A vida de Rita teve uma grande reviravolta quando é quase atropelada por um caminhão em um dia de forte ressaca, pensou que nunca mais veria o motorista que a ajudou.
Mas o mundo é pequeno, e ela o reencontra em uma festa aleatória, dando início ao...
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(Quarta-feira)
Os primeiros raios solares passam pelas árvores, a brisa fresca tem cheiro de terra molhada, sinto os fios do meu cabelo voarem.
Me seguro firme no guidão da bicicleta ao passar pelo caminho cheio de pedras, sou sacudida, mas me mantenho firme.
Passo em um lugar escuro e fechado por árvores de espinhos, não escuto mais o canto dos pássaros, apenas o som da roda girar.
Escuto galhos sendo quebrados no meu lado direito, ponho mais força nos pedais para ir mais rápido.
Uma respiração esquisita vem das árvores, minha respiração fica ofegante e difícil por conta do esforço para ir mais rápido.
Um bicho corria atrás de mim, mas eu estava focada na estrada, vejo o clarão, estou quase saindo desse trecho.
Algo grande é jogado no pneu traseiro, me desequilíbrio perdendo o controle e saindo da estrada.
Desço de lado no barranco de terra e pedra onde ficam as árvores, a bicicleta fica presa nos galhos, caio rolando ralando todo meu corpo.
Salto da cama no susto, toda pregada de suor, ótimo, de novo? Será que não posso simplesmente dormir?!
ㅡ Todo mundo correndo risco de morte e você aí, preocupada com o seu soninho ㅡ encaro o lado vazio da cama, que agora não está mais porque tem o maldito gato sentado no travesseiro me encarando!
Pego o meu travesseiro e jogo bem forte em sua direção, acerto? Óbvio que não! O infeliz evapora antes de chegar nele!
ㅡ GATO PORCO NOJENTO! ㅡ berro pegando meu chinelo esperando ele reaparecer. ㅡ Tive que jogar todos os vestidos fora!
ㅡ Você nem usava! Só estava sendo acumuladora ㅡ saio do quarto com os dois chinelos nas mãos.
ㅡ E daí? Continuam sendo meus! ㅡ sinto ele atrás de mim, me viro de uma vez jogando um dos chinelos, errei de novo.
ㅡ Não só te fiz jogar aqueles trapos horrorosos fora, como também ajudei você soltar suas emoções ㅡ argumenta, pego o chinelo do chão.
ㅡ Você pode sumir né? Por que não some e vai para outro país?! ㅡ ao me virar dou de cara com ele.
ㅡ Acha mesmo que se eu pudesse fazer isso ainda estaria aqui?! ㅡ seu pelo começa arrepiar. ㅡ Preso nesse fim de mundo, cheio de gente fedida e ignorante? "Ain, meu papagaio morreu porque o gato preto passou perto dele" ㅡ afina a voz ficando em posição curvada de ameaça que os gatos fazem. ㅡ Nessa casa de mal gosto cheia de breguice, conversando com uma mulher ainda mais brega que está quase ficando divorciada, mais tonta que uma porta, tem aparência de um zumbi e não faz ideia de quem é?! ㅡ um rosnado ou miado, sei lá o quê é, som de gato bravo ecoa dele. ㅡ Hein?! Criatura estúpida! ㅡ jogo os chinelos contra ele ao mesmo tempo, consegue desviar do primeiro, mas o segundo acerta em cheio sua cabeça fazendo dá um pulo bem alto berrando, deve ter doído.
