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     Capítulo 16

Wuxian parou e colocou o esfregão de lado quando Bill chamou-o. — Sim?

— Eu preciso de você para executar uma missão para mim.
Tivemos uma manhã mais ocupada do que o esperado com esse evento acontecendo na rua, e isso acabou com o nosso pedido diário.

  Bill foi até o registro e contou cem dólares em notas aleatórias, anotou algumas linhas no caderno que ele sempre mantinha perto, em seguida, arrancou a folha e entregou-a para Wuxian.
— Há um supermercado a duas quadras para baixo. Eu preciso desses itens.
Ele pegou o pedaço de papel e leu a lista enquanto enfiou o dinheiro no bolso de trás. Ele perguntou sobre dois dos rabiscos que não conseguia decifrar então concordou com o esclarecimento.

Ele saiu pela porta de trás, apertando os olhos quando o sol da tarde queimou seus olhos. Ele pegou seu telefone celular, o tirou do bolso de trás, e discou o número de Yao. Melhor confirmar se deixar o local ainda era aceitável, sob os termos. Ele tinha certeza da maioria das regras, pelo menos aquelas que afetavam seu dia-a-dia e seu tempo com Wangji, mas decidiu não ter nada como certo quando sua liberdade estava em causa.

Depois de falar com Yao, ele empurrou o telefone de volta no bolso e se dirigiu para a pequena mercearia. Gritos a partir da quadra chamaram sua atenção, mas não o suficiente para distraí-lo de sua tarefa. Ele tinha um trabalho a fazer, e caramba, estava indo para fazê-lo perfeitamente.
Sirenes ecoaram na distância e os gritos ficaram mais altos. Ele olhou por cima do ombro e ouviu. Ele deu de ombros quando não podia distinguir o tumulto e correu ao longo da rua. Ele entrou na pequena mercearia de propriedade familiar, fazendo o pequeno sino sobre a porta anunciar a sua entrada. O lojista fez contato visual e algo brilhou em seus olhos por um momento antes de ele se endireitar.

Wuxian conhecia olhar muito bem e hesitou antes de tentar suavizar sua aparência com um pequeno sorriso. Talvez ele estivesse sendo paranoico ou apenas hipersensível desde a sua libertação. Ele deu de ombros e olhou para cada lado, mas não achou um carrinho de compras. Ele enfiou a mão no bolso da frente para retirar a lista de compras e se virou para a esquerda, caminhando pelo corredor para o que ele precisava. Ele verificou duas vezes a lista para qualquer menção de nomes de marca enquanto agarrou os diferentes itens e segurou-o nos braços. A este ritmo, ele provavelmente teria que colocar os itens no balcão para terminar a lista. Por que este lugar não tinha essas cestas de mão para fazer as coisas…

— Pare! Coloque as mãos para cima.
Ele olhou por cima do ombro e viu um policial uniformizado apontando uma arma para ele.
Que diabos?

— Lentamente, coloque as coisas para baixo e mantenha as mãos onde eu possa vê-las!

— Eu não fiz nada. — seu coração bateu em seu peito, implorando por fuga enquanto ele lentamente se agachou e colocou os itens em seus braços no chão, tendo cuidado com a garrafa de óleo para evitar que se quebrasse. Ele se endireitou lentamente com suas palmas voltadas para o oficial, sabendo que qualquer movimento rápido não iria jogar em seu favor.
— Levante as mãos!
— Elas estão...
— Vire-se!
Ele virou o rosto para a parede e tentou acalmar sua respiração. Seus braços foram puxados desajeitadamente para baixo e atrás das costas com força suficiente para fazê-lo recuar. Um silvo alto de plástico soou segundos antes que seus pulsos estavam fortemente atados.

— Seja o que for... Eu não fiz isso. — ele sussurrou no tom mais calmo que conseguiu reunir através do pânico intenso subindo em seu corpo.

— Fique quieto e não se mova!
O rádio gritou.
— Eu o tenho sob custódia. — disse o oficial.

— Eu não fiz isso.

Um braço firme em suas costas superior o empurrou para frente, forçando seu rosto pressionado contra a parede. — Fique quieto.

Seu coração disparou. Sirenes soavam distantes e se aproximavam. Novas vozes ecoaram em torno dele. Eu não fiz nada.
Ele fechou os olhos enquanto os sons ficavam abafados em torno dele. Seus ouvidos zumbiam com um ruído estridente que perfurou seu cérebro. Sua respiração acelerou quando ele forçou cada respiração dentro e fora de seus pulmões, o peso de ferro caindo sobre seu peito. Eu não posso voltar para lá.  Seus sentidos começaram a diminuir, deixando-o indefeso contra a memória que veio em uma corrida.

{....}

Um Wuxian de dezoito anos de idade calmamente entrou na pequena mercearia e examinou o seu entorno, encontrando o proprietário conversando com um cliente perto do micro-ondas.
Ele curvou os ombros e caminhou pelo corredor mais distante, na esperança de passar despercebido.
Ele olhou para os diferentes chips e bolachas enquanto batia em seu estômago, na esperança de acalmar o resmungo. Seu pai ohavia chutado para fora da casa em seu aniversário de dezoito anos, uma vez que a assistência do governo tinha atingido o seu limite de referência. Sem família e ainda menos opções, ele esteve vivendo nas ruas por algumas semanas. Alguns biscates que ele tinha conseguido ajudaram, mas as oportunidades eram raras e tinham rapidamente secado, uma vez que ele começou a parecer um pouco mal vestido e suas roupas um pouco mais desgastadas.

Ele fez o seu melhor para esconder sua situação, mas Wangji era também extremamente inteligente e percebeu que algo não estava certo. Ele tinha sido poupado da expressão preocupada em uma base diária por causa da agenda de Wangji, mas era inevitável que viria o dia quando Wangji iria perguntar por que ele usava as mesmas roupas por vários dias. Ele olhou para cada lado, em seguida, pegou o pedaço de pão,sua boca salivando só de pensar em morder uma fatia fresca,suave. Ele colocou o pedaço de pão em sua jaqueta e caminhou lentamente pelo corredor. Um pedaço de pão poderia segurá-lo ao longo de uma semana, talvez mais se ele racionasse apenas da maneira certa.

Seus passos ficaram lentos até que ele finalmente parou e suspirou. — Droga. — ele murmurou. Estava desesperado para acalmar a dor da fome torcendo seu estômago, mas roubar é errado.

Resignado, ele caminhou pelo corredor para retornar o pão para a prateleira. Ele tirou o pão do seu casaco, assim quando oproprietário gritou com ele.

— Pare! Eu já chamei a polícia. Fique aí!

Virou-se e congelou. Seus olhos arregalaram e seu coração trovejou no peito, enquanto olhava para o cano de uma espingarda apontada para ele. 

      {....}

— Wuxian? Wuxian?
Ele piscou algumas vezes, sua visão voltando para o presente e a parede rebocada na sua frente.
— Solte-o, agora. — uma voz familiar disse, puxando-o de sua memória.

Segundos? Minutos? Quem diabos sabia quanto tempo tinha se passado? Seus braços estavam entorpecidos e seus bíceps doíam. Ele olhou para o seu lado, vendo um detetive muito chateado olhando para o oficial uniformizado muito nervoso que o tinha algemado. Algemado, amarrado, mesma merda. Doía demais e seus braços estavam formigando da falta de circulação.

— Ele é meu, Calloway. — disse o oficial uniformizado.
Aidan Calloway se virou para o oficial e olhou para ele com um olhar avelã que teria assustado o inferno fora de Wuxian, se ele já não estivesse meio petrificado sobre ser preso por algo que ele não tinha feito. Aidan tirou uma faca de sua bota e puxou as mãos de Wuxian, cortando o plástico e libertando-o. Ele dobrou a faca e enfiou-a no bolso de trás, revelando o seu distintivo de detetive na cintura de sua calça.

— Ele é meu, Calloway!

O detetive virou para ele novamente.
— Nós pegamos o ladrão dois quarteirões para baixo, idiota. Agora, suma daqui, porra.
O homem deve ter visto algo na expressão de Aidan, que deixou pouco espaço para discussão. Ele rapidamente virou e se afastou, resmungando um fluxo de maldições. O detetive se virou para ele, seu olhar avelã queimando um buraco no cérebro de Wuxian.

