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"Agora tudo era diferente, eu era diferente e deveria aceitar, mas, ainda precisava de uma explicação, talvez, ajuda."


Segunda, 31 de julho de 1944


- Vamos Antônio, vamos Laura, acabaram as férias, levantem!

Como era de costume, Antônio obedece de pronto e logo levanta, já Laura.

- Laura...

- Hm... - a menina ainda se encontrava embaixo dos lençóis, sem sinal de que levantaria. Catarina então, vai até ela e puxa as cobertas - Mãe!

- Levantando!

Posteriormente na cozinha, Antônio tomava seu café quando Laura aparece na cozinha, fazendo-o rir ao vê-la.

- Arri! - diz Neca.

- O que é isso? 

- Não é nada demais! - disse estando vestida com o uniforme da escola, porém, de óculos escuros, chapéu e um casaco.

- Pra que essa fantasia? - pergunta Neca.

- Não é fantasia!

- Tira isso - ele diz.

- Não posso! - conclui baixo: - Minha pele vai arder.

- Tá, então fica só com o chapéu, tira esses óculos e... O casaco se não quiser ficar morrendo - ela o ouve e assim faz - Quanto a pele, você pode pegar um dos cremes da mamãe - ele sai indo até o quarto dos pais, verifica se não tinha ninguém, vai nas coisas da mãe e pega o creme, de volta a cozinha, entrega a irmã.

- Só espero que resolva - ela pega e o passa.

- Se a mãe d'ôces souber...

- Ela não vai saber - o menino diz.

- Os três já estão prontos? -  Catarina grita, do lado de fora da casa.

- A mamãe tá vindo! 

Rapidamente ele pega o produto e corre pra devolve-lo ao seu devido lugar, antes que ela chegasse.

- Esse desespero todo é por causa da mamãe? - surge Júlio tentando entender a correria do irmão com quem havia esbarrado no caminho.

- Pronto! - havia ido e voltado em menos de 1 segundo.

- Júlio, você ainda não tomou café!? - revira os olhos - Pegue uma fruta e vamos, já estamos muito atrasados.

Os quatro se dirigem para fora, entram no carro e seguem rumo a cidade, sem demora.

*****

- Tchau mãe! - Júlio se despede descendo do veículo.

- Tchau filho, boa aula!

- Tchau mãe - Antônio desce em seguida.

- Tchau Laura.

- Tchau mãe...

Catarina segue seu caminho, se distanciando gradativamente até desaparecer do seu campo de visão. Encaminhando-se para entrar no prédio, a rua ao seu redor estava movimentada, várias pessoas passavam indo e vindo, entretanto, ao ouvir alguém chama-la, todos somem, não havia mais ninguém ali, além dela e de outro ser.

Herança de sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora