━ Infortunia (Essa história n̶ã̶o̶ é de terror)

➤ CAPÍTULO 03 •

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• CAPÍTULO 03 •
A Caverna

[02, Novembro de 1990]

    Nadya lentamente despertou, seus olhos negros como a noite se abriram. Ela estava deitada sobre o piso de pedra áspera, e, enquanto sua visão se aclimatava, a jovem se ergueu com cuidado. Com um gesto, afastou uma mecha de cabelo castanho sem definição que caía sobre o rosto. A confusão era evidente em seus olhos enquanto examinava seu entorno, encontrando apenas um corredor escuro e gelado, com paredes de pedra e o chão coberto de terra onde havia repousado. Ela estava, aparentemente, dentro de uma caverna misteriosa.

    A inquietação tomou conta de Nadya, pois não havia sinal algum de seus amigos na proximidade. No entanto, a sorte sorriu para ela, já que sua mochila estava posicionada a alguns passos de distância. Mesmo com a escuridão dominando o ambiente, ela conseguiu localizá-la e, com as mãos trêmulas, apanhou-a.

     Ao abrir a mochila, fez uma minuciosa verificação de seu conteúdo, constatando que tudo parecia intacto. Seu diário, lanternas, walkie-talkies, fones de ouvido e outros pertences pessoais permaneciam em seu devido lugar.

    Com um suspiro de alívio, fechou cuidadosamente a mochila e a jogou sobre os ombros. Seus pensamentos agora se voltavam para a difícil decisão de escolher o caminho a seguir dentro da caverna escura. Nadya ponderou sobre qual direção tomar na esperança de encontrar seus três amigos desaparecidos.

   Nadya suspirou profundamente, consciente de que já haviam levado cerca de um dia para encontrar Keith, Arthur e Wendy juntos, apenas para se ver na situação de ter que procurá-los novamente, agora, sozinha naquela caverna sombria.

    Sem perder tempo, ela iniciou sua jornada pela estreita passagem da caverna, tomando cuidado para evitar as pedras que pontilhavam o caminho. A escuridão era absoluta, tornando quase impossível discernir qualquer detalhe.

    Nadya continuou a descer pela caverna, seu coração batendo forte no peito enquanto a incerteza dominava seus pensamentos. Parecia que não havia sinal de seus amigos em lugar algum. No entanto, sua busca logo a conduziu a uma descoberta intrigante: uma grade de ferro bloqueava o caminho à sua frente, revelando uma sala misteriosa além dela.

    Com cautela, ela se aproximou da grade, examinando a área com agilidade, e logo notou uma figura deitada no chão, inconsciente. Seu coração deu um salto de esperança, pois reconheceu a possibilidade de ter encontrado um de seus amigos. Nadya concentrou-se em identificar a pessoa com mais detalhes.

    — Arthur! Acorda, Arthur! — O chamado de Nadya reverberou pelos confins da caverna. Determinada, a jovem tentou remover a grade de ferro que bloqueava o caminho à frente. Com surpreendente facilidade, ela conseguiu retirá-la, colocando-a cuidadosamente no chão. Com coragem, Nadya se abaixou e se arrastou pelo chão íngreme, agarrando Arthur e começando a puxá-lo com esforço.

    O garoto, ainda sonolento e desorientado, deu um pequeno sobressalto quando despertou. Seus olhos rapidamente percorreram o ambiente, e ao avistar Nadya esforçando-se para resgatá-lo, um sentimento de alívio tomou conta dele. Juntos, com determinação mútua, conseguiram sair da claustrofóbica sala que os aprisionara.

    — Você está se sentindo bem? — Nadya indagou, erguendo-se e oferecendo ajuda a Arthur.

    — Estou... — Ele levou a mão à cabeça, demonstrando confusão. — Como você está? E onde estamos? Onde estão os outros? — Seus olhos vagaram pela caverna escura, e ambos se esforçaram para manter suas vozes em sussurros, conscientes de que qualquer som ecoaria por todo o recinto subterrâneo.