— Wuxian, diga alguma coisa.
Wuxian o olhou, preocupado que uma única sílaba errada pudesse devolvê-lo para esse inferno novamente. Eu não posso voltar para lá.

Calloway franziu a testa.
— Yao me ligou quando Wangji foi ao restaurante e você não estava lá.

Wangji? O quê? Por que
Wangji foi ao restaurante? Ele abaixou a cabeça, incapaz de pensar com aqueles olhos cor de avelã sobre ele. Ele apertou os olhos fechados, tentando se concentrar em firmar sua respiração. Ele tinha sido solto. Eles tinham prendido alguém a poucos quarteirões para baixo... Ele estava livre para ir?

Ou era esse algum momento torcido, confuso “te peguei!”? Sua respiração acelerou novamente, e sua cabeça latejava. Ele não podia voltar para lá. Não iria sobreviver àquele inferno depois de um gosto de liberdade, depois de saber qual era a sensação de sentar-se preguiçosamente em uma varanda, dormir em uma cama de verdade e tomar um longo banho quente. Ele não podia voltar para aquele inferno depois de ver e tocar Wangji novamente.

Seu corpo balançava com cada inalar rápido e exalar empurrado. Seus braços pendiam em seus lados, ainda formigando com o fluxo voltando à circulação.
Eu não posso voltar para lá.
Uma série de memórias brilhou em sua mente. A cela escura, o colchão fino, o banheiro de metal no canto da cela perto o suficiente para a sua área de dormir, onde ele poderia esticar o braço para fora e tocar o vaso.
Eu não posso voltar para lá.
As lutas entre as diferentes facções que desejavam o controle do fluxo de contrabando. Os presos aleatórios com quem teve que lutar durante algum ataque surpresa, porque ele se recusou a se juntar a eles, se juntar a alguém ou seus ajudantes em sua busca estúpida para ser o Rei do Inferno.
Eu não posso voltar para lá.
A comida insípida que parecia lama recolhida após uma chuva da tarde, embebida através da sujeira. As palavras duras que eles gritavam em seu rosto e a saliva que muitas vezes viajava com elas em sua direção.
Eu não posso voltar para lá.

     ••.•ஜீ☼۞☼ஜீ•.••

Wangji entrou no meio dos curiosos, tentando roubar um olhar sobre a pequena mercearia no quarteirão ocupado.
Definitivamente, não era como ele tinha planejado a visita surpresa de almoço. Ele terminou sua reunião de negócios no prédio do governo em frente ao restaurante e pensou que seria bom surpreender Wuxian no trabalho. Depois de esperar dez minutos e não obter uma resposta da mensagem, essa sensação de formigamento atrás de seu pescoço começou a subir de novo e ele sabia que algo não estava certo.
Vários carros de polícia chegaram e os oficiais haviam montado uma barricada para controlar a multidão crescente do restaurante. Dez, vinte, trinta minutos... ele não tinha certeza de quanto tempo havia se arrastado mas pacientemente esperou tempo suficiente. Ele trancou sua preocupação por trás da máscara de um olhar firme e postura rígida que muitas vezes usava durante uma transação comercial e abriu caminho para a frente da barricada.
— Diga ao Detetive Aidan Calloway que Wangji precisa vê-lo.

O guarda oficial uniformizado enrugou a testa. — Você conhece Calloway?

Ele secamente assentiu.
O oficial franziu os lábios enquanto o avaliou. Ele estendeu a mão para o rádio em seu ombro e se afastou. Ele voltou para a linha alguns segundos mais tarde e deixou Wangji passar e então começou a dispersar a multidão. Ele apontou para outro oficial em pé ao lado da porta da loja.
— Vá vê-lo.

Em alguns passos, Wangji encontrou o guarda em pé e foi levado para dentro.
— Estamos limpando. Calloway está no final do terceiro corredor.

Ele concordou e entrou na loja, passando por oficiais saindo. Os pequenos corredores da mercearia estavam cheios de itens de marcas locais e sinais escritos à mão. Ele andou por cada corredor, até que viu Aidan na extremidade do corredor, seu foco para o lado, em direção ao canto, seus lábios se movendo como se estivesse falando com alguém.

