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"O que eu fiz, o que tudo isso está causando, riscos, perigos, medo, onde tudo isso vai dar?"

Terça, 1 de agosto de 1944

Antônio passou o dia evitando Laura, simplesmente não podia deixar de falar, pois, além de morarem juntos, também estudavam na mesma escola, portanto, era impossível ignorá-la, uma hora ou outra teria que falar algo.

- Oi Laura... - um rapaz se aproxima dela que estava sozinha em um banco mais afastado dos demais, num canto pouco movimentado.

- Ah, oi Inácio.

- Percebi que você e o Antônio estão um pouco afastados, o que aconteceu?

- A verdade é que nem eu sei, do nada ele começou a agir assim comigo sem razão alguma.

- Você não fez nada que o deixou assim?

- Eu? Não, nada!... Mas o que é isso? Então quer dizer que eu sou a culpada agora!?

- Não... N-não foi isso que eu quis dizer...

- Ele é seu  amigo, era com ele que devia tá conversando não comigo, ah sai! Sai daqui!

- Mas Laura...

- Sai daqui! - sem nada pra jogar, sem nenhum vaso por perto, ela joga uma pedrinha que estava no chão, fazendo-o ir.

- Amiga, calma... - aparece Elisa.

- Ele me tira do sério - disse meio chorosa.

- Certo, mas não precisa disso.

- Acredita que ele veio me acusar pelo o Antônio tá de mal comigo?

- Acredito, mas, acho que ele não quis dizer isso.

- Deu pra defender ele agora?

- Não, não, não estou defendendo... Mas você hoje em? - a garota se referia aos dramas e não me toques da amiga.

- Desculpa, odeio quando estou assim, mas é que essa história toda tá mexendo comigo.

- Eu sei amiga... Você e o Antônio vivem brigando, mas são praticamente inseparáveis.

- Literalmente né, porque até pra nascer... 

Elas riem.

- Tenho certeza de que vocês vão se acertar.

- Eu espero. 

*****

Ao fim do horário, Petruchio foi buscá-los.

- Pai? Cadê a mamãe? - pergunta Antônio.

- Ah, a sua mãe ficou em casa resolvendo algumas coisas do trabalho dela.

Catarina trabalhava como redatora na revista feminina. Após as discussões com Serafim e tudo que aconteceu em seguida como o seu casamento e o nascimento dos gêmeos, decidiu dar um tempo na escrita dos artigos e se dedicar ao cuidado com os filhos, assim foi por pelo menos sete anos, quando as crianças já estavam um pouco crescidas e seu caçula tinha quase dois anos, resolveu retornar ao encontrá-lo por acaso.

Herança de sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora