. Eu sei que você ainda o estranha, ele mudou sim, isso é fato, mas ele ainda é o seu irmão. Então eu peço, filho, as coisas só vão piorar daqui pra frente, cuide dele, tá? Cuide do seu irmão por mim.
- Sim, pai... - Cassius falou com a voz falha; ele não sabia o que sentir.
Cassius estica a mão lentamente e arruma os óculos do irmão.
Depois de uns 20 minutos, os 3 chegaram ao seu destino.
Uma casa de dois andares, toda branca e amarela. Era uma típica casa de classe média alta. Dava pro gasto.
Ao lado da porta, havia uma pequena placa, escrita:
"Resistência de Visconti"
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Teleióteta
ParanormalUm corrida para encontrar todas as partes de uma música misteriosa. Cassius e Kairo serão os protagonista desta história, correndo atrás da música enquanto tentado melhorar a relação de irmãos um com o outro