Wuxian.
Wangji acelerou seus passos até que o alcançou.

— Chegue até ele. Ele está longe. — disse Aidan com uma sobrancelha enrugada antes de se afastar.

Wuxian silenciosamente estava com os braços livremente pendurados ao seu lado.
Um aperto torceu apertado em torno do estômago de Wangji na expressão vaga nos olhos de Wuxian. Ele segurou o rosto dele em suas mãos.

— Wuxian, olhe para mim. — ele acariciou seu polegar ao longo da sua bochecha enquanto falava. — Por favor.

— Eu não fiz isso. — disse Wuxian em um sussurro.
Quando Wuxian finalmente fez contato visual, a dor olhando para ele naqueles olhos cinzas sugou o ar para fora dos pulmões de Wangji.

— Eu sei. — ele puxou Wuxian em um abraço e passou os braços de forma protetora em torno dele.

Wuxian empurrou o rosto para o lado do cabelo de Wangji, os sopros quentes de ar escovando contra seu ouvido.

— Eu não posso voltar para lá, Wangji. Eu não vou fazer isso. Eu sei que não vou.

— Você não vai voltar. Eles pararam você por engano.
Pegaram o cara na rua.  Wangji fechou os olhos e soltou um suspiro profundo quando os braços fortes o envolveram.

— Eu não queria dizer nada. Estava preocupado que eu diria algo errado.

Wangji deu um beijo desesperado na testa de Wuxian e apertou seus braços, agradecido por tê-lo em seus braços. Ele olhou por cima do ombro e franziu a testa quando viu Mingjue  caminhando em direção a eles. Ele lentamente afrouxou o controle sobre Wuxian enquanto tentava decifrar a expressão estranha no rosto de Mingjue .

Um milhão de pensamentos giraram em sua cabeça de uma vez, mentalmente folheando todas as regras possíveis e verificando-as contra a causa e situações de efeito e cenários hipotéticos. De repente, um peso se abateu sobre seu peito, torcendo seu intestino.

Merda.  Ele era bem versado o suficiente sobre as regras da casa de recuperação para saber o que estava por vir. Ele fechou os olhos por um momento, preparando-se.

— Vamos, Wuxian. Vou levá-lo de volta para casa. — disse Mingjue .

— A casa? — Wuxian saiu do abraço e olhou para cada um dos rostos preocupados antes de falar.
— Eu tenho que voltar ao trabalho.

Os lábios de Mingjue  se apertaram em uma linha estreita.

— Merda! Bill precisa de mim para comprar uma lista de coisas para a multidão do almoço. Eu provavelmente ainda poderei fazê-lo se…

— Você não vai voltar para o restaurante.

— Mas Bill precisa…

Mingjue  colocou a mão no ombro de Wuxian.

— Wuxian, você não vai voltar para o restaurante. Seu trabalho acabou. Você vai voltar para a casa comigo.

— Mas... Bill está esperando por mim. Ele me pediu para fazer algo por ele. — Wuxian parou e olhou para o chão.

— Eu já falei com Bill. Ele sabe que você não vai voltar para o restaurante.

A mandíbula de Wuxian se contraiu. — Eu não fiz isso. Eu não estraguei tudo. Eu juro que não fiz.

Mingjue  suspirou e apertou o ombro de Wuxian antes de liberar seu aperto.
— Eu sei. Infelizmente, este incidente aconteceu enquanto você estava trabalhando. E não há nada que eu possa fazer sobre isso.

— Incidente? — Wuxian olhou para Aidan, em seguida de volta para Mingjue .
— Mas eu não fiz nada.

— Infelizmente, isso não importa. — Mingjue  suspirou. — As autoridades estão envolvidas, por isso é um incidente registrado e viola uma das condições do programa de trabalho, por isso não podemos ignorá-lo.

Wuxian começou a dizer alguma coisa, então parou, concentrando-se novamente em um ponto no chão.

Eles se calaram quando o celular de Aidan tocou.

— Eu tenho que ir. Se precisarem de mim, é só chamar. — ele deu a Mingjue  um aceno rápido antes de deixá-los.

