the damage

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Hoseok não dormiu naquela noite.

A sensação de que havia traído a pessoa que mais amava — que dormia ao seu lado agora mesmo — o estava comendo vivo.

E era ainda pior porque, quando se lembrava do beijo que Yoongi lhe dera, não conseguia sequer fingir que aquilo o desagradou.

Gostaria que alguém lhe desse uma surra.

— Hobi...

Ele virou para o lado, vendo Seokjin olhá-lo, sonolento.

— Algo errado? — O mais novo franziu as sobrancelhas.

— Só não consigo dormir, meu amor, não se preocupe — respondeu, sorrindo brevemente.

Seokjin levantou o tronco.

— Quer que eu faça um chá? Pode ajudar.

— Não precisa, Jin, pode voltar a dormir, estou bem.

E enquanto o outro se aninhava e voltava a sonhar, Hoseok apenas suspirava, sentindo chegar uma dor de cabeça que, sabia, não passaria tão cedo.

[...]

— Papai...

Tae e Namjoon se dirigiam ao cinema, em que há alguns dias estreara um novo filme infantil. Os dois haviam saído de casa depois de o adulto chegar do trabalho, querendo agradar ao filho depois de o pequeno tanto demonstrar sua vontade de assistí-lo.

— Tio Jin não podia ter vindo com a gente? — perguntou a criança, balançando os pezinhos do alto de sua cadeirinha, no banco de trás. 

Namjoon o olhou pelo retrovisor.

— Tio Jin está muito ocupado agora, meu amor. Não queria incomodá-lo.

— O senhor também tá ocupado... — Tae olhava para o lado de fora pela janela.

Namjoon não soube o que responder.

— Ele tá estranho de novo, né? Ele sempre fica estranho....

Quando voltou a olhar o reflexo do retrovisor, seu pai não correspondia mais seu olhar.

— Por que será, papai?

— Não faço ideia, meu bem.

Mas ele sabia.

Era aquela época do ano de novo.

A época em que Taehyung fora anunciado.

O tempo em que perdeu tudo e pensou estar morto.

Ele não conseguia olhar Seokjin nos olhos quando esse período do ano chegava.

Bom, não que o fizesse em outras ocasiões.

Mas algo no mais novo parecia quebrar e se remodelar várias e várias vezes a cada vez que tinha alguma visão de seu rosto. Como uma ferida que se abria.

Ele sabia. Se sentia da mesma forma.

Mas havia o trabalho, seu filho, coisas com que ocupasse a mente demais para que tivesse o luxo de remoer o passado. Além de que aquilo não traria sua felicidade de volta; seria apenas perda de tempo.

Mas algo em Seokjin parecia diferente.

Pior.

E ele entendia.

Por isso não ligava, não o procurava e não mandava o filho para a casa do ex-amante durante algumas semanas. Não queria lhe causar mais dor.

Quando o outro parecia se recompor o bastante para que conseguisse segurar a máscara de indiferença que havia construído para si mesmo no próprio rosto, ele mesmo o procurava e tudo voltava ao seu lugar de costume.

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⏰ Última atualização: Oct 31 ⏰

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