➤ CAPÍTULO 06 •

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• CAPÍTULO 06 •
Memórias

    ❝Eu me encontrava presa em um pesadelo interminável, como se estivesse aprisionada em um ciclo de terror que persistia mesmo quando eu tentava acordar. Era uma experiência profundamente traumática, e a sensação de segurança e confiança que antes tinha em minha vida havia desaparecido. Cheguei a um ponto em que duvidava até mesmo da realidade de meus amigos, temendo que eles fossem apenas uma ilusão em minha mente.

    Quando fechava os olhos, o que ecoava em meus ouvidos eram os gritos preocupados de meus amigos, ecoando como um eco persistente. Entretanto, ao mesmo tempo, eu me via imersa em um vazio sombrio e opressivo, onde revivia todos os horrores que havíamos enfrentado. A confusão era esmagadora para nós, quatro jovens que originalmente só queriam desfrutar do Halloween. Olhe só onde nos encontramos, em um internato assombrado por forças malignas...

    Quando eu era criança, jamais temia apagar a luz. Contudo, neste lugar, o medo era uma constante e a escuridão, algo a ser temido. A mera ideia de viver em meio a tudo o que vivemos aqui já é assustadora por si só. E, depois de tudo o que eu e meus amigos passamos, a descrição de nosso desespero ultrapassa qualquer tentativa de expressão...❞ ~ N.

[06, Novembro de 1990]

     Naquela mesma madrugada, no refeitório, uma única figura desafiava as regras de não sair durante a noite. Com cabelos ruivos, olhos azuis e uma pele clara adornada por sardas, ela se encontrava ocupada preparando um lanche composto por pão, ovos e alface.

    Ellis, incapaz de encontrar o sono, diferentemente de Tainé, que repousava profundamente, mantinha a luz da cozinha acesa. Ela permanecia de pé, apoiada na mesa, saboreando o sanduíche em uma das mãos, enquanto a outra segurava um livro de poesias.

    O internato estava envolto em um silêncio absoluto, e Ellis, familiarizada com cada canto e habitante do local, tinha a certeza de que nenhuma freira ou aluno se aventuraria pelo recinto naquela hora. Ela apreciava seu modesto lanche noturno, imersa na leitura das belas poesias que o livro continha.

    ❝Na escuridão profunda, o medo a me cercar,
    Sobrevivência é a chama que insisto em acender,
    Pois a solidão me ameaça, o vazio a me buscar,
    Nesse mundo de terror, sem saber o que vou ver.

    No suspense da noite, o mistério se revela,
    Sombras dançam, segredos nas entrelinhas,
    Caminho incerto, a mente confusa, aturdida,
    Lutando para sobreviver, onde a escuridão domina.

    A cada passo, passos desconhecidos me perseguem,
    No labirinto do desconhecido, me encontro a vagar,
    Mas é na força interior que encontro meu escudo,
    No coração, a esperança, a luz que há de brilhar.

    O medo não me deterá, a solidão não me quebrará,
    Nesse suspense sombrio, a coragem há de vencer,
    Pois a sobrevivência é a força que em mim habitará,
    E no mistério da noite, a minha história escreverei.❞

    A escuridão abruptamente se abateu, por uma duração de meros quatro segundos, acompanhada de um estrondo ensurdecedor. O incidente pegou Ellis de surpresa, levando-a a lançar um olhar incerto na direção da luz que desaparecera e a examinar o ambiente ao seu redor.

    Percebendo que algo estava fora do lugar, ela decidiu colocar o seu sanduíche no prato e fechar o livro de poesias que a absorvia. Com determinação, Ellis saiu do refeitório e empreendeu uma busca pelo motivo por trás do breve blecaute.

━ Infortunia (Essa história n̶ã̶o̶ é de terror)Onde histórias criam vida. Descubra agora