Wangji deslizou sua mão na de Wuxian. Wuxian estava tão focado na preocupação da prisão, em retornar para a prisão e em como ele tinha decepcionado Bill, que provavelmente não tinha clicado em sua mente ainda como isso realmente afetou... a eles.

— Devemos sair daqui. — Wangji olhou para Mingjue , na esperança de lhe enviar um sinal telepático. Agora, ele lentamente falou.

Mingjue  sutilmente assentiu. — Vamos.

Eles tinham acabado de sair pela porta da mercearia e para o estacionamento quando Wuxian puxou a mão de Wangji, interrompendo sua caminhada.
— Espere um minuto. — ele olhou para Wangji, a realização obviamente batendo nele.

— Será que vamos perder o nosso fim de semana? — seu foco estalou para Mingjue .
— Será que eu estraguei o passe de final de semana?

Tristeza brotou no peito de Wangji com a dor na expressão de Wuxian. — Você não estragou qualquer coisa.
O foco da Wuxian se voltou para Wangji, depois voltou para Mingjue  novamente.
— Eu fiz, não foi? Eu estraguei tudo isso?

Mingjue  avançou, sua presença intimidante habitual amolecida para a versão cuidador e proprietário da casa.
— Eu não vou mentir para você. — ele esfregou a cabeça raspada e abafou uma maldição. — Esta é a parte do trabalho que eu odeio.

O peito de Wuxian soltou cada respiração, esperando que Mingjue  falasse novamente.
— Você precisa de quinze dias consecutivos de trabalho a tempo integral sem incidentes para se qualificar para o passe.

Wuxian estendeu a mão e enfiou os dedos em seu próprio cabelo, agarrando os fios com tal força que Wangji estava certo de que iria arrancar os cabelos. — Mas... eu não fiz isso.

— Eu sei. — disse Mingjue .

A energia visivelmente evaporou do corpo de Wuxian quando ele deixou cair os braços e abaixou a cabeça.
— Não é justo.

— Nós vamos encontrá-lo outro emprego. Você vai ter o seu fim de semana. Só vai demorar um pouco mais do que você pensou que iria.

Wangji esfregou pequenos círculos nas costas de Wuxian, grato que o pequeno gesto pareceu aliviar um pouco da tensão no corpo dele. Ele serpenteou seu braço em volta da cintura de Wuxian, puxando-o contra seu corpo, respirando fundo, apreciando a proximidade confortável de ter o braço em torno Wuxian sem esconder como se sentia ou com quem ele queria estar.

Ele virou seu foco para Mingjue . — A empresa já foi aprovada antes de Wuxian chegar à casa de recuperação, por que não o coloca comigo?

Wuxian se afastou do semi abraço e voltou-se para ele.
— Sua empresa está no programa de trabalho?

Mingjue  esfregou a cabeça raspada novamente.
— Yao passou através das listas. As habilidades de Wuxian não coincidem com as vagas que seu escritório nos enviou.

Wangji concentrou sua atenção sobre Mingjue , tentando ignorar a confusão na expressão de Wuxian.
— Eu vou pegar essa lista quando voltar para o escritório. Vamos refazê-la, assim você pode aprová-lo para começar a trabalhar lá.

Mingjue  assentiu e foi até seu caminhão.
— Wuxian, vamos. Está extremamente quente aqui fora.

— Eu estarei lá em um minuto. Wuxian virou-se para enfrentar Wangji.
— Por que você não me disse que estava no programa? — ele perguntou com uma careta.

Wangji deslizou as mãos nos bolsos de sua calça, já sentindo falta da proximidade de apenas alguns momentos atrás.
— Eu pensei que você não aceitaria um emprego lá, porque você não iria querer trabalhar comigo.

— Wangji, vamos lá.  Wuxian disse, revirando os olhos.
— Por que diabos você acha que eu não gostaria de trabalhar com você?
— Achei que você rejeitaria a ideia porque eu era o único a fazer a oferta.
— Não seria a primeira vez que você me contrata para fazer um trabalho. E você não vai estar me dando uma carona. Eu vou ter que ganhar o meu lugar lá.

