Artistas do Caos | O Rei Macaco [2023-Netflix]

03 - o macaco e a dragoa

Toda aquela terrível história do demônio tigre contada pelos pais do grupo de macaquinhos foi "desmentida" bem à frente dos olhos deles.

Era mentira esse tempo todo? Eles pensaram.

Suas pequenas mãos pousaram no chão arenoso, a divina luz solar cobriu seus corpos peludos como um manto quentinho, algo que eles nunca sentiram já que sempre foram afastados nas sombras.
Não demorou muito até que eles começassem a se soltar: se esfregando contra o chão quente, analisando o novo lugar no qual eles brincariam, risos soltos tomaram conta da atmosfera do grupo.

"VOLTEM!"

Os berros do macaco ancião caíram em ouvidos surdos, novamente. Ele certamente não é pago o suficiente para isso.

O macaquinho da pedra começara a chegar perto dos outros, vendo uma nova chance de se enturmar.

Todavia, um barulho esquisito originário da cachoeira logo atrás deles cortou a diversão. Uma criatura emergiu das águas, realizando um extenso salto em direção aos filhotes.

"FUJAM! O DEMÔNIO ESTÁ AQUI!" Temeroso, o velho macaco somente pôde observar os macaquinhos, frenéticos, começarem a correr. Seus pézinhos arranharam o chão com força ao mesmo tempo em que seus corações martelavam forte contra seus peitos.

Quase o mesmo poderia ser dito para o primata ruivo, porém, ele não correu. Permaneceu plantado firmemente no chão; seus olhos, outrora travessos, encontravam-se em um estado de pânico e confusão ao mesmo tempo. Ele não entendia sobre quem era aquele ser e nem qual era a sua intenção, mas a forma como todos ao seu redor reagiram não apertou o gatilho bom nele.

O corpo grande do felino lançou uma sombra intimidadora sobre o macaquinho da pedra quando ele estendeu suas garras e conseguiu agarrar um dos quatro filhotes em fuga. Com a presa pega, ele imediatamente saltou de volta para dentro da cachoeira. Assim, aquele pequeno macaco nunca seria visto novamente.

° ° °

No lado de fora do Palácio na Lua, roncos abafados atravessaram as paredes de gelo.
Quem está roncando é nada mais, nada menos do que nossa humilde [nome].

A comemoração foi um pouco longe demais quando a pequenina comeu mais do que deveria e caiu no sono imediatamente (esse apetite enorme sempre existiu desde o seu nascimento). Ela estava dormindo como uma pedra, observou Chang'e.
A deusa estava começando a pensar que, talvez, esteja mimando ela demais, enchendo a menina de bolinhos da Lua e a adornando com vestidinhos tão extravagantes - sendo que ela nem sai de casa...-.
No entanto, a mulher afastou o pensamento ao lembrar-se da expressão de felicidade em seu rosto gordinho. Além disso, ela duvida que a mini dragoa se torne tão exigente quando crescer, ela nem gosta de usar sapatos!

Chang'e riu com o pensamento enquanto cobria o corpinho da criança com um fino cobertor de seda.

Ao sentar-se ao lado dela e contemplar seu peito subir e descer lentamente, Chang'e refletiu. Como será que [nome] se desenvolverá enquanto cresce? A deusa espera que ela seja como uma criança relativamente normal (exceto, obviamente, pelo fato de que ela é um dragão). Para isso, a mulher promete a si mesma que irá esforçar-se para que isso ocorra.
Embora, o broto de um pensamento em sua cabeça começa a surgir novamente: essa menina-dragão tem alguma tarefa a cumprir? Se tiver, então Chang'e tem certeza de que já foi cumprida: fez uma ótima companhia para ela. Claro que, como uma criança, [nome] possui atributos que a deusa não sente que é capaz de entender, todavia, elas se dão bem com seus próprios jeitos.

Por enquanto, Chang'e permite-se apenas ficar orgulhosa com a pequena conquista da garotinha dragão e imaginar como ela aprenderia a ler e escrever. A mulher dará tudo de si para que a mini dragoa tenha a caligrafia mais elegante de todas!