21 REENCONTRO

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Estava em um campo de batalha vazio. A terra revolvida com pegadas recentes, armas brasões e escudos abandonados. O príncipe ainda estava atônito com as visões e repensava em tudo que aconteceu. Volker estava deitado na forma de dragão também pensando, não conseguia se perdoar por ter perdido o controle novamente.

As escamas de suas patas arranhadas pelas laminas dos berserkers. As escamas de seu peito e asas cobertas por uma fuligem negra das bolas de fogo e raios.

— Quase fiquei preso aqui... Quase morri consumido pela maldição... Por que ele conseguiu manter o controle? Um humano... Quando eu, um dragão, sucumbi?... — torturado por esse pensamento Volker se levantou e caminhou até Abel.

Dragão e príncipe se encararam frente a frente. Abel quebrou o silêncio.

— Conseguimos... Se n...

— Você conseguiu, não eu! Arrr... — Volker não conseguia se perdoar, sentia-se fraco, superado e pior, não tinha honrado a proteção que seu pai lhe dera.

— Está errado... Sozinho não teria chance contra os exércitos, nem avançado até esse ponto, você me protegeu dos necromantes e atraiu os inimigos para si deixando o campo livre assim eu pude encontrar a pedra. Sem sua ajuda eu nem conseguirei chegar até Sonia a tempo... Tio... Eu vou ser pai... Mas precisamos impedi-la ou ela vai perder o bebê! — os olhos do dragão arregalaram, parecendo meio perdido com a informação repentina — Então vamos! — ele estendeu a pata, Abel saltou e levantaram voo.

— Sonia está doente?

— Não, é um jejum se ela continuar vai perdê-lo.

— Como soube que ela está gravida? 

— A espada! Esquecemos a espada! — Volker não sabia que reação ter: impaciência, calma, confortá-lo, aflição?

O príncipe já se curvava olhando para trás onde esquecera a espada. Quando uma coisa brilhante veio no ar em sua direção.

— A espada! — ele a agarrou no ar — Ela veio até mim! — disse maravilhado.

— Igual àquela vez que ela me abandonou no ninho — ressentiu Volker.

O príncipe lembrou como ela caiu do céu protegendo ele durante a primeira batalha.

~ ~ ~

Eles passaram voando pelo acampamento. Não pararam, a pressa era tanta que Abel gritou que tudo havia sido resolvido, para que eles retornassem. Foi tão rápido que Ian saiu correndo da barraca, mas só teve tempo de vê-los sumir no horizonte.

Ele aliviado e os soldados comemorando a vitória sem batalha. Sãs e salvos retornariam para casa.

 ~ ~ ~

No final da tarde os moradores de Durhan viram a sombra do dragão passar e um vento forte sacudir as ruas. Volker seguiu veloz com um rasante sobre Monthbell. O pouso na entrada foi recepcionado por vários criados e soldados.

Mas Abel estava muito tenso, não lhes deu atenção. Saltado das garras do dragão gritou aflito:

— Sonia!? Onde esta Sonia!?

— No quarto alteza! Ela teve um desmaio! — disse o criado e os olhos de tio e sobrinho saltaram.

— Um desmaaaaa...

O dragão agarrou-o e voou rápido para a janela do quarto.

Volker assumiu a forma humana e ambos entraram correndo até a cama. Sonia estava desacordada e duas criadas que velavam seu leito recuaram de susto com a invasão. Abel foi logo segurando à mão de sua amada chamando-a com ar preocupado.

— O médico está vindo alteza... 

— Talvez tenha sido o jejum... — disseram as criadas. Mas Abel ficou mais preocupado.

— Ela não podia esta fazendo jejum! O bebê, será que está bem? — o príncipe encarou o ventre dela com as sobrancelhas curvadas em tristeza. As criadas levaram à mão a boca sussurrando não saberem que ela estava gravida.

— Volker eles estão bem?

O dragão que só ficou parado analisando com os olhos respondeu aflito.

— Não tem como saber!

— Por favor, faça alguma coisa?

— Fazer o que? Não existe magia para curar a fome! Ela tem que comer!

As criadas correram para trazer uma refeição.

Abel sentou-se na cama e acariciou o rosto de Sonia. A forma humana ficou pensativa encarando-a.

— Talvez possa fazer algo... — assim esticou a mão para tocá-la, mas logo se curvou com dor no peito. Abel se virou para ele.

— O que foi?...

— Arrr! A ordem de não tocá-la! Retire agora!

— Eu retiro! Por favor, ajude...

Com a luz da magia Sonia abriu os olhos, mas eles não perceberam estava atentos ao ventre dela. Volker logo declarou que o bebê estava bem. A princesa recém-desperta e, portanto, atordoada quis saber o que estava acontecendo.

— Be-bê? Q-que bebê.

Ouvindo aquela voz Abel suspirou aliviado e voltou-se para ela acariciando seu rosto.

— Nosso bebê Sonia. Nosso filho está bem.

— Abel? Não estou sonhando? Já esta de volta?

As servas entraram sem bater, trazendo sopa, frutas, pães e doces. O príncipe nem notou, seus sentidos estavam em uma só pessoa e sua voz soou embargada de felicidade.

— Sou eu minha queria. Voltei para você e nosso filho.

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