— Ouvi dizer que o patrão pode ser um pouco idiota. Por isso, vai ser duro.

— Eu conheço o patrão. — Wuxian inclinou-se, mas manteve alguns centímetros provocante entre eles.

— E pelo que me lembro, eu gosto de trabalhar duro.
Especialmente quando está muito duro..

Wangji mordeu o lábio para esconder um sorriso. Ele sentiu falta das brincadeiras de Wuxian.

Wuxian lutou contra um sorriso antes de circular a cintura de Wangji com os braços e sussurrar em seu ouvido.
— Obrigado.

— O que eu fiz? — Wangji o puxou para perto, inalando uma respiração profunda enquanto acariciava sua bochecha contra o lado da cabeça de Wuxian.

— O que você sempre faz.
Você me faz esquecer a porcaria em torno de mim. Desculpe-me, eu ferrei isso.

Wangji deu um beijo na testa de Wuxian.
— Você não estragou qualquer coisa. Então, pare com isso.
Wuxian se afastou do abraço e suspirou, tendo um passo para trás e rompendo a sua ligação física.
— Você vai me ver esta noite?
— Conte com isso.

Wuxian o fitou por alguns segundos, olhando para ele, enquanto uma corrente lenta zumbia entre eles.
O sangue de Wangji aqueceu à medida que corria em suas veias, despertando o desejo em seu corpo com o olhar fixo aquecido, imaginando como cada centímetro do corpo de Wuxian parecia debaixo de sua roupa e em comparação com a memória queimada em sua mente.

A centelha era inegável, a atração entre eles ainda era forte.

— Não se atrase. — um leve toque de um sorriso maroto apareceu sobre a face de Wuxian antes de se virar para andar em direção à caminhonete de Mingjue .

Wangji engoliu em seco, mas manteve firmemente sua posição enquanto Wuxian se acomodava no banco do passageiro e colocava o cinto de segurança no lugar. Eles mantiveram o olhar um do outro, não vacilando até que Mingjue  colocou o caminhão em marcha e saiu do estacionamento, quebrando sua conexão.

Ele fechou os olhos e abaixou a cabeça, tomando algumas respirações profundas para acalmar seu coração batendo forte. Ele odiava ter seu fim de semana roubado deles, mas tinha dominado a habilidade da paciência ao longo da última década. Três semanas.
Ele podia lidar com isso.
Talvez.

{....}

Wangji saiu do elevador e caminhou pelo corredor, ignorando os olhares curiosos enquanto passava por sua equipe. Ninguém nunca falava com ele a menos que ele iniciasse a conversa, que era geralmente limitada a um “bom dia” com os funcionários que começavam o dia no início da madrugada. Ele não precisava interagir com as pessoas. Se alguém precisava de alguma coisa dele, eles geralmente filtravam seu pedido através de seu advogado, assistente, relações públicas, ou chefes de departamento.

— Mia, no meu escritório, por favor. — disse ele à sua assistente enquanto passava por sua mesa e pelo corredor até seu escritório.
Ele abriu as portas e caminhou até sua mesa, retirando sua carteira e as chaves do bolso e jogando-as na gaveta de cima. Ele se acomodou em sua cadeira, assim quando sua assistente entrou.
Ela se sentou na cadeira em frente de sua mesa e esperou com a caneta e caderno na mão.
— Eu preciso que você obtenha uma lista no setor de Recursos Humanos de empregos disponíveis e envie para Jin Guangyao  na casa de recuperação.

— Eu acredito que Natalie já fez isso há várias semanas depois que recebemos a aprovação do pedido.
— Então eu preciso que você obtenha a lista de vagas que ela enviou.
Mia balançou a cabeça e suavemente levantou-se do assento.
— Eu já volto. — ela voltou para o escritório alguns minutos mais tarde com uma folha na mão e uma carranca no rosto.

— O que é isso?

Mia deslizou para a cadeira novamente e balançou a cabeça.
— Basta dizer . — uma coisa que respeitava sobre sua assistente e a razão pela qual ele confiava nela com o seu dia-a-dia era a sua atitude e franqueza. De alguma forma, ela parecia antecipar o que ele precisava para gerenciar as coisas no escritório, precisamente no momento certo... independente de ele saber ou não.
— Eu não quero soar sensível.
Wangji cobriu a boca com a mão, na esperança de esconder o sorriso que ele sabia que brotou no seu rosto.

