➤ CAPÍTULO 09 •

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Capítulo 09 •
O espantalho

    Todos os olhares se fixaram em Nadya, enquanto o garoto pálido exibia suas expressões neutras. O ar dentro da casa da fazenda tinha uma aura estranha e opressiva.

    — Como você sabe o meu nome? — Nadya perguntou, com uma sensação de inquietação no estômago.

    O garoto respondeu com seriedade: — Me contaram que você estava chegando. Entre. — Ele deu espaço na porta para os outros entrarem, embora todos ainda hesitassem.

    Os olhares se encontraram, e uma confirmação silenciosa passou entre eles. Era indiscutivelmente uma má ideia entrar na casa. Dada a série de eventos recentes, a desconfiança estava justificada.

     Assim como o internato havia sido um refúgio temporário na tentativa de evitar os perigos da floresta, a fazenda parecia ser mais um abrigo provisório. Talvez o Padre Augusto tivesse um motivo especial para conduzi-los até aquele lugar e, talvez, revelar algo importante.

    No entanto, no exato momento em que Nadya deu o primeiro passo para dentro da casa, uma sensação opressiva e inquietante a envolveu. A porta se fechou atrás deles, e agora a dúvida sobre a sabedoria de sua decisão pairava pesadamente em suas mentes.

  — Casa feia... — Arthur sussurrou para Nadya enquanto o grupo seguia o morador da propriedade para dentro da casa. O interior era surpreendentemente bem iluminado, embora os móveis estivessem um pouco empoeirados. O que realmente chamava a atenção eram os quadros que adornavam as paredes, retratando caveiras e demônios da era medieval.

    Nadya imediatamente identificou a semelhança dessas pinturas com as dos quadros na casa da família Bellowns.

    — Wendy... Ah, deixe para lá. — Ela havia quase chamado o garoto, mas percebeu que era inútil, considerando que ele não se lembrava de nada. Então, Nadya observou uma assinatura no canto de um dos quadros, procurando pistas.

    Enquanto todos contemplavam as imagens perturbadoras, Arthur comentou em voz baixa:

    — Essa adaga pode acabar sendo útil, ainda.

    Keith, curiosa, questionou: — Por que diz isso agora?

    Arthur respondeu com um tom dissimulado, tentando evitar que o garoto local percebesse:

    — Se esse garoto fizer algo contra nós, eu enfio essa adaga no bucho dele.

    Ao entrarem na sala, notaram que ela estava mergulhada em uma atmosfera sombria e gélida. Havia apenas dois enormes sofás de couro e uma antiga televisão que claramente já não funcionava mais.

    — Aqui é o banheiro — informou o garoto de repente —, caso precisem.

    Tainé, já se movendo com impaciência e fazendo barulho no chão de madeira, avançou na direção dos meninos:

    — ÓTIMO! Vou tomar um banho imediatamente, não aguento mais ficar fedida. — Contudo, Tainé parou abruptamente antes de abrir a porta do banheiro, — Seu pai mora aqui? Desculpe, ao menos você tem pai? — Ela questionou, causando um desconforto geral no ambiente.

    Ellis chamou a atenção de Tainé com um olhar repreensivo: — Tainé...

    Tainé retribuiu dando de ombros.

    — Quê foi? Vai que ele entra no banheiro, acha que sou a esposa dele e quer me ver tomando banho? Isso é ridículo.

    — Meu pai fica... eu não sei. Não o vejo com frequência. — O garoto sussurrou com voz lenta, como se fosse um segredo. Arthur, em tom de brincadeira sussurrou para Nadya.

━ Infortunia (Essa história n̶ã̶o̶ é de terror)Onde histórias criam vida. Descubra agora