— Vá em frente, seja... sensível.
Ela entregou-lhe a folha com as ofertas de trabalho.
— Eu tenho um sentimento que ela deliberadamente anunciou empregos selecionados que não seriam capazes de preencher com o programa.

Ele fez uma careta e tomou a folha, examinando a lista. Todas as posições eram de nível executivo, ou vagas de trabalho na equipe de desenvolvimento, onde uma verificação de antecedentes era exigida. Ele colocou a folha em sua mesa e franziu os lábios. Ele juntou as mãos e bateu as pontas dos dedos contra seus lábios enquanto planejava seu próximo passo.
— Aqui está o que eu gostaria que você fizesse.

Um sorriso lentamente se espalhou pelo rosto de Mia.
— Você é perigoso quando começa a olhar assim.

A risada de Wangji ecoou em seu escritório. Ele descansou seus antebraços sobre a mesa e se inclinou para frente.
— Eu quero Natalie montando uma lista de cada descrição do trabalho que temos na empresa. Se a posição for preenchida, eu quero saber quem está segurando-o e quanto tempo eles já ocuparam esse cargo.
Mia rabiscou as notas enquanto um sorriso brincou em seus lábios.
— Incluindo a posição de Natalie no RH?

Wangji riu.
— Sim. E a sua, e a minha também. — ele levantou uma sobrancelha quando ela olhou para ele e estreitou os olhos.

— Você não vai me demitir.

— Eu não faria isso. Porque eu sei que você sempre tem o meu melhor interesse em mente. — ele riu quando, um sorriso furtivo quase sedutor apareceu em sua expressão.

— Sim, mesmo quando você está conspirando com o inimigo.

— Taylor não é seu inimigo. Ele é seu amigo e advogado. Ele sempre tem seu melhor interesse, mesmo que ele mereça um chute na bunda de vez em quando.

Wangji caiu na risada e sacudiu a cabeça.
— É bom ouvir você rir tanto.
Sua risada desvaneceu-se lentamente a uma sugestão de um sorriso. Ele suspirou e inclinou a cabeça, o que levou Mia para continuar.

— É ele, não é? — ela apontou a ponta da caneta para a antiga foto emoldurada em sua prateleira. A única dele e Wuxian em uma corrida de mais de dez anos atrás.
— Ele é a razão para o programa de trabalho e esta lista. A razão pela qual você está fazendo tudo em seu poder para sair em um horário normal no final do dia. — ela parou por um momento enquanto suas feições se suavizavam.
— E a razão porque você está sorrindo mais e rindo.

— Sim.

Ela se levantou da cadeira.
— Eu vou dizer a Natalie que você precisa disso antes do fim do dia. Isso vai levá-la a começar o mais rápido possível, uma vez que ela nunca deixa o escritório nem um segundo atrasada, especialmente às sextas-feiras.
Será que ele vai estar aqui a partir da próxima semana?

— Sim. Segunda-feira de manhã.

— Então eu vou tê-la preparando um pacote de boas-vindas também.

— Obrigado.

Olhando para o relógio de pulso enquanto ela fechava a porta ao sair, ele tinha algumas horas e mais do que uma semana de trabalho para completar antes que pudesse escapar.

Um erro estúpido tinha roubado seu fim de semana com eles. Wuxian não foi o único a sentir a perda. Wuxian estava se movendo para frente, tinha feito progressos em seu trabalho, a casa, e com a abertura, mostrando indícios da idade que ele escondia profundamente dentro desta nova casca dura.
Wangji apertou as têmporas e fechou os olhos, tomando algumas respirações profundas para tentar aliviar a tensão em seu corpo. Com este incidente, ele se perguntou o quão longe Wuxian iria recuar em sua concha protetora.

Ele estendeu a mão para o relatório semanal da equipe de projeto para verificar o seu progresso, precisando se distrair do homem sempre presente na vanguarda de sua mente.


(....)

Um homem digno Onde histórias criam vida. Descubra agora